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WhatsApp Image 2022 08 29 at 10.17.33 1A reitoria da UFRJ acabou com a obrigatoriedade do uso de máscaras nos espaços da universidade. A decisão foi tomada esta semana, depois que o GT Coronavírus publicou, na segunda-feira (22), uma nota recomendando a suspensão do uso obrigatório do item em locais fechados.
Para a reitora da UFRJ, professora Denise Pires de Carvalho, foi o momento oportuno e a maneira correta de tomar a decisão. “Foi um bom momento especialmente pelos motivos técnico-científicos”, disse. A nota do GT considerou a redução sustentada de casos e óbitos por covid-19 e a alta cobertura vacinal para indicar o fim da obrigatoriedade. “Sob ponto de vista acadêmico também foi bom porque nós estamos em recesso. Os estudantes voltam dia 29 e já teremos as respostas para as perguntas que estão surgindo agora como, por exemplo, se um professor com mais de 60 anos pode pedir para a sua turma usar máscara”, explicou Denise.
Desde março, o estado do Rio aboliu a obrigatoriedade do uso de máscaras em lugares fechados. Mas, para a reitora, o caso da UFRJ é diferente. “Uma coisa é liberar em museus, shoppings, que são diferentes de instituição de ensino e hospitais. E nós temos nove unidades hospitalares”, explicou a reitora. “Cada hospital está agindo de uma maneira. O IPPMG, por exemplo, não liberou o uso de máscaras”, contou. Segundo Denise, a UFRJ fez o que fizeram instituições de ensino mundo afora, como as universidades norte-americanas de Harvard e Johns Hopkins, ao prolongar a obrigatoriedade das máscaras.
A professora Ligia Bahia, do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da UFRJ, considerou sensata a decisão do GT, diante do atual cenário da pandemia no Brasil. “Temos uma redução bastante consistente no número de casos e óbitos. E estamos sob um clima um pouco mais favorável em relação a países que têm clima frio”, disse a professora, para quem a decisão veio em boa hora. Na avaliação de Ligia, a decisão do GT não foi tardia, mas adequadamente cautelosa. “Somos uma comunidade muito grande e com ambientes muito diferenciados. Com essa diversidade de espaços, seria muito difícil tomar uma decisão antes”, ponderou.
Mas para Ligia, embora não sejam mais obrigatórias, as máscaras vieram para ficar. “É uma decisão sensata, mas esperamos que nós da UFRJ sejamos sensatos também”, disse Lígia. “Algumas pessoas devem continuar usando máscaras, como quem tem comorbidades ou são mais velhas. Isso não quer dizer que as máscaras estão proibidas”, acrescentou. A professora ainda acha as máscaras devem ser usadas em outros casos. “Quando estivermos com casos respiratórios devemos usar máscaras para não infectar outras pessoas com gripes e resfriados”, avaliou.
A segurança tinha um preço. Muitos professores relataram o incômodo de dar aulas de máscaras. É o caso do professor Felipe Rosa, do Instituto de Física. Para ele, a notícia foi um alívio. “A sociedade já estava abolindo a máscara e a UFRJ preferiu esperar. Mas é importante confiar na avaliação do GT Coronavírus. Isso dá mais segurança para a comunidade universitária”, disse o professor. Ele acredita que sua segurança pode partir de um lugar de privilégio, por ter menos de 60 anos e não ter qualquer outra condição de saúde que possa agravar um eventual quadro de covid-19, mas defendeu a recomendação do GT. “Não ser obrigatória não quer dizer que ela precisa ser abolida. As pessoas que se sentirem mais seguras devem continuar usando máscara. Eu acho que poderíamos usar máscaras em caso de outras doenças respiratórias, como gripes e resfriados”, defendeu.

WhatsApp Image 2022 08 22 at 12.35.33"Meu filho tinha muita luz”. A frase enternecida é de Mausy Schomaker, mãe de Alex Schomaker Bastos, estudante de Biologia da UFRJ assassinado em uma tentativa de assalto próxima ao campus da Praia Vermelha, em 2015. Um grupo de jovens pesquisadores decidiu celebrar a memória do colega batizando uma nova espécie de vaga-lume, um animal que emite luz própria, como Amydetes alexi.

