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Caos anunciado?
Mudanças, por conta das Olimpíadas, começam a valer a partir desta segunda (18) e devem complicar ainda mais o trânsito no Rio, especialmente no Fundão
Ilustrações: Divulgação/CET-Rio
Dirigir no trânsito no Rio não é fácil e deve ficar ainda pior a partir desta segunda. Professores, técnicos e estudantes da UFRJ devem ficar atentos às mudanças que vão impactar o cotidiano da capital, por conta das Olimpíadas. Especialmente aqueles que frequentam o campus da Cidade Universitária. O Fundão será transformado em passagem dos atletas e autoridades olímpicas no caminho de ida e volta do Aeroporto Internacional.
A partir deste dia 18, a CET- Rio vai interditar a Ponte do Saber, entre 6h e 15h. Somente as linhas regulares de ônibus poderão passar na via. A ideia da Prefeitura era fechar completamente o caminho, mas, a pedido da UFRJ, há a exceção para os coletivos públicos. Nem mesmo ônibus fretados poderão seguir por ali.
No sentido inverso, também para diminuir o fluxo de veículos na ilha do Fundão, o Acesso 3 — a partir da Linha Amarela e da Linha Vermelha —, terá um sistema de fiscalização eletrônica que vai restringir o tráfego, em dias úteis, entre 15h e 21h, para o uso das delegações e autoridades olímpicas ou para quem tem como destino a universidade ou empresas do campus.
Câmeras especiais vão ler as placas dos veículos tanto nos acessos de entrada quanto de saída do campus, multando aqueles que cruzarem a Ilha do Fundão abaixo do tempo médio estimado para o fluxo de veículos naquele período. Pela lógica, integrantes da comunidade acadêmica e das empresas sediadas na Cidade Universitária permanecerão no campus por um tempo acima do predeterminado.

Faixas exclusivas
Faixas exclusivas foram pintadas no asfalto da Cidade Universitária indicando o caminho para as delegações e autoridades que participarão dos Jogos Olímpicos. No campus, há dois tipos: a compartilhada e a prioritária. A "faixa compartilhada", toda tracejada, é liberada ao tráfego em geral, mas nela é proibido o estacionamento. Em outros pontos, as linhas contínuas pintadas de verde no asfalto indicam a "faixa prioritária" (destinada à família olímpica, aos ônibus e aos táxis). Na Ilha do Fundão, não há a "faixa dedicada" (só para veículos autorizados). A multa para quem trafegar irregularmente nas faixas prioritárias e dedicadas será de R$ 1,5 mil. As restrições de circulação nas vias exclusivas passarão a valer a partir de 31 de julho.
O trecho demarcado na Cidade Universitária passa ao lado da Estação de BRT, depois pela Rua Professor Rodolpho Paulo Rocco (em frente ao Hospital Universitário Clementino Fraga Filho), Avenida Carlos Chagas Filho, Avenida Horácio Macedo, Rua Maria Paulina de Souza (indo sentido Barra) e Rua Lobo Carneiro. No sentido Aeroporto Internacional Antônio Carlos Jobim, a demarcação passa pela Rua Milton Santos e contorna a praça Giulio Massarani.
Restrição aos veículos de carga
Diretores e superintendentes administrativos das unidades precisam se preocupar, ainda, com o abastecimento de materiais e alimentos das unidades acadêmicas. Também a partir desta segunda (18) até o dia 18 de setembro, veículos de carga estarão proibidos de circular dentro de perímetros determinados pela CET-Rio. Na Linha Amarela, o horário de restrição é das 6h às 11h e das 17h às 21h. Na Linha Vermelha, 24 horas por dia. Já no Centro/Zona Sul, a restrição é das 6h às 21h e somente veículos urbanos de carga (com largura máxima de 2,70m e comprimento máximo de 7,20m) poderão circular das 11h às 17h.
Linha Amarela
Quem utiliza a Linha Amarela para chegar ao Fundão terá dor de cabeça extra entre 25 de julho e 22 de agosto. Neste período, a faixa reversível da manhã deixa de funcionar e alguns acessos serão bloqueados, de 6h às 10h. Moradores do Méier e arredores serão bastante prejudicados.


Perigo na rota alternativa
Durante palestra do Diretor de Operações da CET-Rio, Joaquim Dinis, no último dia 14, integrantes da comunidade acadêmica manifestaram algumas preocupações.
