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Estimular a divulgação científica com muita mão na massa é a essência do Museu Interativo de Ciências do Sul Fluminense (MICInense) que agora completa onze anos. “Devemos ocupar os vazios no interior com ciência e cultura. A maioria dos centros de divulgação científica e cultural ainda estão nas grandes metrópoles brasileiras”, explicou Christine Ruta, vice-presidente da AdUFRJ e uma das coordenadoras do Museu. “Na contramão dessa tendência de desigualdade social entre as cidades brasileiras o MICInense foi idealizado”.
Instalado no CIEP 054, em um bairro residencial da periferia do município de Barra Mansa, o MICInense oferece oficinas e exposições para estudantes e professores da rede pública, e para os interessados em geral. Desde sua fundação, em 2010, mais de 50 mil pessoas participaram das atividades. Muitas delas são inclusivas e integram parceria com o Centro Municipal de Atendimento Educacional Especializado (CEMAE) e a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE). “A ideia é contemplar a todos e todas”, conta o professor de Barra Mansa, Luciano Gustavo da Silva, um dos coordenadores do Museu. O professor destaca o impacto do museu para os municípios do entorno. “Mais de 90% dos estudantes de zonas rurais nunca tinham tido contato com um espaço científico”.
Muito além de exposições interativas, o MICInense proporciona práticas de laboratório de biologia, química e física. O espaço oferece ainda cursos de atualização e de formação continuada para professores do ensino básico e é um espaço de estágio e pesquisa para graduandos e pós-graduandos que moram na região. Ao todo, a estrutura é composta por cerca de 150 metros quadrados, divididos entre um salão de exposição interativa e um laboratório multidisciplinar. “O museu já ganhou inúmeros prêmios científicos, mas o nosso maior prêmio é o sorriso do nosso público”, ressaltou Luciano.
“O apoio da FAPERJ através do edital Melhorias do Ensino em Escolas Públicas foi a pedra fundamental do MICInense. Estamos exultantes de poder celebrar uma década de MICInense ao lado da FAPERJ”, frisou a professora Christine.
Para o Presidente da FAPERJ e professor do IBqM Jerson Lima Silva, a iniciativa acerta na “interação da universidade com a educação básica” e em “um olhar mais voltado para o interior”. “O foco na interdisciplinaridade é também muito importante. Estão de parabéns”, afirmou o presidente da FAPERJ durante a comemoração virtual promovida pela equipe do MICInense, na terça (1).
“Nesse momento em que estamos vivendo, a divulgação científica ganha um papel ainda mais estratégico”, avaliou a coordenadora do Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ, professora Tatiana Roque, que também participou da live. Débora Foguel, professora do IBqM e titular da Academia Brasileira de Ciências, enfatizou a contribuição para a retomada do ensino presencial. “O pós-pandemia vai exigir um grande esforço para envolver as escolas em atividades que possam melhorar a recuperação e a reconstrução no retorno presencial. Espaços como o MICInense são muito importantes nisso”.
Durante o evento virtual que contou com cerca de 60 participantes foi lançado o vídeo institucional do museu que pode ser acessado no canal do Youtube do MICInense.
Foto: Arquivo da famíliaA gentileza em forma de professor e médico dono de dedicação incansável aos pacientes do Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira, IPPMG. Esse é o retrato de Roberto Aires, morto no último dia 28, aos 80 anos, de causas naturais.
“Roberto foi um dos maiores exemplos da forma cuidadosa, carinhosa e extremamente competente de atuar na pediatria”, afirma o professor Hélio Rocha. Segundo ele, características herdadas do convívio com César Pernetta, diretor do IPPMG no fim da década de 1960, e um dos maiores nomes da especialidade. “Roberto sempre foi uma pessoa extremamente acolhedora, que buscou o diálogo”, completa.
“Uma vez, estive na casa dele para um churrasco, com piscina. Naquela época, nem tinha celular. Mas ele levava uma extensão do telefone para onde estivesse. Não se recusava a atender paciente em hora alguma”, relata Hélio, aluno de Roberto na década de 1970. ˜Ele coordenou a sessão clínica solene do IPPMG durante mais de 15 anos — a sessão, realizada semanalmente, reúne todo o corpo clínico do hospital para discutir os casos mais difíceis˜.
Ex-diretor do IPPMG de 1994 a 2002, o professor Luiz Afonso Henrique Mariz se soma à legião de admiradores do colega recém-falecido e ressalta a forma peculiar de Roberto compartilhar o conhecimento. ˜Ele fazia comparações com casos atendidos no próprio IPPMG. Tinha uma experiência enorme. Em situações que a gente olhava assombrado, o Roberto sempre oferecia um comentário a mais”, diz.
HOMENAGEM
“Roberto juntava conhecimento, simplicidade e educação. Era um modelo para todos nós”, avalia Ricardo Barros, diretor adjunto de Atividades Assistenciais do IPPMG. Um exemplo pessoal mostra este cuidado: quando o filho apresentou febre, Ricardo, então com poucos anos de formado, acreditou se tratar de um quadro de pneumonia, mas levou o caso para o colega. “Com muita delicadeza, Roberto mostrou que meu diagnóstico estava errado”.
“Não tinha quem não gostasse dele”, reforça. Fato que explicava Roberto ser escolhido praticamente todos os anos como patrono ou paraninfo das turmas. Não à toa, Ricardo é autor de uma proposta para prestar uma homenagem permanente a Roberto Aires: batizar a sessão clínica ou o anfiteatro do instituto com o nome do docente que formou gerações de pediatras. “Ele merece”, observa.