A iniciativa partiu de um grupo de pesquisadores do Laboratório de Entomologia do Departamento de Zoologia do Instituto de Biologia da UFRJ. O animal foi descoberto na região do Parque Estadual da Pedra Branca, na Zona Oeste do Rio. A descoberta foi registrada no fim de julho pelos pesquisadores brasileiros em um artigo na revista Zookeys.

“O meu filho amava a UFRJ e o Colégio de Aplicação. Amava a Ciência. Agora o nome dele está ligado à Ciência e à UFRJ. Ele e o pai [Andrei Bastos, o pai de Alex, faleceu em 2018] devem estar rindo lá em cima”, disse Mausy, que nunca se recuperou da dor pela perda do filho. Ela foi avisada da homenagem antes mesmo da publicação do artigo.

“O Alex acreditava que era preciso lutar pela Educação e pela Ciência. Ia fazer mestrado na área de Educação. Eu tenho uma tristeza imensa de viver em um país em que a Ciência, a Pesquisa e a Educação estejam tão relegadas”, ela acrescentou, criticando a política de cortes promovida pelo governo Bolsonaro. “Se essas áreas fossem tratadas com importância, a violência diminuiria, porque a Educação dá oportunidade para as pessoas serem melhores”, disse a mãe, consternada.

A ideia de homenagear Alex partiu de Stephanie Vaz, amiga do estudante e doutoranda em Ecologia, que também assina o artigo. Ela faz parte do grupo de pesquisa que descobriu a nova espécie de vaga-lume. “Eu fiz dois semestres de faculdade na Unirio e lá eu estudava insetos. Quando me transferi para a UFRJ eu me afastei da área. E foi o Alex que me apoiou a voltar para Entomologia”, contou a Stephanie. “Eu não gostava de Genética, que era a área dele, e ele não gostava de Zoologia, minha área. Nós brincávamos um com o outro com essa diferença”, lembrou.
Embora não fossem do mesmo período, Stephanie e Alex ficaram amigos logo depois que se conheceram, durante uma saída de campo do curso, em 2013. “O Alex era monitor, e me ensinou técnicas importantes naquela ocasião. Ficamos amigos ali mesmo”, contou Stephanie.

A escolha da espécie para homenagear Alex não foi por acaso. A doutoranda contou que já tinha decidido fazer a homenagem desde 2015, e começou a trabalhar com catalogação de novas espécies em 2018. Mas havia dois requisitos que deveriam ser cumpridos para a escolha da espécie certa. “Eu criei dois critérios na minha cabeça: ela tinha que ser do Rio de Janeiro, como o Alex, e tinha que ter bioluminescência (a capacidade de emitir luz própria)”, contou. “Eu vejo por trás disso uma simbologia. O vaga-lume é um ser lindo demais de ver no campo, que está no nosso imaginário afetivo. Prestar essa homenagem para o Alex foi uma honra, porque ele também era especial, e me inspirou a voltar a estudar insetos”.

A IMPORTÂNCIA DOS VAGA-LUMES
O pesquisador Lucas Campello, que faz parte do grupo que identificou e catalogou o Amydetes alexi, é mestrando e estuda Entomologia no programa de Biodiversidade e Biologia Evolutiva do IB, em 2017. Ele explicou que o diferencial da nova espécie é a combinação das suas características com a localidade em que ela foi encontrada. “Boa parte do nosso trabalho é descrever novas espécies e estudar o relacionamento entre as espécies, por isso vamos muito a campo”, explicou Lucas.

O estudo dos vaga-lumes ainda é um campo pouco explorado no Brasil, especialmente por considerar que o país, por suas características ambientais, abriga diversas espécies do inseto. Isso significa que há ainda uma enorme oportunidade de desenvolvimento de novos conhecimentos sobre o animal. “Vaga-lumes podem ser uma nova fronteira do conhecimento, e ajudar a desenvolver outros campos científicos”, explicou Lucas. “Recentemente, estudos sobre bioluminescência de uma espécie de vaga-lume serviram para ajudar a criar um tipo de teste para a detecção de covid-19”, contou o estudante.

Para o professor José Ricardo Mermudes, coordenador do Laboratório de Entomologia do Departamento de Zoologia, é muito gratificante poder ver o desenvolvimento da pesquisa dos alunos. “O grupo de estudos de vaga-lumes hoje tem um panorama muito bacana. Alunos como a Stephanie, o Lucas e o André [Diniz], que também assina o artigo [e descobriu a espécie], ajudam a promover esta linha de pesquisa”, celebrou o professor.