A saída alternativa para a Linha Vermelha, próxima à Estação do BRT Fundão, foi apontada como um local perigoso, com assaltos e sequestros-relâmpagos. Com o bloqueio da Ponte do Saber, o caminho será bastante utilizado e o representante da CET-Rio foi questionado sobre o policiamento naquela região. “As Forças Armadas vão fazer a segurança das faixas olímpicas. Por ser uma área próxima, creio que inibe este tipo de ação. Aqui deverá ser responsabilidade da Aeronáutica”, observou.
Quem quiser mais informações deve consultar o site: http://www.cidadeolimpica.com.br/servicos/mobilidade.
Assembleia será transmitida pela internet
A próxima Assembleia da Adufrj, nesta terça (26), às 12h30, poderá ser acompanhada pela internet em http://grupozoe.com.br/adufrj/
A transmissão ocorrerá, também, pela Fanpage da Seção Sindical no Facebook e no site www.adufrj.org.br.
A assembleia vai discutir a mobilização contra a Proposta de Emenda Constitucional nº 241. A medida foi encaminhada ao Congresso pelo governo interino e institui um teto para os gastos públicos pelos próximos 20 anos. Se aprovada, será devastadora para a Educação Pública.
A reunião será realizada simultaneamente na Sala A327, Bloco A, 3º andar, do Centro de Tecnologia; e no Salão Nobre do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais. Tecnologia de videoconferência vai ligar os dois locais.
A Adufrj distribuiu, nos últimos dias, um boletim especial sobre a PEC nº 241, que pode ser lido em: goo.gl/rI151O
Mais informações a respeito do tema também podem ser conferidas no blog recém-criado pela Seção Sindical
em www.adufrj.org.br/tireamao/
Reitoria diz que dinheiro termina em agosto
Silvana Sá
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A UFRJ não tem dinheiro para honrar seus compromissos até o fim do ano. A informação foi dada pelo pró-reitor de Planejamento, Desenvolvimento e Finanças, Roberto Gambine. De acordo com ele, as bolsas seriam pagas até setembro (referentes a agosto); os contratos de serviços, até este mês de julho. Já a conta de luz foi quitada apenas até o mês de março. “Não temos dinheiro para pagar de abril em diante”, revelou.
Nesta semana, ele e o reitor Roberto Leher estiveram no Ministério da Educação para negociar um aporte de recursos extras, além da liberação dos percentuais contingenciados pelo governo. São 20% dos recursos de custeio (R$ 56 milhões) e 60% de investimento (R$ 48 milhões). “Apresentamos todo o quadro, mas saímos de lá sem respostas”, disse o reitor.
A crise financeira não é nova. Entre 2014 e 2015, a UFRJ acumulou R$ 120 milhões em dívidas por conta dos cortes no orçamento e do aumento de energia elétrica, segundo Gambine. Neste ano, de acordo com o pró-reitor, a universidade quitou R$ 79 milhões. “Tínhamos uma previsão de orçamento na ordem de R$ 507 milhões, mas o Projeto de Lei Orçamentária Anual foi aprovado com valor de R$ 453 milhões. Um déficit de R$ 54 milhões”, disse.
Contratos sendo revisados
Desde o fim de 2015, a administração central vem fazendo levantamento de todos os contratos vigentes na universidade. Ivan Carmo, pró-reitor de Gestão e Governança, alegou que a medida é necessária para atualização de valores pagos e revisão de cláusulas contratuais. Os contratos referentes ao Parque Tecnológico estão de fora dessa revisão porque são recentes e estão atualizados.
“Nosso foco são os contratos mais antigos, que estão com valores muito defasados. Há instalações que nos repassam valores menores do que os seus gastos com a luz. Alguns são tão antigos e precários que não estabelecem nenhum tipo de obrigação”, disse. “Há grandes empresas copiadoras, grandes restaurantes, além da Petrobras e Eletrobras que pagam cerca de 1/3 do que deveriam”.
No Consuni, adiada discussão do orçamento
Não houve a sessão do Conselho Universitário, no dia 14, para tratar do orçamento da UFRJ. A justificativa da reitoria foi a falta de tempo para consolidar algumas informações. O detalhe é que a reunião com este único ponto de pauta havia sido anunciada há mais de um mês, em 9 de junho.
