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WhatsApp Image 2022 09 26 at 14.37.05Foto: Silvana SáAs aulas da Escola de Belas Artes, suspensas no dia 13, e da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, suspensas no dia 15, foram retomadas na segunda-feira (19), mas os problemas ainda estão longe de uma solução. Na quarta-feira (21), a reportagem flagrou uma aluna da Escola de Belas Artes descendo as escadas após ter uma crise respiratória. “Sou alérgica. Tive uma crise muito forte e ainda estou passando muito mal”, relatou Maria Eduarda Nunes, do 10º período. “Os corredores estão muito empoeirados, os banheiros sujos e não consigo me hidratar porque os bebedouros estão sem condições de uso”, resumiu a estudante. “Infelizmente, não consigo mais assistir às aulas de hoje”.
Maria Eduarda é uma entre os cerca de cinco mil estudantes que circulam todos os dias no prédio Jorge Machado Moreira e vivenciam cotidianamente os problemas estruturais. Conforme denunciado na edição passada do Jornal da AdUFRJ, um dos impedimentos para a manutenção das aulas eram os elevadores, que continuam apresentando problemas. “Disseram para a agente que tudo estaria resolvido na segunda, só que não está. Toda hora soa o alarme do elevador com alguém preso. Isso aconteceu todos os dias antes de as aulas serem suspensas e está acontecendo muitas vezes nessa semana”, afirmou Cíntia Abel, estudante do 4º período da FAU.
A situação dos banheiros e da água também preocupa o corpo social da universidade, sobretudo os estudantes, que são os principais usuários. Há banheiros sem luz, bebedouros precários, itens de higiene em falta. “Aqui no quarto andar, apenas duas cabines do banheiro feminino estão funcionando. Só tem papel higiênico de manhã, depois acaba e ninguém repõe. Também não temos sabão para higienizar as mãos. Colocaram esses dias um álcool em gel bem ruim”, reclamou Letícia Nunes de Araújo, também do 4º período da FAU.
Os bebedouros também compõem a lista crítica, de acordo com as estudantes ouvidas pela reportagem. A maioria não funciona e os que estão em funcionamento apresentam água com coloração e sabor duvidosos. “Só conseguimos beber água uma vez por dia, quando vamos almoçar no bandejão da Faculdade de Letras. A gente enche a garrafinha lá e depois fica o restante do dia com sede”, lamentou Letícia. “É trágico que a gente esteja naturalizando toda essa falta de estrutura”, completou a estudante Helena Lamego, da FAU.
O assunto foi levado ao Consuni do dia 22. O professor Guilherme Lassance, representante dos titulares do CLA, citou o episódio de suspensão das aulas. “Reconhecemos os investimentos da reitoria, mas a crise que vivemos na semana passada gerou uma certa indignação na comunidade (usuária) do prédio”, afirmou. “As obras em andamento também acabam sendo um desafio ao uso”.
Pró-reitor de Gestão e Governança (PR-6), André Esteves afirmou que toda a área do prédio, exceto os oitavo e nono andares, está coberta pelo atual contrato de limpeza, firmado em 2019, quando o quinto e sexto patamares ainda estavam fechados. “Estamos superando essas dificuldades. O contrato precisa apenas de ajustes finos”.
Os estudantes relataram os problemas testemunhados pela reportagem ao longo da semana e pediram fala para a Associação dos Trabalhadores Terceirizados da UFRJ, a ATTUFRJ. “A limpeza está ‘coberta’ às custas dos trabalhadores. Eu acho impossível que 36 trabalhadores consigam cobrir 48 mil m². É preciso dar uma atenção para essa questão”, protestou a presidente da entidade, Waldinéa Nascimento. “Os trabalhadores terceirizados precisam ser tratados com igualdade de direitos, com respeito”, defendeu.
Superintendente da PR-6,Rodrigo Gama admitiu à reportagem que estuda um aditivo ao contrato para ampliar o número de profissionais de limpeza para os banheiros. “São trabalhadores que precisam receber insalubridade”, explicou o servidor. Hoje, há apenas três banheiristas, como são chamados, para atender aos sete andares. “A fiscalização do contrato ainda enviará à PR-6 documento que atesta a necessidade do aumento de funcionários para os banheiros. Após a sinalização desse efetivo teremos uma reunião com a PR-3 (pró-reitoria de Finanças) para saber de quanto poderemos dispor e negociar o valor desse aditivo”, disse.
Ao final da sessão, os conselheiros aprovaram uma moção em solidariedade aos ocupantes do edifício da FAU e EBA. O documento também sinaliza a necessária atenção aos tercceirizados.

