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07WEB menor1130“Sonho que se sonha só é só um sonho. Mas sonho que se sonha junto é realidade.”A poesia de Raul Seixas embalou a fala do professor Thalismar Gonçalves, do Instituto Federal do Espírito Santo, no painel que discutiu a organização política e as condições de trabalho docente em tempos de pandemia. O evento virtual, no dia 28, contou com o apoio da AdUFRJ.
Para Thalismar, que também é diretor do Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe), todo professor tem o sonho que a educação pública, gratuita e de qualidade seja um direito de todos. E que, de alguma forma, transforme a realidade brasileira. “Não podemos fazer com que a crise gerada pela pandemia acirre as desigualdades educacionais no Brasil”, afirmou.
“A crise impacta as pessoas de formas diferentes. Não se pode pensar que, só porque as pessoas estão em casa, está tudo certo”, completou. Um dos desafios atuais, para o docente, é que parte da população brasileira está sendo orientada numa perspectiva obscurantista, na banalização do conhecimento científico pelo governo. “Uma coisa é achar que a Terra é plana, outra é pensar que uma pandemia global faz parte de uma narrativa para derrubar o governo.”
O vice-presidente da AdUFRJ e professor do Instituto de Física, Felipe Rosa, avaliou que, mesmo que a UFRJ retome as atividades em dois ou três meses, não voltará à normalidade das condições de trabalho anteriores à pandemia. Ele afirmou haver um esforço de identificação das dificuldades. “Estávamos paralisados pela novidade e pelo tamanho do desafio, pois existe uma falta de acesso crônica de muitos estudantes. Nesta semana, houve uma evolução e estamos encontrando um caminho a ser tomado, principalmente para os formandos”.
Rosa apresentou dados promissores de uma pesquisa realizada pela reitoria da UFRJ com um terço do corpo social da universidade sobre o ensino remoto — e divulgada na edição anterior do Jornal da AdUFRJ. Dos que responderam, dois terços são a favor da implementação de alguma atividade remota. “Isso surpreende”. O professor lembrou que as universidades estão trabalhando bastante, mesmo com as atividades didáticas paradas. “Na UFRJ, o Hospital Universitário está a todo vapor e os laboratórios que podem colaborar no combate à pandemia, também. As atividades de pesquisa e extensão continuaram”.

DESVALORIZAÇÃO
“O professor sofre com a banalização da profissão desde que o Brasil é Brasil”. Eliane Anderi, da Universidade Estadual de Goiás (UEG), disse que a desvalorização do trabalho docente ajuda na construção de um imaginário social de que qualquer um pode ser professor. “O trabalho pedagógico, comprometido com o desenvolvimento integral do estudante, só pode existir se o professor tiver desenvolvido estruturas superiores de pensamento”.
Quando setores conservadores colocam o trabalho do professor apenas como transmissão de conhecimento, sem elaboração, esvazia-se a importância da profissão. Para Eliane, há um interesse econômico nesse esvaziamento. “Por exemplo, esse movimento Escola Sem Partido, que ataca professores e instituições públicas para criar uma opinião pública contrária, deixando a porta aberta para privatizações”. Ela concluiu. “A educação pública brasileira e os professores têm que procurar formas de resistência frente aos ataques sofridos”.

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