Os conselheiros reuniram-se para deliberar sobre apenas dois itens: um processo individual relacionado a concurso; e a adesão da UFRJ ao mestrado profissional em rede nacional em Propriedade Intelectual e Transferência de Tecnologia para Núcleos de Inovação Tecnológica.
Bruno Souza, representante dos Adjuntos do CCMN, criticou o adiamento do tema sem prévio aviso aos conselheiros: “Eu gostaria de um esclarecimento satisfatório sobre as razões de não discutirmos o orçamento hoje. Eu me preparei para este debate”.
“Não tivemos tempo de consolidar os dados e fundamentar os indicadores para apresentarmos a situação orçamentária, por conta dos últimos acontecimentos na universidade. Mas a equipe está totalmente voltada para finalizar esses estudos”, disse o reitor Roberto Leher. Ele anunciou que a análise do orçamento será feita na próxima sessão, prevista para o dia 28 de julho. Em protesto, o professor Bruno Souza retirou-se da reunião.
Cotas na pós
O Conselho de Ensino Para Graduados (CEPG) constituiu uma comissão para debater e fazer propostas para implantação de ações afirmativas na pós-graduação. Hoje, alguns programas, como o de Antropologia Social e História Comparada já possuem cotas para acesso de seus estudantes. A reivindicação é da Associação de Pós-Graduandos.
Mais iluminação
A reitoria informou durante o Conselho universitário que já estão em curso medidas para aumentar os pontos de iluminação no Fundão. O reforço será realizado nas áreas próximas ao CCMN, CT, Faculdade de Letras, Reitoria, Escola de Educação Física e Alojamento.
Novas eleições para técnicos
Depois de estudantes e do Sintufrj mais uma vez reclamarem da ausência da representação de servidores técnico-administrativos, a reitoria anunciou que será realizado outro processo eleitoral para os colegiados. No próximo dia 17, o Sintufrj deve apresentar para a administração central as demandas a serem consideradas nas novas eleições. Há um ano, este segmento não tem conselheiros nas instâncias superiores da universidade.
Leia mais: Reitoria da UFRJ diz que dinheiro termina em agosto
Proposta do governo asfixia a educação e a saúde públicas
Projeto tira a capacidade de investimento do Estado em áreas sociais, impõe arrocho salarial e atende ao ajuste fiscal desejado pelos empresários. Confira boletim especial da Adufrj sobre o assunto (clique na imagem abaixo).
Saiba mais em www.adufrj.org.br/tireamao/
Leia mais: Boletim especial: choque fiscal asfixia a educação pública
Escola sem Partido ou Lei da Mordaça?
Frente Nacional é lançada no IFCS contra projeto que limita papel dos educadores na formação dos alunos
Tatiana Lima
Fotos: Claudia Ferreira
“Sou professora da periferia da Zona Oeste há 28 anos. É um lugar excluído da cidade, onde não há hospitais, saúde, praças, nada. Se meus alunos não puderem debater essas questões no espaço da escola, onde mais eles vão?”, questiona Rosilene Almeida, diretora do Sindicato dos Profissionais da Educação do Rio. A preocupação dela é com o programa “Escola Sem Partido” que, sob o pretexto de pregar o fim do que nomeia de “doutrinação ideológica” nas salas de aula, cria uma espécie de “Lei da Mordaça” para os educadores. Rosilene foi uma das centenas de pessoas que compareceram ao lançamento da Frente Nacional contra o projeto Escola Sem Partido, dia 13 de julho, no IFCS.
Rosilene Almeida, professora na Zona Oeste
Tatiana Roque, presidente da Adufrj, também participou da atividade. Ela enfatizou que, para além do ataque à liberdade de expressão, o “Escola Sem Partido” é uma disputa de narrativa sobre o papel da educação: “O Escola Sem Partido traz uma concepção de educação na qual o papel do ensino sobre questões éticas e politicas deve ser da família. Logo se esvazia a escola de seu papel social, de refletir e construir uma sociedade mais justa”, analisou. “E nosso papel é dialogar com a sociedade para mostrar que esse modelo de educação é melhor para todos”, completou.
Estudante do 3º ano do ensino médio do Colégio Pedro II, da unidade do Centro, Teresa Mourão, disse apoiar a Frente Nacional Contra o Projeto Escola Sem Partido, porque afeta diretamente os estudantes. “Ninguém chama um médico para consertar uma geladeira. Quem sabe de educação são os professores. Não dá agora para pessoas que não são da área de educação quererem cercear os professores em sala de aula”, protestou.
