A atuação profissional e política do jornalista Vladimir Herzog e a dimensão de seu assassinato para a construção da resistência democrática contra a ditadura militar no Brasil norteiam os debates do seminário "50 anos por Vladimir Herzog", que acontece neste sábado (1), na Associação Scholem Aleichem (ASA), em Botafogo, Zona Sul do Rio. O evento marca os 50 anos da morte de Vlado, e é organizado pela ASA e pelo Núcleo Interdisciplinar de Estudos Judaicos (NIEJ) da UFRJ, com apoio da AdUFRJ. A presidenta do sindicato, professora Ligia Bahia, participou do seminário.
Ao abrir os trabalhos, o professor Michel Gherman, diretor da AdUFRJ e pesquisador do NIEJ, traçou um paralelo entre o assassinato de Herzog e as mais de 120 mortes provocadas pela operação policial nos complexos do Alemão e da Penha, no último dia 28. “A execução extrajudicial dessas 120 pessoas, 50 anos depois do assassinato de Herzog, nos leva a refletir sobre os limites da violência do Estado brasileiro contra a população desde o período escravocrata”, comentou.
Na mesa de abertura, intitulada “Engajamentos políticos e resistência democrática”, as historiadoras Maria Paula Nascimento Araujo (UFRJ) e Esther Kuperman (Colégio Pedro II) lembraram que a morte de Herzog, em 1975, ocorreu num contexto em que a esquerda brasileira fazia a autocrítica da luta armada e iniciava ações de organização dos movimentos sociais. “Foi um momento de efervescência política, desde a reorganização dos sindicatos até o surgimento da imprensa alternativa e das associações de moradores”, lembrou Maria Paula.
Herzog foi torturado e morto no antigo prédio do Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI), no bairro do Paraíso, em São Paulo, em 25 de outubro de 1975. Em 1978, o juiz Márcio José de Moraes condenou a União pela prisão ilegal, tortura e morte de Herzog. Mas somente em 2009 o Estado brasileiro reconheceu oficialmente que Herzog foi assassinado sob tortura.
Mais informações sobre o seminário estarão na próxima edição do Jornal da AdUFRJ.
Foto: Alessandro Costa




