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WhatsApp Image 2021 09 18 at 10.56.51A inédita eleição remota da AdUFRJ se converteu em recorde de engajamento dos sindicalizados. Participaram 1.643 eleitores, o equivalente a 48,25% dos professores filiados. A chapa 1 venceu a disputa com 967 votos e assegurou a continuidade do trabalho desenvolvido pelas três últimas gestões da seção sindical. Já a chapa 2  obteve 633 votos. Houve, ainda, 29 votos brancos e 14 nulos. A posse da diretoria e do CR está programada para o dia 15 de outubro. “Quase 50% dos filiados votaram, o que é histórico para a AdUFRJ e muito incomum no panorama dos sindicatos”, comemora o presidente eleito, professor João Torres, do Instituto de Física. “Só para efeito de comparação, na eleição do Andes participaram pouco mais de 15% dos filiados no país todo. Isso indica que a AdUFRJ está fazendo um papel excelente de envolvimento da sua base e de escuta”, avalia o docente.
Presidente da Comissão Eleitoral, o professor Hélio de Mattos Alves concorda com a avaliação do colega eleito. “Foi vitoriosa essa experiência de envolver, na pandemia, quase 50% dos associados da AdUFRJ em sua eleição”, afirma. “Além da votação para a diretoria, também tivemos grande vitória no Conselho de Representantes. É um conselho bem representativo, com muitas unidades participantes”.
A professora Raquel Lobosco votou pela primeira vez, e graças ao modelo remoto. Ela está na França para um pós-doutorado. “Se não fosse a eleição virtual, eu não poderia participar”, destaca. “O voto online facilitou muito. Aliás, não só o voto. Os atendimentos online do jurídico também. Já fiz vários e foram todos excelentes”, afirma a professora, do centro multidisciplinar de Macaé.
Um incidente no dia 14 paralisou a votação por dez minutos. O processo foi retomado em seguida, mas gerou questionamentos por parte da chapa 2, que solicitou, primeiro, a suspensão, depois, a auditoria das eleições. A Comissão Eleitoral recomendará que o Conselho de Representantes eleito realize a auditoria.

Unidade
A presidente da AdUFRJ, professora Eleonora Ziller, destaca o empenho da Comissão Eleitoral, fiscais e funcionários administrativos no sucesso do pleito. “Conduziram com muita responsabilidade e seriedade todo esse processo. Em especial nossos funcionários, que foram absolutamente irrepreensíveis, com uma dedicação extraordinária”.
Eleonora aproveita para sublinhar a necessária unidade dos professores. “Nossa responsabilidade nesse momento é de construir uma unidade de luta, de ação, de resistência e de conquista de uma universidade pública, democrática, que consiga fazer frente às atrocidades que temos enfrentado, principalmente a batalha dessa semana, a PEC 32”.

ENTREVISTA / JOÃO TORRES DE MELLO NETO - PRESIDENTE ELEITO DA ADUFRJ

“O sindicato sai fortalecido”

WhatsApp Image 2021 09 18 at 09.49.511Jornal da AdUFRJ – Como avalia o resultado das eleições?
João Torres – Quase 50% dos filiados votaram, o que é histórico para a AdUFRJ e muito incomum no panorama dos sindicatos. Só para efeitos de comparação, na eleição do Andes participaram pouco mais de 15% dos filiados no país todo. Isso indica que a AdUFRJ está fazendo um papel excelente de envolvimento da sua base e de escuta. O resultado mostra que a maioria dos professores da UFRJ apoia o projeto que foi iniciado em 2015.

- O meio remoto, então, deu certo?
A votação eletrônica foi um sucesso. Ampliou muito a participação, com destaque especial para os aposentados. Houve alguns problemas, mas que são questões operacionais e que acontecem até mesmo na eleição presencial. A eleição on line era inédita na AdUFRJ. Acho que a atual direção está de parabéns. Um universo de 3.500 eleitores não é trivial.

 - A votação aumentou para os dois lados. Qual a importância desse duplo crescimento ?
 Nossa oposição cresceu, o que é muito importante para a democracia. E nós também crescemos. A razão de votantes entre as chapas foi de 1.5, que vem se mantendo desde 2015, na eleição da professora Tatiana Roque, mas, em números absolutos, houve crescimento dos dois campos. Isso fortalece o sindicato.

- Em breve, o senhor assume como novo presidente. Como se sente?
Eu me sinto muito honrado, mas também com o peso de uma grande responsabilidade. Sou o primeiro homem de uma linhagem de três mulheres fortes, com estilos muito próprios, que conduziram a AdUFRJ de 2015 até hoje: Tatiana Roque, Maria Lúcia Werneck e Eleonora Ziller. Os caminhos já estão abertos, eu tenho a tarefa de fazer ainda mais do que já foi realizado até aqui.