Roberto Leher, reitor da UFRJ, participou do lançamento da Frente. Ele ressaltou que, se antes o Escola Sem Partido era considerado um motivo de piadas, atualmente, tornou-se motivo de preocupação devido à efetividade da adesão ao projeto. “Encontramos uma receptividade no seio deste governo que é desprovido de legalidade e legitimidade. O Ministério da Educação não só chamou os ‘Revoltados Online’ e aquele famoso ator para conversar sobre educação, como também nomeou Adolfo Sachsida como assessor”.
O reitor Roberto Leher participou da atividade
Economista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Sachsida havia sido nomeado em 11 de julho como assessor especial do ministro da Educação, Mendonça Filho. Porém, horas depois, o cargo foi cancelado antes que tomasse posse, conforme informação publicada no Diário Oficial, em 12 de julho. Ele defende abertamente nas redes sociais o projeto Escola sem Partido.
O professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Gaudêncio Frigotto, que compôs a mesa de lançamento da Frente, ressaltou que o lançamento da “Frente Nacional contra o projeto Escola Sem Partido” é um ato histórico de unidade dentro da pluralidade do pensamento de esquerda.
Segundo ele, a gênese da Escola Sem Partido está presente na sociedade desde 2013. Consuma-se na institucionalidade democrática e avança agilmente dentro do golpe. Por isso, não se pode avaliar que projeto é uma bobagem. “Ele já está presente na sociedade pela persuasão que se liga à família com a visão mais conservadora e retrógada. Liga-se a religião no seu caráter mais violento, da mercantilização de Deus”.
Para ele, o ato da Frente Nacional contra o Escola Sem Partido é fundamental para não permitir que esse PL seja legalizado. “A direita golpista terá não só a persuasão, mas a guilhotina que vai estar na mão de um diretor autoritário. Portanto, sequer vai precisar de uma intervenção no seio da escola. Esse é o panorama mais amplo do que significa esse PL. Essa Lei da Mordaça é pra dizer que a palavra deve ser interditada. A escola pública pode ensinar, nunca educar”, ponderou.
Cibele Lima, da Rede Emancipa, também participou do lançamento da Frente. Segundo ela, apesar de ainda tramitar no Senado Federal, o projeto Escola Sem Partido já possui adesão nas gestões municipais e estaduais de educação de alguns estados. Movimento social de educação popular, composto por cursinhos pré-universitários, seus integrantes foram chamados pela Secretaria de Educação, após denúncia de “doutrinação ideológica”. “Em São Paulo, uma viatura da polícia chegou a aparecer para verificar se estávamos organizando algum tipo de protesto ou promovendo baderna. Também fomos impedidos pela secretária de entrar em escolas estaduais para divulgar o cursinho”, explica. O movimento social “Emancipa” luta pelo direito à universidade, principalmente para os estudantes da escola pública.
Centenas de pessoas prestigiaram o lançamento da Frente, no Salão Nobre do IFCS
O lançamento da Frente Nacional contra o Escola Sem Partido foi encerrado com a participação de artistas do movimento Ocupa Minc-RJ e o grito de estudantes secundaristas e demais presentes: “Sou estudante/Quero pensar/Escola Sem Partido é ditadura militar!”.
Ocupa IFCS
Estudantes da UFRJ que integram o movimento Ocupa IFCS também criticaram o Escola sem Partido: “O Escola sem Partido é a institucionalização do que já acontece nas periferias das cidades no Brasil, onde jovens não têm acesso à educação de qualidade. Lá não há debate sobre gênero”, protestou Rodrigo Silva, estudante de Ciências Sociais.
Os estudantes da UFRJ dos campi do Centro estão recebendo um “lanche reforçado”, segundo Mateus Braga, estudante de Ciências Sociais. O Movimento aguarda a distribuição de 800 quentinhas aos estudantes a partir da semana que vem para terminar a ocupação. No entanto, pensam na continuidade da existência do movimento e ocupação do espaço como uma forma de apropriação da universidade pública.
Diego, Presente!
Na abertura do lançamento da Frente, o estudante Diego Vieira Machado, foi homenageado. Estudante do curso de Letras, ele foi encontrado assassinado nas dependências da UFRJ. Era nortista, gay, negro e pobre. Por um minuto, o Salão Nobre do IFCS fez silêncio.