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A diretoria da AdUFRJ promoveu, na manhã do dia 10, no Fórum de Ciência e Cultura, um café da manhã com professores filiados. Na programação, apresentação de serviços do sindicato, como convênios, assessoria jurídica e para plano de saúde, escuta de demandas e informes sobre a Jornada de Mobilização sobre Assuntos de Aposentadoria, promovido pelo Andes.
Aos 95 anos, o professor Adolpho Polillo, reitor da UFRJ entre 1981 e 1985, foi uma das presenças ilustres do evento.
A matéria completa estará na próxima edição do Jornal da AdUFRJ.
Confira alguns registros feitos pelo fotógrafo Fernando Souza.


Professor Adolpho Polilo


Car@ Colega,
Cerca de 70 mil professores de universidades e institutos de todo o Brasil se preparam para escolher a próxima diretoria do Andes. O Sindicato Nacional dos Docentes do Ensino Superior realiza eleições nos dias 10 e 11 de maio. Três chapas estão na disputa. Em todas há professores da UFRJ.
Para conhecer um pouco mais a proposta de cada chapa, as seções sindicais do Rio organizaram uma agenda de debates. O primeiro deles acontece na próxima quarta-feira, dia 12, às 15h. O encontro será no Salão Moniz Aragão, no Palácio Universitário da Praia Vermelha, e vai reunir professores da UFRJ e da UniRio.
Depois, será a vez da UFF receber as chapas, no dia 13, às 17h, no campus do Gragoatá. Em seguida, no dia 14, às 14h, a UERJ realiza o debate no campus Maracanã.
Foto: Antoninho Perri/SEC/UnicampFrancisco ProcópioDe 2002 até março de 2023, 23 escolas brasileiras — 12 estaduais, sete municipais e quatro particulares — foram atacadas por alunos ou ex-alunos. Cinco professoras, 24 estudantes e dois profissionais de educação foram assassinados nas tragédias. Mais de um terço dos ataques (9) ocorreu do segundo semestre de 2022 para cá. Os dados são de uma pesquisa coordenada pela professora Telma Vinha, do Departamento de Psicologia Educacional da Unicamp, e pela mestranda Cleo Garcia.
As pesquisadoras detalharam que o mais jovem dos agressores envolvidos nesses ataques tinha dez anos; o mais velho, 25 (ex-aluno). Doze deles utilizaram armas de fogo. O perfil predominante é de homens brancos, misóginos, com gosto pela violência e apreciadores de armas.
Em entrevista ao Jornal da AdUFRJ, a professora Telma atribui a crescente onda de violência à intensificação do discurso de extrema direita. “Esse discurso social está encorajando de uma maneira direta ou indireta os atos agressivos de violência extrema. É como se estivesse sendo autorizado o uso da violência para resolução dos conflitos”, afirma. Confira a seguir.
O que levou a este crescimento dos ataques às escolas nos últimos anos?
São vários fatores que podem estar contribuindo para o aumento dos ataques violentos nas escolas. Inicialmente, podemos destacar que, nos últimos anos, houve um aumento da cultura de violência, uma ruptura do pacto civilizatório. Esse discurso social está encorajando de uma maneira direta ou indireta os atos agressivos de violência extrema. É como se estivesse sendo autorizado o uso da violência para resolução dos conflitos.
Uma outra característica é que os grupos sociais aos quais pertencem vários adolescentes — de família, dos amigos, das redes sociais — muitas vezes podem valorizar o preconceito, a discriminação, o uso de força.
Além disso, a subcultura extremista que antes existia na deep web, de difícil acesso, agora está cada vez mais na superfície da internet. É muito fácil encontrar perfis no Instagram, Tik Tok ou Twitter que incentivam a violência, a misoginia. Cada vez mais, há comunidades de “gamers” que funcionam como mecanismo de incentivo a conteúdos de extrema direita. Esses meninos discutem, falam dos ataques e idolatram os atiradores que conseguiram causar um número grande de vítimas. Eles potencializam uma tendência que já existe. Se o estudante está chateado com um rompimento, eles falam muito mal das mulheres, aguçam essa tendência, levando cada vez mais à radicalização.
Podemos destacar ainda o período de pandemia em que, devido ao isolamento social, esses meninos ficaram muito tempo conectados. Houve uma ampliação do adoecimento psíquico e um agravamento da situação financeira das famílias.
Como estes discursos agem no psicológico do aluno, incentivando ao crime?
Existe escuta nesses espaços. Eles se sentem acolhidos, valorizados e pertencentes. Todo mundo tem necessidade de validação ou confirmação. Isso é ainda mais presente no ambiente online. Eles querem confirmar suas crenças e a comunidade faz isso.
Os extremistas sabem exatamente como acolher as pessoas em seus pontos mais fracos. Eles se sentem inseridos em uma “família”, mesmo agindo sozinhos. Acreditam que estão fazendo algo maior, em uma missão. Acreditam que fazem parte de um movimento, mesmo que imaginário.
Esse aumento dos ataques era algo previsível pelas autoridades públicas?
Com ampliação das plataformas, das redes sociais e páginas de grupos que disseminam os discursos de ódio e do ambiente em que há a ruptura do pacto civilizatório, era esperado, sim, que houvesse ataques violentos. E que aumentassem os crimes, feminicídios, os crimes de racismo e os ataques à escola.
O que fazer hoje para evitar ou minimizar estes ataques? A presença da polícia nas escolas, proposta pelo governador de São Paulo, poderia ser uma dessas medidas?
Não adianta porque os ataques são planejados. Por exemplo, a escola atacada em 2022 em Barreiras, Bahia, era cívico-militar e isso não impediu a violência.
Uma medida, por exemplo, é não divulgar nenhuma informação sobre os procedimentos utilizados, nem sobre os autores dos ataques, mas somente sobre as vítimas, como é feito na Nova Zelândia. Quando é divulgado, há um efeito de contágio. A maneira como ele é noticiado acaba estimulando outros casos semelhantes. Precisamos também preparar e incorporar à educação escolar as temáticas que envolvem a convivência (presencial e online).
PRINCIPAIS TRAGÉDIAS
Monumento em homenagem às crianças e adolescentes mortos pelo atirador (REALENGO) - Foto: Tânia Rêgo/Agência BrasilREALENGO (RJ)
Em abril de 2011, 13 crianças morreram e 22 ficaram feridas, quando um ex-aluno de 23 anos, armado com dois revólveres, disparou contra os jovens estudantes. O atirador se matou em seguida, antes de ser detido pela polícia.
SUZANO (SP)
Em março de 2019, dois ex-alunos da escola Raul Brasil, em Suzano, na Grande São Paulo, mataram nove pessoas. Depois do massacre, um dos atiradores matou seu colega de crime, e suicidou-se logo depois. Cinco das vítimas eram estudantes e os outros eram funcionários.
JANAÚBA (MG)
Em outubro de 2017, o segurança de uma creche, em Janaúba, no norte de Minas Gerais, ateou fogo na escola, matando dez crianças e três professoras. O criminoso era funcionário da creche há nove anos.