- E onde será preciso avançar mais?
Precisaremos nos articular com outros sindicatos, com parlamentares, com setores do Executivo para valorização da nossa carreira. A AdUFRJ precisa trabalhar pelos jovens docentes e pelos aposentados, as pontas mais afetadas. Os convênios foram iniciados na atual gestão e serão continuados na nossa. Outra frente é defender a liberdade de pensamento, a pluralidade de ideias, que são pilares da vida acadêmica. Queremos uma universidade pública, gratuita, laica e inclusiva. Outro ponto é a comunicação. Temos muito orgulho do Jornal da AdUFRJ, mas devemos ir além. Precisamos de atuação forte nas redes sociais, com campanhas que dialoguem com a sociedade. É preciso disputar este espaço. A UFRJ é um lugar de formadores de opinião e uma opinião muito qualificada. Um dos papéis da AdUFRJ é levar a universidade para fora, produzir uma narrativa de defesa da democracia, fazer uma contranarrativa a essa visão bolsonarista de universidade, que tenha efeitos para além da nossa bolha.

- Esse desafio se relaciona com as eleições de 2022?
Tem tudo a ver. O ano que vem vai ser muito importante para a história do país. Vamos tentar sair desse pesadelo que é o governo Bolsonaro. Eu vivi as Diretas Já. No movimento, havia pessoas que eram difíceis de engolir, como Orestes Quércia, por exemplo, o próprio Tancredo Neves, representante das oligarquias. Mas foi importante juntar essas pessoas todas e construir um compromisso. Isso foi fundamental para derrubarmos a ditadura. Hoje, vivemos um momento semelhante. Temos clareza de quem é nosso inimigo.

- A volta às aulas presenciais é um tema mais imediato. Como vocês pretendem agir?
Pretendemos continuar a discussão que a atual diretoria já vem realizando, inclusive com participação nos grupos de trabalho da universidade. Queremos atuar com a Administração Central para proteger a saúde física e mental dos professores. O atual governo agiu fortemente contra os critérios científicos e vem dificultando a liberação de verbas destinadas à volta às aulas presenciais. Precisamos lutar por mais verbas para preparar os espaços e inclusive realizar a manutenção de prédios vazios há tanto tempo. É preciso pensar como encaminhar a questão da exigência de vacinas para este retorno, pensar quais critérios são essenciais para proteger a vida das pessoas, debater como lidar com posturas negacionistas na universidade. São questões complexas e vamos agir sempre na direção do que indicar a ciência.

- O que deixa como mensagem para seus eleitores?
Quero deixar registrado que acabou a eleição. O presidente eleito é presidente de todos. Eu sou uma pessoa muito aberta ao diálogo. É nas diferenças que avançamos numa construção dialógica. Quero muito agradecer a todas as pessoas que nos ajudaram até aqui, mas quero agradecer principalmente a todos que atuaram de alguma forma nas eleições, porque contribuem para fortalecer nosso sindicato. Desde 2015 temos disputas pela AdUFRJ, o que é muito salutar para a nossa democracia. São grupos com ideias muito distintas de universidade. Ninguém tem o monopólio da verdade, nem da virtude. E é muito importante debater essas ideias e deixar que o corpo de professores decida o caminho que quer seguir. Aproveito para parabenizar todas as comissões eleitorais, de 2015 até aqui, que tiveram uma postura extremamente republicana em momentos de disputa eleitoral. O sindicato sai realmente fortalecido.

ENTREVISTA / CLÁUDIA LINO PICCININI - CANDIDATA A PRESIDENTE DA CHAPA 2

WhatsApp Image 2021 09 18 at 09.49.51- Jornal da AdUFRJ: Qual sua avaliação do processo eleitoral?
Cláudia Lino Piccinini - Todo agradecimento e reconhecimento por cada um dos 633 votos que fortalecem e inspiram as lutas por um sindicato organizado pela base, autônomo e democrático, capaz de reconhecer e organizar as lutas necessárias para manter a UFRJ que o país necessita. Gostaríamos de parabenizar a chapa vencedora. Entretanto, isso seria reconhecer um processo que não se mostrou legítimo, em um contexto em que deveríamos ser exemplares no exercício da democracia. O sistema não assegurou a inviolabilidade da urna e é preocupante que, por dois votos a um, a Comissão Eleitoral não tenha entendido que a eleição para um sindicato que luta contra o neofascismo do governo Bolsonaro não pode cometer deslizes éticos. Desconsiderar as regras que regem o processo eleitoral é banalizar a barbárie que o país vive.

- Como avalia o resultado e o crescimento de votantes?
Ampliamos o nosso apoio em relação às três últimas eleições. Somos muitos a defender a universidade pública, um sindicato autônomo, a democracia e a esperança no agir ético. Entretanto, esperávamos maior participação em um pleito remoto. Se compararmos com a eleição presencial de 2015, que teve 1.477 votantes, os números não se ampliaram significativamente, como anunciado. Nesta eleição remota, 1.635 docentes votaram. Menos da metade dos sindicalizados apertaram o botão de votação e isso não deixa de ser uma mensagem que todos devemos escutar.

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