Mas a fronteira para a pesquisa desse tipo de inseto ainda está distante. “A diminuição dos recursos para pesquisas nos últimos quatro ou cinco anos reduziu muito a quantidade de novas espécies descritas. Seria possível descrever cinco, talvez dez novas espécies por ano”, explicou o professor José Ricardo, que fez questão de elogiar os pesquisadores do seu laboratório. “São excelentes coletores, estão sempre fazendo pesquisa de campo”, contou.

WhatsApp Image 2022 08 22 at 12.33.02Um dos serviços mais importantes oferecidos pela AdUFRJ, o atendimento jurídico pode ganhar novas demandas em breve. “Estamos pensando em ampliar a oferta de serviços jurídicos para outro tipo de questão que não seja trabalhista. Por exemplo, se o docente tiver problema com plano de saúde”, afirma o presidente do sindicato, professor João Torres.

“Estamos estudando a mudança. Vários colegas também têm dificuldades com compras relacionadas ao trabalho. Eu mesmo comprei um computador para o meu grupo de pesquisa e não entregaram. Mas não temos suporte jurídico para enfrentar este problema”, diz.

A ideia é potencializar uma parceria que completa 31 anos em 2022. E que precisou crescer, durante a pandemia. “Hoje temos um conjunto de demandas maior que antigamente. A universidade vem alterando as normas sobre progressão e o governo Bolsonaro endureceu as exigências para aposentadoria, com a emenda constitucional nº 103, de 2019”, exemplifica a advogada Ana Luisa Palmisciano.

Tempos tão difíceis levaram à ampliação dos plantões jurídicos mantidos pelo sindicato. Antes da pandemia, os advogados atendiam os professores presencialmente na sede da AdUFRJ, no Centro de Tecnologia, às terças pela manhã, durante quatro horas; e de quinze em quinze dias, às sextas-feiras, por três horas. Com o início do isolamento social, o serviço foi feito por telefone ou e-mail até 28 de abril, quando passou a ser oferecido pela plataforma Zoom. Desde dezembro de 2020, os plantões acontecem todas as terças-feiras, pela manhã, e às quintas-feiras, durante a tarde.

Mesmo com o retorno das atividades aos campi, os plantões continuaram online. “Eles eram presenciais no Fundão, o que não facilitava para todos os professores. O Zoom democratizou o atendimento”, explica Ana Luísa. “Os professores ligam a câmera de dentro dos laboratórios, dos gabinetes, da Praia Vermelha, de Macaé ou de Caxias. Podem estar no exterior também. Atendemos pessoas que estão afastadas por licença, fora do país”, completa.

A agilidade do novo formato se reflete em crescentes números de atendimento: de 291, em 2020, para 586 em 2021. Até esta semana, já são 416 atendimentos em 2022. “Os professores se sentem muito acolhidos. Temos uma grande procura. Os plantões costumam ficar bem cheios”, afirma Ana Luísa. “Mas não temos fila. Vamos encaixando assim que possível nos horários”.

A diretoria também estuda a volta de alguns plantões presenciais para contemplar professores que não se sentem confortáveis ao falar de temas sensíveis à distância. “É importante preservar boas experiências utilizadas na pandemia, como os encontros online. Mas, para tratar de alguns assuntos muito pessoais, alguns docentes podem achar melhor o atendimento presencial”, afirma a vice-presidente da AdUFRJ, professora Mayra Goulart. “Além disso, há colegas com dificuldades para usar essas novas tecnologias”.

CONQUISTAS
Nem sempre, frisa Ana Luísa, uma demanda termina em processo. “Por exemplo, a Comissão Permanente de Pessoal Docente (CPPD) queria barrar as progressões múltiplas — de docentes que haviam acumulado mais de um interstício de 24 meses — em meados de 2019. A AdUFRJ conseguiu, após muitas reuniões com a própria CPPD e com a reitoria, abrir uma “janela” para resolver o problema no início de 2020. “Uma grande parte das pessoas conseguiu fazer”, lembra Ana. Só depois dessa “janela” é que a assessoria precisou ingressar com ações individuais para os que não conseguiram. “Resolvemos muitas coisas administrativamente, que ficam invisíveis, não vão para o jornal. Resolvemos problemas de aposentadoria, ajudando na mediação com a pró-reitoria de Pessoal”.

