facebook 19
twitter 19
andes3
 

filiados

WhatsApp Image 2022 09 26 at 14.34.00Foto: Fernando SouzaO Brasil pós-Bolsonaro vai exigir enormes esforços de reconstrução de políticas públicas. O diagnóstico foi apresentado pelo ex-ministro da Saúde (2007-2011) José Gomes Temporão. Também ex-diretor-geral do Instituto Nacional de Câncer (Inca) de 2003 a 2005, o ex-ministro falou ao Jornal da AdUFRJ sobre os principais desafios em sua área.
Temporão participou de um ato da campanha da professora Tatiana Roque a deputada federal pelo PSB, no Rio, segunda-feira (19). Na ocasião, Tatiana assinou o Pacto pelo Conhecimento, iniciativa do Observatório do Conhecimento que lista cinco compromissos essenciais para o fortalecimento da educação pública, da ciência e tecnologia. O documento já foi subscrito por 18 candidatos à eleição e reeleição para os legislativos estaduais e federal.
“O Orçamento do Conhecimento calculou perdas de R$ 100 bilhões, nos últimos anos, no orçamento da C&T e educação superior. Daí a importância dessas propostas e desse compromisso dos candidatos”, explicou a professora Mayra Goulart, vice-presidente da AdUFRJ e coordenadora do Observatório.

Jornal da AdUFRJ - Qual deve ser o papel do próximo governo para recuperar a área da Saúde depois do governo Bolsonaro?
Temporão
– Acho que a primeira medida é abrir de novo as portas do Ministério da Saúde para a ciência. Segundo, reconstruir imediatamente o diálogo e o trabalho conjunto com governadores e prefeitos. O pacto federativo foi rompido pelo governo Bolsonaro. Terceiro é recuperar, e isso é possível, a qualidade técnica e a respeitabilidade do ministério. Retomar os projetos e programas consagrados, como a Farmácia Popular, o SAMU, a política de transplantes, de direitos sexuais e reprodutivos, de atenção à AIDS, o Programa Nacional de Imunizações.

O senhor mencionou o PNI, e vivemos um momento crítico, com baixas taxas de vacinação e o risco da volta da poliomielite. Como recuperar o Plano Nacional de Imunizações?
Esse é o mais simples. É colocar uma pessoa séria à frente da coordenação do programa, recolocar a ciência sentada no conselho consultivo, fazer grandes campanhas de massa, de mobilização, e mobilizar os profissionais de saúde e a sociedade para alcançar essas metas. Nós fizemos isso em 2010, vacinamos 90 milhões de brasileiros, em três meses, contra o H1N1. Vacinamos 50 milhões de jovens e adultos, o que é muito difícil, contra a rubéola congênita em quatro meses, em 2009. É questão de vontade política, vamos fazer.


E quais outros desafios devem ser enfrentados na reconstrução da saúde pública brasileira?
Temos que enfrentar uma questão estrutural, que é o grande desafio que o Brasil tem. Ou nós construímos, de fato, um sistema universal para atender a todos, sem qualquer tipo de discriminação, que é o que está na Constituição, ou vamos manter a situação atual, onde você tem uma fragmentação da atenção. Setenta e cinco por cento da população usa o SUS para todos os seus cuidados e necessidades, mas 25% usam plano de seguros privados. E dentro desses 25% há muita segmentação e muita diferenciação no acesso. Então equidade, integralidade e democracia são as questões centrais do SUS. Esse é o grande desafio estrutural.

Topo