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WhatsApp Image 2022 04 08 at 17.01.28OBSERVADA pelo vice-reitor Carlos Frederico Leão Rocha e pela reitora Denise Pires de Carvalho, a presidente da Fiocruz enalteceu a CiênciaUm ano com um espírito de refundação. A UFRJ não mudou, mas viu seus alunos e boa parte do seu corpo de professores e servidores afastada das atividades presenciais por dois anos. Agora ela está voltando e, cem anos depois da sua fundação, retoma as atividades presenciais plenas. E o marco simbólico deste retorno, uma espécie de pedra fundamental metafórica dessa UFRJ refundada, aconteceu na segunda-feira (4). “Uma data histórica”, definiu o professor Roberto Medronho, coordenador do Grupo de Trabalho Coronavírus da UFRJ, ao participar da Aula Magna que inaugurou o período 2022.1, proferida pela professora Nísia Trindade Lima, presidente da Fundação Oswaldo Cruz.
Professores, alunos e técnicos formaram a plateia no auditório do Centro Cultural Professor Horácio Macedo, o tradicional Roxinho, no campus do Fundão. Medronho lembrou que, no dia 13 de março de 2020, o GT recomendou a suspensão das atividades presenciais não essenciais da universidade, decisão acatada pela administração central. “Hoje, para mim, é uma data histórica. A universidade foi criada na época da pandemia da gripe espanhola. Cem anos depois, termos esse reencontro presencial é uma coisa que será escrita com letras de ouro nos anais da história da UFRJ”, disse o professor. Ele ressaltou ainda que o reencontro pôde acontecer graças à Ciência, à vacina e ao esforço de todos os institutos de pesquisa e universidades do país. “É uma emoção indescritível, imensurável”, resumiu Medronho.
Igualmente emocionada estava a reitora Denise Pires de Carvalho. Na apresentação da professora Nísia, Denise estava visivelmente comovida. “Eu estou muito, muito emocionada”, declarou a reitora ao Jornal da AdUFRJ. “Encontrei a Nísia apenas duas vezes depois que tomei posse. Agora nos reencontramos, e mais uma vez vamos tentar fazer com que a UFRJ e a Fiocruz fiquem mais próximas, e que isso promova mais e mais o desenvolvimento do país na área da Saúde. É isso que desejamos, que sejamos, UFRJ e Fiocruz, protagonistas do futuro na área da Saúde do Brasil”, defendeu Denise, retomando o tema da aula magna — “Inovação em saúde e pandemia: o papel da ciência e tecnologia no SUS” — e defendendo o investimento público em Ciência e Tecnologia, especialmente em Saúde, como motor de avanços para o país.

EM DEFESA DO SUS
Na sua aula, a professora Nísia apresentou os principais desafios em Saúde, Ciência e Tecnologia para os próximos anos, a partir do estudo do enfrentamento da pandemia de covid-19. Defendeu o investimento em pesquisa na área, razão para o desenvolvimento de vacinas contra a doença em um prazo tão curto, já que as bases científicas da criação dos imunizantes foram estabelecidas em anos de pesquisas feitas por instituições por todo o mundo. Nísia também defendeu o Sistema Único de Saúde (SUS), que foi crucial para o combate à pandemia, desde o surgimento dos primeiros casos até a vacinação. Outro ponto ao qual a professora se dedicou foi a mudança na maneira de a Ciência se comunicar com as pessoas. Para Nísia, a crença deve ser reservada para a religião. “Na Ciência nós devemos confiar, e não acreditar”, disse a professora.
“Foi bem emocionante dar essa aula presencial”, contou Nísia à reportagem. “Para além do valor simbólico, tem a sensibilidade. As pessoas estão precisando desse convívio”. Para ela, algumas mudanças na maneira de se comunicar, como as reuniões por videoconferência, vieram para ficar, mas jamais vão suprir as necessidades de uma universidade e toda a sua complexidade. “O convívio em uma universidade, para os jovens e para nós professores, faz muita falta. A educação foi um dos setores mais impactados pela pandemia, e para os jovens é fundamental a universidade”, disse. Ela citou ainda Machado de Assis para reforçar sua ideia, ao dizer que na universidade “não se aprende só o que está nos livros ou o que dizem os professores, mas é um espaço de formação do seu ethos, da sua forma de estar no mundo”.

ATIVIDADES PRESENCIAS
E foi atrás desse espaço de convivência que muitos estudantes foram para a aula magna. É o caso de Carla Chaves, de 17 anos, aluna do terceiro período do curso de Direito. Ela entrou na UFRJ durante a pandemia, e não tinha tido ainda nenhuma atividade presencial. “Botar o pé na UFRJ para assistir a uma aula presencial pela primeira vez me deixou com a sensação de fazer parte da UFRJ. Sempre sonhei em estudar em uma universidade tão importante para o Brasil, e agora estou aqui”, comentou Carla. Para ela, as aulas remotas foram importantes durante o período mais grave da pandemia, mas não são capazes de substituir a experiência de estar na faculdade.
Acompanhando Carla estava seu amigo Thiago Duarte, de 18 anos, aluno do primeiro período do curso de Engenharia de Produção. “Vim aqui dar uma primeira vista, e estou gostando muito da minha primeira impressão. Estou achando melhor do que esperava”, contou. Ele se sente com sorte por começar a faculdade junto com a volta das aulas presenciais. “É muito importante para a gente ter esse contato com a faculdade, com os colegas, os professores, o que não acontece nas aulas remotas”.
Já Rodrigo Verra, de 19 anos, conhecia a UFRJ. Aluno do terceiro período de Odontologia, Rodrigo já estava frequentando o campus para aulas práticas, mas não perdeu a oportunidade de assistir à Aula Magna. “É incrível cursar uma universidade pública e ter a oportunidade de prestigiar esses eventos que acontecem. O tema e a presença da Nísia Trindade me interessaram, por isso eu vim”, comentou o jovem. Ele não esperava que, depois da expectativa atendida de finalmente passar para a UFRJ, levaria tanto tempo para ter aulas presenciais, mas está animado com a volta. “As atividades presenciais são sem comparação para nós no sentido didático e para a nossa vivência como alunos”, disse.
Não eram só os estudantes que estavam empolgados na plateia. “O meu departamento vai ter todas as aulas presenciais”, contou a professora Mônica Cardoso, do Instituto de Química, que estava na plateia e não escondia a empolgação pelo retorno presencial completo. “Já fiz dois períodos dando aulas práticas presenciais, mas agora melhorou. A pandemia arrefeceu e nos sentimos mais seguros e tranquilos para voltar”, contou.
Ela celebrou a presença da professora Nísia Trindade Lima no evento. “Uma aula magna é muito importante porque estabelece o início de um novo calendário, e foi importante chamar a presidente da Fiocruz porque eles trabalharam muito durante a pandemia”, ressaltou. Para ela, estavam ali as instituições que atuaram com muito vigor e seriedade contra a covid-19. “Essa reunião das representações máximas dessas instituições em uma aula magna presencial é simbolicamente importante para dizer que estamos seguros para voltar”, disse.

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