ADUFRJ SE SOLIDARIZA
Os professores sindicalizados à AdUFRJ receberam esta semana uma carta de solidariedade do presidente João Torres diante da situação dramática do prédio. No texto, o docente, em nome de toda a diretoria, deixa clara a importância de uma articulação sindical para solucionar os problemas relacionados às condições de trabalho dos docentes. “Sabemos que são problemas graves, complexos e que comprometem a atividade acadêmica numa das mais antigas e reconhecidas unidades da UFRJ. Também sabemos que a situação se agravou com os cortes orçamentários que sacrificam a universidade na gestão Bolsonaro. Reiteramos que as portas da AdUFRJ estão abertas para debatermos o assunto com a maior urgência possível ”, finaliza o comunicado.

Ex-alunos criam associação de apoio ao edifício JMM

Um grupo de ex-alunos da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFRJ fundou a AMEAFAU, uma associação que pretende cuidar do edifício Jorge Machado Moreira (JMM), onde ficam a faculdade, a Escola de Belas Artes, o IPPUR e parte da reitoria, e provocar na comunidade universitária e entre os ex-alunos da FAU uma discussão sobre a conservação não só do edifício, mas de todo o equipamento da UFRJ.
“O prédio vem se deteriorando há muitos anos, apesar do esforço de sucessivas direções. Mas quando o corte do orçamento chegou aonde chegou, e depois dos incêndios, nós tivemos que fazer alguma coisa”, explicou Carlos Fernando Andrade, presidente da AMEAFAU. Carlos fez graduação, mestrado e doutorado na FAU, e justifica o gesto como uma devolução ao prédio por tudo que ele fez para ele e seus colegas da associação.
Carlos ressaltou que a iniciativa não significa que o governo federal não deve ser cobrado pela recomposição do orçamento e pela preservação do prédio. “Não se pode abrir mão de cobrar do governo a parcela que ele deve à educação pública. Vamos colaborar, mas continuar cobrando”, observou Carlos, para quem iniciativas como a da AMEAFAU ajudam a fazer essa cobrança. “Primeiro porque mostra as lacunas, os problemas, e isso serve como denúncia. Não estamos aqui para substituir o poder público, pelo contrário. A associação vem também como cobrança”, explicou.
A associação já tem suas primeiras medidas planejadas. “Há uma série de ações de obras dispersas, e sentimos a necessidade de costurar um plano de ação plurianual, e isso pode ser feito por meio de uma consultoria”, contou Carlos. Outras ações planejadas são a elaboração de um plano de prevenção, detecção e combate a incêndios e a descupinização do prédio. “Mas pensamos até em outras coisas, como proporcionar alguma ajuda para alunos carentes, já que hoje um arquiteto trabalha muito mais com computador do que com papel e lápis”, detalhou.
Para apoiar a AMEAFAU basta entrar em benfeitoria.com/projeto/ameafau, e assinar o financiamento coletivo, que tem meta recorrente (as doações serão mensais). A associação já tem 17 membros na sua organização e em torno de 200 apoiadores, e embora seja formada por ex-alunos da FAU, os benefícios são previstos para o prédio inteiro. “Sei que alguns ex-alunos da EBA estão sendo incentivados a fazer a sua própria associação. Seria ótimo, porque poderíamos trabalhar juntos no que fosse comum”, disse. (Lucas Abreu)

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