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O Museu Nacional completa 202 anos olhando para o futuro. A instituição reúne ciência, arte, história e vida em atividades de ensino, pesquisa e extensão há dois séculos. Faz e divulga ciência para públicos de todas as idades. O incêndio de 2018 transformou o Museu em Fênix, que renasce das cinzas e se reinventa para dar conta dos novos tempos. Para marcar o aniversário de uma das mais importantes unidades da UFRJ, em 6 de junho, convidamos o diretor Alexander Kellner para contar, em artigo emocionante, sobre as ações e etapas que envolvem o processo de reconstrução do espaço físico. Este ano, a pandemia não permite festa, mas, a despeito de todas as dificuldades, as notícias são boas e devem ser celebradas. O Museu Nacional vive!

 

09aWEB1131ALEXANDER KELLNER
Diretor do Museu Nacional

 

O Museu Nacional/UFRJ está comemorando 202 anos de existência. Para quem militou na instituição científica mais antiga do país por praticamente toda a carreira e fez dela a sua segunda casa, essa não é uma data fácil. Não apenas pela tragédia, que no próximo dia 02 de setembro completará dois anos, ainda estar muito perto, mas, sobretudo, pelo fato de muitos dos técnicos, professores e alunos ainda não terem um local que possa oferecer condições mínimas de trabalho. Estamos amontoados, compartilhando salas com colegas – que já não tinham muito espaço – que se ofereceram de maneira solidária para abrigar aqueles que tudo perderam. Também cabe a lembrança da difícil situação dos nossos cursos de pós-graduação, em especial o Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social (PPGAS), que foram particularmente prejudicados, correndo, inclusive, o risco de perderem os bons conceitos no sistema de avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoa de Nível Superior (CAPES). Para complicar ainda mais, vivemos essa situação delicada da pandemia que tomou o mundo inteiro como refém.


Como não poderia deixar de ser, estamos atentos às informações das autoridades sanitárias e seguindo as instruções da Reitoria, de isolamento social. Aliás, cabe aqui um importante reconhecimento que várias unidades da universidade, dentro de sua capacidade e possibilidade, têm procurado mitigar os efeitos negativos da COVID-19, visando não apenas o corpo social universitário, mas também a sociedade como um todo. Todos estão de parabéns e nos enchem de orgulho de fazer parte da UFRJ!


Mesmo diante das incontestáveis dificuldades, trago informações com excelentes perspectivas para o Museu Nacional! Inicio com a mais importante: os projetos, tão necessários para a reconstrução, estão em curso. O maior deles, apesar de um atraso considerável, é o dos telhados e da fachada. Existe a expectativa de iniciar as obras ainda este ano, partindo do princípio que a licitação possa ser realizada. O financiamento será feito pela ALERJ, que se comprometeu com 20 milhões para as obras.


Outra linha de frente que temos atuado é o Campus de Pesquisa e Ensino do Museu Nacional/UFRJ. Essa foi a designação recentemente aprovada pela Egrégia Congregação do Museu para denominar um terreno que foi cedido pela Secretaria do Patrimônio da União. Foram várias reuniões até sair a documentação necessária para as obras de cercamento e de infraestrutura. Iniciadas ainda no final do ano passado, tiveram que parar por causa da pandemia. Segundo os responsáveis, existe uma perspectiva de recomeço tão logo que as condições sanitárias sejam favoráveis.


Também estão prosseguindo os projetos da elaboração de estruturas laboratoriais para a parte acadêmica no campus, dos termos de referência relativos a diversos projetos diretamente relacionados ao palácio. Estes incluem ações desde a renovação do site até a contratação de empresas para a elaboração dos projetos arquitetônicos e museográficos. Por falar nas novas exposições, temos a perspectiva de implementar alguma ação ainda nesse ano, com uma mostra a céu aberto nos arredores do Palácio. A ideia é procurar realizar ações para as escolas, procurando voltar, mesmo que em pequena escala, às nossas ações educativas.


Além de todas essas ações, um outro motivo para otimismo, além do comprometimento da UFRJ, são as parcerias realizadas com outros atores que se aproximaram da instituição no intuito de ajudar na sua reconstrução. Entre as diversas que realizaram ações concretas está a UNESCO. Juntamente com técnicos da Alemanha, essa instituição foi a primeira a fornecer ajuda e continua firmemente imbuída no seu propósito de estar do lado do Museu Nacional e da UFRJ até recuperação definitiva da instituição.


Também destacamos o Governo Alemão que, através de suas agências e institutos como o Instituto Goethe, tem liderado ações internacionais que culminaram em uma carta aberta onde 26 museus e instituições científicas alemãs se comprometeram ajudar na recuperação do Museu, inclusive, com a possível doação de exemplares originais. Cabe frisar que a recomposição das coleções é o maior desafio a ser enfrentado. Dentro desse tema, várias instituições nacionais e internacionais se comprometeram em doar exemplares para o Museu, como a Sociedade Brasileira de Zoologia e o Universalmuseum Joanneum da cidade de Graz, Áustria, para citar alguns. Este último doou 197 objetos etnográficos de populações indígenas, algo que nos é muito caro. O Museu, assim que receber esse material, fará contato com representantes das respectivas nações indígenas para decidir, em parceria, qual a forma mais apropriada de lidar com esses objetos culturais nas novas exposições.


Entre os apoiadores também contamos com a Fundação Vale, que se comprometeu não apenas em aportar R$ 50 milhões para o projeto Museu Nacional Vive, mas também em auxiliar na gerência, trazendo toda sua experiência em projetos culturais. Ainda temos o apoio do BNDES, que, entre outros, está liderando o comitê de sustentabilidade do Museu após a sua inauguração. Certamente, os fundos patrimoniais serão objetos de muita discussão.


Por último, destaco o importante apoio da Fundação Universitária José Bonifácio, da Fundação COPPETEC e da Associação Amigos do Museu Nacional (SAMN), parceiros essenciais nesse projeto de reconstrução. Certamente outros parceiros – instituições científicas nacionais e do exterior, empresários e representantes da sociedade civil – se juntarão nesse esforço coletivo. Como dizemos, temos cada vez mais convicção, especialmente nos dias de hoje, que o Brasil precisa do Museu Nacional/UFRJ! 

 

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