Mais um exemplo que não precisou parar nos tribunais: a UFRJ é uma das poucas universidades que aplicam resolução, de 2014, para reposicionar docente que venha de outra federal na mesma classe e no mesmo nível em que estava anteriormente. A conquista no Consuni é fruto de diálogo com a AdUFRJ, sob orientação do setor jurídico. Em outras instituições que não oferecem o dispositivo, o docente é reposicionado no início da carreira. “O professor que vem como Associado I continua como Associado I”, exemplifica a assessora.

Entre as conquistas judiciais, Ana Luísa destaca a liberação de recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), quando os professores, então celetistas, migraram para o atual Regime Jurídico Único dos servidores federais, em 1990. Ainda em fase de execução do pagamento, existe a ação dos 3,17% — um reajuste que não foi repassado aos docentes em 1995, na conversão da moeda para o Real. Também houve a liminar que equiparou os ganhos dos aposentados com os ativos em relação à já extinta Gratificação de Estímulo à Docência (GED), em 2004. Os atrasados desta equiparação estão agora em fase de execução individual para 200 professores. “Temos hoje 461 ações em andamento, sendo 200 referentes aos atrasados da GED”, afirma Ana Luísa.

Para dar andamento a este conjunto de ações e permanecer antenado com qualquer mudança legislativa, o escritório Machado Silva & Palmisciano mantém mais de 20 profissionais. Além disso, os 12 advogados do grupo fazem parte do Coletivo Jurídico do Andes e do Coletivo Nacional de Advogados de Servidores Públicos (CNASP). “Fazemos encontros anuais, temos debate grande com a Academia. Temos uma produção acadêmica sobre essa assessoria de serviço público”, explica Ana.

A assessoria jurídica oferece orientação sobre carreira, liberdade de cátedra, questões de aposentadoria e normativas da universidade. Ajuda até mesmo na mediação de eventuais conflitos com alunos e na contagem de tempo anterior ao trabalho na universidade. “Chamo atenção, nos últimos tempos, sobre as questões de insalubridade no local de trabalho”. Interpretações restritivas da legislação e falta de equipamentos e de pessoal no órgão da reitoria responsável pelos laudos impedem que dezenas de docentes recebam os adicionais a que têm direito. “Fizemos um trabalho para mapear os casos. Não conseguimos uma solução geral ainda junto à administração central, mas já conseguimos sentenças favoráveis em ações individuais”.

ELOGIOS
A professora Glória Sydenstricker, aposentada da Faculdade de Letras e sindicalizada da AdUFRJ desde 1979, derrama elogios à assessoria jurídica. “Sou muito grata a eles pela experiência, honestidade, dedicação e atendimento. Qualquer e-mail que eu mando é imediatamente respondido. É nota 100”. Aos 85 anos e mesmo com alguma dificuldade com as novas tecnologias, a docente aprovou a mudança dos plantões jurídicos para o formato online. “Para nos deslocarmos para o Fundão, é difícil. Eu não dirijo mais. Dependeria de alguém para me levar. Acho esse serviço online excelente”.

“São sempre superatenciosos, dedicados ao que fazem. Nunca tive problema com marcação de plantão, atendem com celeridade”, reforça a professora Andrea João, da Escola de Educação Física e Desportos, sindicalizada desde 2005. “Uso o jurídico muito como aconselhamento. Às vezes, precisamos de um olhar mais técnico sobre a legislação. Sempre me dão orientação. Agora mesmo, com a mudança da lei da Previdência, que foi muito confusa, pedi orientação para saber se me encaixo em alguma regra de transição, se já tenho tempo para me aposentar”, completa. A docente também elogia a mudança do formato do plantão. “O atendimento online evita o deslocamento. Ajuda bastante, porque a gente tem um dia a dia atarefado”.

Como agendar horário no plantão jurídico

O atendimento é feito pelo aplicativo Zoom, entre 8h e 11h30, às terças-feiras. Às quintas-feiras, o plantão ocorre a partir de 12h30.
Se você ainda não conhece o aplicativo, acesse www.zoom.com e instale em seu computador ou celular gratuitamente.
Para agendar um horário, envie e-mail para Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. ou mensagem de whatsapp para (21) 99808-0672. Você receberá o link para participar no número informado. No horário marcado, é só clicar no link e entrar na sala de reunião.