A presidente da AdUFRJ, professora Eleonora Ziller, que trabalhou no IPPMG de 1991 a 2001, conta que guarda as melhores recordações do professor Roberto Aires. “Ele pertence ao elenco dos grandes clínicos e professores que fizeram a história do IPPMG” , lembra.
TRABALHOU ATÉ O FIM
O compromisso com a profissão era imenso, mas a família não ficava em segundo lugar. “Nós crescemos dividindo meu pai com o trabalho. Com os pacientes, com a docência. Ele gostava muito de ensinar”, afirma Mariana Aires, que também é médica do IPPMG. “Mas ele sempre foi um pai excelente, amoroso. Sempre tinha uma palavra de incentivo. E foi um marido maravilhoso para minha mãe”.
A postura do pai influenciou a escolha profissional não só dela, mas dos outros dois irmãos, também pediatras. E de muitos primos, que também se tornaram médicos. “Como filho mais velho de seis irmãos, meu pai influenciou vários sobrinhos. Foi um exemplo para toda família”.
Não havia separação entre trabalho e família, mesmo no ambiente doméstico. “Meu pai atendia os pacientes dentro de casa, na sala. A hora que fosse. Era algo normal, como se fosse uma extensão do consultório. Até adultos vizinhos que estivessem passando mal no prédio”, explica Mariana. “Ele trabalhou até o último dia de vida. E ele dizia isso, que queria trabalhar até o final”.
A AdUFRJ começou a coletar mais informações de todos os professores que trabalham expostos a agentes nocivos à saúde, mas não recebem os adicionais de insalubridade, periculosidade e radiação a que têm direito. O objetivo é municiar uma nova etapa das negociações com a reitoria para a concessão dos benefícios.
“Nas últimas reuniões, a reitoria pediu um detalhamento que não havia no nosso questionário eletrônico inicial, do fim do ano passado”, esclarece o professor Pedro Lagerblad, diretor da AdUFRJ. Feito o levantamento, os casos informados podem ter um encaminhamento individual ou coletivo. “No melhor cenário, podemos resolver tudo administrativamente. Ou podemos ter que resolver tudo judicialmente. Ou algo intermediário, de alguns resolvidos administrativamente e outros, via Justiça”, afirma Pedro.
O formulário eletrônico, disponível em bit.ly/direitoaoadicional, pode ser preenchido até o dia 25. O docente deve informar o nome, unidade, matrícula SIAPE, número do processo administrativo em que solicita o adicional (se houver) e se ainda trabalha submetido a algum agente prejudicial à saúde.
Para informar o número do processo, o sindicato recomenda que todos os docentes prejudicados mantenham um pedido formal no sistema da reitoria. Pode ser um recurso, quando há discordância quanto ao resultado do parecer da pró-reitoria de Pessoal, ou uma solicitação nova. “Há uma demanda reprimida. De pessoas que reclamam (por não receber o adicional), mas reclamam no corredor só”, completa o diretor.
Em paralelo à coleta de informações, a AdUFRJ encaminhou um novo ofício à reitoria. “Estamos reforçando os nossos argumentos com anexos de decisões judiciais favoráveis em casos semelhantes. E estamos incluindo uma lista de professores com dados que já conseguimos reunir”, afirma Ana Luísa Palmisciano, assessora jurídica do sindicato. “Não descartamos a ação judicial. Mas estamos vendo o que podemos resolver administrativamente ainda”, reforça.
APOSENTADORIA ESPECIAL
A concessão dos adicionais ocupacionais tem relação com outro direito dos professores que trabalham expostos a agentes nocivos à saúde: o tempo especial trabalhado nestas condições pode ser multiplicado e a pessoa pode se aposentar mais cedo
Em um segundo ofício, de forma preventiva, a AdUFRJ reivindica que este tempo especial possa ser reconhecido pela apresentação simples dos contracheques do período. A situação ainda não foi regulamentada, mas há o receio de que a administração central exija uma documentação mais detalhada e difícil de ser encontrada pelos docentes, após tantos anos.
o programa AdUFRJ no Rádio desta semana repercute a manifestação nacional do último sábado, 29 de maio. Milhares de brasileiros foram às ruas, enfrentando a pandemia, para exigir a saída de Jair Bolsonaro e o fim de sua política genocida. A presidente da AdUFRJ, professora Eleonora Ziller, fala sobre o ato realizado no Centro do Rio de Janeiro. Diretor da AdUFRJ, o professor Josué Medeiros aborda os desdobramentos políticos da ocupação das ruas pela oposição ao governo. O docente também analisa a politização das polícias, a partir da violenta repressão aos manifestantes no Recife. O programa vai ao ar toda sexta-feira às 10h, com reprise às 15h.
A AdUFRJ manifesta seu pesar aos amigos e familiares de Sérgio Mascarenhas de Oliveira (1928-2021), presidente de honra da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que faleceu no dia 31 de maio. “Sérgio, um ser humano fantástico, um educador incansável, um cidadão brasileiro íntegro e atuante politicamente, um cientista absolutamente brilhante e criativo, nos fará muita falta”, escreveu o atual presidente da SBPC, professor Ildeu Moreira de Castro. Mascarenhas graduou-se em Física pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (1952) e em Química pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1951). Foi professor titular do Instituto de Física e Química da Universidade de São Paulo, em São Carlos. Também foi professor visitante em universidades internacionais de grande prestígio. Sócio ativo da SBPC desde 1962, Sérgio Mascarenhas ocupou a vice-presidência da entidade por dois mandatos, entre 1969 e 1973 e integrou seu conselho em quatro períodos (1965-1969, 1973-1977, 1977-1981, 1983-1987).