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WhatsApp Image 2022 09 26 at 14.37.05 1Fotos: Estela MagalhãesEstela Magalhães

Para chegar à sala de aula, em geral, é preciso se aventurar pelos corredores, escadas, containers e elevadores dos prédios da UFRJ. Já os estudantes e professores de vela, esporte ensinado na Escola de Educação Física e Desportos, devem atravessar uma praia de lixo até o píer, onde sobem nos barcos para ter as aulas. “Às vezes, a gente limpa num dia e, dependendo do fluxo da maré e do vento, já está tudo lotado no dia seguinte. É surpreendente. O volume de lixo é muito grande”, lamenta o professor Luiz Pintor, da EEFD. “Tentamos driblar esse lixo na praia, evitamos os cacos de vidro”, relata o estudante de vela Iago Eliezer.
O antigo problema foi agravado durante os dois anos de pandemia sem atividades presenciais, e desde então o controle de danos é feito por mutirões voluntários de limpeza. “Com o momento difícil de orçamento da universidade, tivemos que organizar um mutirão para limpar a praia e voltar a operar as aulas de vela”, explica o professor. “É necessária uma ação pelo menos nas áreas que a universidade utiliza. A orla é um ambiente de aula, precisamos que ela esteja limpa”, completa.
A solução para a despoluição das praias da ilha do Fundão faz parte do projeto Orla Sem Lixo, coordenado pela professora Susana Vinzon, de Engenharia Oceânica. “O projeto desenvolve barreiras para interceptar o lixo flutuante e propostas para sua coleta e reciclagem”, explica a professora. Os testes dessas barreiras começam no Mangue de Bom Jesus, e a expectativa é que elas possam ser replicadas por toda a enseada. “É uma solução de baixa complexidade tecnológica para que possa ser facilmente substituída e reparada, mas de grande complexidade logística, porque a manutenção precisa ser constante”, completa a docente.
A aplicação das barreiras flutuantes é desenvolvida pelo projeto em parceria com as comunidades pesqueiras da região. “A ideia é que eles possam retirar esse lixo que fica na barreira e transportar até um local adequado, onde vamos destiná-lo à reciclagem química para que ele desapareça enquanto resíduo”, explica a pesquisadora Carla Sabino, do Laboratório de Dinâmica de Sedimentos Coesivos. “A interceptação não deve fechar o trânsito das embarcações e vai permitir que a comunidade pesqueira complemente sua renda a partir da gestão do lixo flutuante”, completa a professora Susana.
WhatsApp Image 2022 09 26 at 14.37.43Além do lixo vindo da Baía de Guanabara, problemas de entupimento na rede de esgoto contribuem para a poluição da Prainha. “O entupimento reflete justamente na faixa de areia”, explica Sérgio Siqueira, coordenador de Infraestrutura Urbana. “É uma grande obra de infraestrutura para recuperar mais de 50 metros de rede de esgoto. O trecho em frente à reitoria está totalmente recalcado, por isso o esgoto não consegue passar em direção à estação elevatória de esgoto e começa a drenar ou pelo chão ou com um retorno na Prainha”, completa. O problema já existe há mais de 10 anos.
Aliada ao Orla Sem Lixo, a prefeitura universitária tem feito esforços para tirar do papel o projeto Parque da Orla, pensado inicialmente em 2005, que prevê a revitalização da Prainha, ponto próximo ao prédio da reitoria. “Quiosques, espaço para piquenique, um pequeno parque infantil, calçada para que as pessoas possam andar e pedalar com segurança. Uma infraestrutura mínima já pode trazer um grande potencial de uso”, imagina a professora Susana. “Quando você sente que aquilo é teu você cuida, essa é a importância das pessoas se apropriarem do espaço. Evitar que o lixo flutuante chegue a esse espaço já vai permitir que a requalificação ambiental aconteça de forma plena”, diz.
“No projeto do parque, consideramos instalações de lazer, esporte, cultura e ensino. O programa prevê salas de aula multiuso e apoio para pesquisa de campo”, esclarece Vera do Carmo, coordenadora de Operações Urbano Ambientais. “Os próprios pescadores não têm uma infraestrutura adequada para exercer a atividade”, completa.
Na segunda-feira, dia 19, a prefeitura da UFRJ organizou um mutirão de limpeza na Prainha em comemoração ao Dia da Limpeza. “Nossa ação hoje é simbólica. Queremos conscientizar e sensibilizar a comunidade universitária. Mas, enquanto a Baía estiver poluída, limpar a orla é como enxugar gelo”, disse a coordenadora. “O evento é um marco da preservação das orlas e florestas da UFRJ. Um pontapé na revitalização”, completou o prefeito Marcos Maldonado.

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