WhatsApp Image 2022 08 22 at 12.33.021Foto: Estela MagalhãesPor Estela Magalhães

Dos recifes às florestas, do genoma ao ecossistema e da cabeça aos pés, a 26ª BioSemana da UFRJ trouxe oficinas, debates e palestras sobre as mais diversas áreas da Biologia ao CCS entre os dias 15 e 19. O evento, totalmente organizado por estudantes do curso, teve sua primeira edição presencial desde a pandemia e contou com quase 300 inscrições mesmo durante o recesso da universidade. “É louvável que os alunos estejam animados e organizando eventos como a BioSemana mesmo nesse clima triste da universidade. Não podemos deixar a peteca cair com os ataques e cortes que tentam fazer a UFRJ parar”, disse o professor José Garcia Abreu, diretor do Instituto de Ciências Biomédicas. Ele participou de uma mesa-redonda com o tema “Edições genéticas em humanos: um debate ético”, que discutiu as implicações da edição do genoma humano. “Se uma pessoa nasceu com um gene que representa uma doença, é possível alterar o gene defeituoso. Mas, nas mãos erradas, pode gerar a busca pelo ‘ser humano perfeito’, que tem muitas implicações negativas para a humanidade”, ponderou.

“A gente está no auge da nossa sede por conhecimento, e especialmente durante a graduação precisamos de uma visão muito ampla para saber escolher o que a gente gosta dentro da Biologia”, disse Luiza Anselmini, estudante da comissão organizadora do evento. “A BioSemana permite que a gente veja todas as possibilidades e que se conheça melhor nesse sentido”, completou.WhatsApp Image 2022 08 22 at 12.47.58

A professora Mariana Moncassim Vale, do Instituto de Biologia, participou do evento e teve a oportunidade de ver vários alunos que conheceu nos cursos online. Ela integrou a mesa “A Influência da Indústria Agropecuária na Crise Ambiental”. “A agropecuária é um vetor muito importante de degradação ambiental, com várias consequências para as mudanças climáticas, porque a maior parte das emissões de gás estufa do Brasil vem do desmatamento. É um tema muito importante para quem está cursando Biologia, sobretudo aqueles que têm interesse em conservação ambiental”, explicou.

A mesa também foi composta pelo professor Cesar de Miranda e Lemos, do Instituto de História. Ele destacou a importância do encontro entre diferentes disciplinas que o evento promove. “Dentro da academia vamos sendo encaminhados para áreas cada vez mais específicas, e quando somos convidados para falar fora das nossas caixinhas aprendemos a pensar também nos interesses dos outros”, disse. A estudante Rachel Soutelinho, da comissão organizadora, valoriza a interdisciplinaridade entre os participantes do evento também. “Seria muito legal se estudantes de outros cursos, aqui do CSS e de outros campi, viessem participar da BioSemana. Já temos eventos interdisciplinares com a Geografia e até algumas áreas do CCMN. Pensamos em abranger mais cursos no futuro”, disse.

Além deste evento, os estudantes de Biologia organizaram as Pré-BioSemanas I e II, compostas por minicursos para atender à demanda dos participantes. “A BioSemana é uma queridinha do pessoal da Biologia, tanto que as vagas para os minicursos se esgotavam em cinco minutos. Nossa solução foi criar dois eventos menores, só aos finais de semana, para funcionar como um ‘esquenta’ para o evento principal”, contou Rachel.
Para a comissão organizadora, o sentimento de orgulho e aprendizado é o que prevalece. “Os participantes estão fazendo várias perguntas nas palestras e os minicursos estão bem movimentados. Dá muito orgulho ter participado da organização de um evento dessa importância”, disse o estudante Vinícius Oliveira. “A gente aprende ainda mais do que quem só participa. É muito bom poder ter essa experiência de organização de eventos na graduação”, avalia o estudante Gabriel Carneiro. “A BioSemana é um grande momento de integração entre o corpo discente, é muito importante que os alunos tenham momentos como esse para ver que pertencem a uma comunidade”, completa.

Retorno presencial
Estudantes e professores estão felizes em estar de volta presencialmente na BioSemana pelos blocos, auditórios e salas no CCS, já que as edições do evento de 2020 e 2021 foram totalmente virtuais. “Não engaja tanto no online. As pessoas não vão assistir ao dia inteiro de curso, depois palestra, mesa-redonda e mais curso, é muito chato ficar o dia inteiro olhando para a tela do computador”, disse Luiza Anselmini.

