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08WEB menor1130Nada será como antes da Covid-19. E as fichas precisam cair para todos, inclusive, para educadores e gestores. Convidado para discutir ensino mediado por tecnologia, o ex-ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, foi enfático na análise de que diante da pandemia, “o dano maior é afetivo”. “Se uma pessoa está sofrendo, ela vai ter mais dificuldade de compreensão”, destacou o docente da Universidade de São Paulo (USP) durante evento virtual realizado pelo Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ, no dia 27. O debate contou com a participação da coordenadora do Fórum, professora Tatiana Roque, do vice-reitor, professor Carlos Frederico Rocha, e de cerca de 500 internautas.
“Temos que levar em conta que existe de fato uma perda a enfrentar. Essa perda não é estritamente de qualidade científica. A perda é humana”, afirmou o ex-ministro. Janine disse que a tecnologia vai minorar danos, mas não evitará o prejuízo à formação. O caminho, segundo ele, é fortalecer os laços para enfrentar os desafios da experiência. “Temos que estar atentos a essa experiência diferente não apenas para nos queixar”, advertiu.
Como exemplo, Janine citou o maior contato com a vida privada de docentes e discentes. “Não deixa de ser verdade que o ensino remoto tem permitido às pessoas enxergarem melhor o ambiente dos outros. Algumas pessoas têm dito que descobriram que o professor tem um cachorro em casa, que o colega mora numa sala com tantas pessoas. É como se entrasse na casa do outro. É uma experiência diferente”, observou.
E, mesmo sobre um eventual regresso às atividades presenciais, o ex-ministro considerou impossível um retorno à mera normalidade. “Não dá para voltar com o professor dizendo ‘como dizíamos na última aula, o seno e o cosseno’… Não dá, porque a última aula foi há meses e no meio disso está havendo essa tragédia”, opinou.
Com todas as considerações, o ex-ministro da Educação também chamou atenção para o fato de que o tempo de suspensão das aulas “tem um limite”. E frisou que a internet oferece para os educadores, hoje, um campo de possibilidades para práticas pedagógicas não disponíveis há vinte anos. Ou bem menos acessível, há cinco anos. Uma das possibilidades listadas foi a disponibilidade de uma plataforma que permita que os alunos baixem material quando estiverem online para consulta posterior, offline.
Janine marcou a diferença entre o ensino remoto emergencial – que acredita ser a tendência para a educação brasileira no período de pandemia – para o tradicional Ensino a Distância. “O EaD é uma modalidade já prevista, com material planejado”, distinguiu o docente. “O ensino remoto emergencial é algo híbrido, que responde a uma circunstância não programada de grave situação de risco à vida”.
Mas ele também reconheceu que ambas teriam como base aulas gravadas por docentes – sem prejuízo para materiais audiovisuais complementares, como filmes. “Em princípio, aulas filmadas, principalmente, no caso das universidades tops, seriam o melhor para os alunos”, admitiu.
Renato Janine defendeu a utilização de fundo público para garantia de acesso à internet dos estudantes. “O governo do estado deveria estar fazendo um levantamento e instalando com rapidez a banda larga nos territórios sem cobertura. O dinheiro existe”, afirmou o ex-ministro de Dilma, em referência ao Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust), instituído pela Lei 9.998, de 17 de agosto de 2000. “As universidades não devem gastar recursos de orçamento com isso”, avaliou.

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