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WEBTATIANATatiana Bacal
Chefe substituta do Departamento de Antropologia Cultural

Jornal da Adufrj - Num momento de tantos ataques ao conhecimento, as Ciências Sociais ganham importância?

 As ciências sociais ganham protagonismo para entender este governo diante de um sistema global e também histórico no Brasil. Do papel da internet na vida privada, passando pelos movimentos de direita ao redor do mundo, até a relação do Brasil com o negacionismo histórico, entre outros, são todos fenômenos a serem compreendidos pelas lentes das Ciências Sociais.

- A senhora considera que a Antropologia corre risco no Brasil? De que natureza?

  Quando se cortam financiamentos, se dificulta a produção do saber e, assim, se corta um círculo virtuoso que existe na ciência brasileira desde a década de 1960, quando se estruturam, por exemplo, as pós-graduações na antropologia.

- O curso de Ciências Sociais completou 80 anos na UFRJ. Qual sua importância na contemporaneidade?

O curso de Ciências Sociais tem a importância na criação de cidadania, das pessoas se tornarem sujeitos de seus destinos num país democrático. 

- Alguns grupos brasileiros estão em especial situação de vulnerabilidade no Brasil atual: quilombolas, indígenas, moradores de favelas - sobretudo sua juventude negra. Como isto afeta a Antropologia?

A vulnerabilidade especial destes grupos afeta diretamente a antropologia porque historicamente nossa disciplina se formou trabalhando em colaboração e ao lado de grupos minoritários. Refletir sobre o Brasil significou e ainda significa pensar relações entre grupos minoritários com a sociedade abrangente. Temos que também levar em consideração que há uma juventude negra com especial protagonismo nas universidades públicas e principalmente nos cursos de ciências sociais e humanas, demonstrando que há uma mudança histórica em curso e apesar dos ataques sofridos pelo atual governo às nossas áreas de saber.

- É papel da Antropologia, além de entender, contribuir para a defesa desses grupos? 

Se o papel da antropologia como projeto é o de entender outras cosmologias, ao se propor a compreender os grupos que estuda também gera um efeito propulsor da sociedade entrar em contato com outras possibilidades de habitar este mundo. Nesse projeto se aumenta a visibilidade de grupos "invisíveis" e, nesse contexto, contribuir para sua defesa. 

- Como resistir às investidas autoritárias contra as ciências humanas de maneira geral? 

É possível resistir no cotidiano de nossas atividades acadêmicas, na ampliação e compartilhamento de conhecimento e pensamento crítico.

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