“Era difícil imaginar a BioSemana acontecendo online, porque o contato e a troca de vivências representam a essência do evento. Claro que foi diferente, mas o ambiente virtual trouxe possibilidades de ampliar o evento, tanto que as nossas edições online contaram com a participação de pessoas que estavam fora do Rio, até mesmo fora do Brasil”, disse João Caetano, organizador da BioSemana. Nesta edição, as palestras foram gravadas e serão disponibilizadas online. “Estamos resgatando aspectos positivos do evento online e trazendo para o presencial”, completou.

bandeira adufrjDiretoria da AdUFRJ

Embora separados por mais de cinco séculos, os integrantes da atual diretoria do Andes e os monges hesicastas do Império Bizantino guardam similaridades impressionantes. Duas delas são notáveis: a capacidade de abstração da realidade e a convicção de que o próprio umbigo é o centro do universo.

A postura dos monges hesicastas foi determinante para a queda do Império Bizantino, que viveu seu auge no século XI e mergulhou em declínio a partir do final do século XIV. Sob a iminência de um ataque dos turcos otomanos — que viria a se concretizar, levando à queda de Constantinopla em 1453 —, o império tinha como única tentativa de resistência uma aliança política e militar com o Ocidente, sendo vital para isso uma reunificação da Igreja Bizantina com a Igreja Católica. Indiferentes à realidade, os monges hesicastas foram contrários à aliança. Isolados em seus mosteiros, eles preferiram seguir com a prática da onfaloscopia — a observação do próprio umbigo, enquanto repetiam uma mesma oração. No mundo real, o império ruía.

É também com uma admirável capacidade de abstração da realidade que a diretoria do Andes tem conduzido o sindicato neste crucial momento do país. Com uma genérica posição de “Fora, Bolsonaro”, o sindicato nacional se exime de apoiar a única candidatura com potencial para varrer do Planalto o governo fascista de Jair Bolsonaro: a de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O Andes sequer encaminhou o debate sobre a eleição presidencial para discussão em suas instâncias de decisão. Com requintes de abstração, convocou para 28 de setembro — quatro dias antes do 1º turno — uma reunião de seu GT de Política Agrária, Urbana e Ambiental para debater, entre outros temas, o Plano Nacional de Mineração 2030 e 2050.

Mas, na última reunião do Setor de Instituições Federais de Ensino, nos dias 6 e 7 de agosto, a diretoria do Andes foi voto vencido: ficou decidido que as federais farão assembleias até o final deste mês para debater as eleições. Alvíssaras: foi a primeira vez que o setor aprovou uma decisão contrária à direção nacional. Anote aí na agenda: a assembleia da AdUFRJ será no dia 31. Confira tudo em nossa matéria da página 4.

Enquanto o Andes prefere olhar para o próprio umbigo e repetir velhas orações, 124 ex-dirigentes e reitores não empossados de 54 universidades federais tomaram posição. Eles assinaram um manifesto em defesa da Democracia e em apoio à candidatura do ex-presidente Lula, como detalha nossa matéria da página 3. O documento foi entregue ao próprio candidato no dia 15, em aula aberta na USP. Assinam o manifesto quatro ex-reitores da UFRJ: Alexandre Pinto Cardoso, Nelson Maculan, Carlos Levi da Conceição e Roberto Leher.

A urgência de o movimento docente se engajar na campanha presidencial também foi o mote do debate do programa Contramola, no último dia 10, como mostra a matéria da página 5. As professoras Mayra Goulart, vice-presidente da AdUFRJ, e Elisa Guaraná, presidente da Adur-RJ, falaram sobre a crise nas universidades federais, asfixiadas pelos cortes orçamentários, e a necessidade de um posicionamento firme do Andes para a derrota nas urnas do governo Bolsonaro, com o apoio à candidatura Lula, tirando o sindicato nacional de sua letargia monástica.

Completam esta edição os estudos para a ampliação dos serviços jurídicos da AdUFRJ, na página 6; as atividades da 26ª BioSemana da UFRJ, na página 7; e, na página 8, a bela homenagem a Alex Schomaker Bastos, estudante de Biologia da UFRJ assassinado em 2015: ele agora batiza uma nova espécie de vaga-lume.

Faltam menos de 50 dias para as eleições de outubro. Ainda há tempo para os que praticam a onfaloscopia atentarem para a gravidade do momento. Afinal, não existe só um umbigo no mundo.
Boa leitura!

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