Accessibility Tools
A SBPC celebrou o Dia Nacional da Ciência e do Pesquisador em um painel virtual com o tema “Os desafios atuais da Ciência no Brasil”. Participaram do painel representantes de diversas entidades da sociedade civil — como Academia Brasileira de Ciências, Andifes, Fórum das Centrais Sindicais, Associação Brasileira de Imprensa, Comissão Arns e CNBB — e mais de 20 deputados e senadores.
Em uma das suas últimas apresentações como presidente da SBPC, o professor Ildeu de Castro Moreira fez um balanço dos principais desafios para os pesquisadores e defensores da Educação e da Ciência no Brasil. “Não faltam desafios. Estamos vivendo um quadro de desmonte orquestrado em várias áreas do Brasil. E por trás desses interesses, ideologias e negacionismos que nos assolam há interesses econômicos fortes e poderosos, que caminham no sentido contrário ao que pretendemos, que é a redução das desigualdades no país”, disse. Ildeu começou o evento apresentando o presidente eleito da SBPC, Renato Janine Ribeiro, que assume o cargo dia 23 de julho.
A professora da UFRJ Ligia Bahia foi uma das participantes do evento, e começou a sua fala celebrando o importante papel das Ciências da Saúde no combate à pandemia. “As Ciências da Saúde tiveram muito o que dizer nesse momento de pandemia. A ampliação do espaço da Saúde no âmbito da Ciência e da Tecnologia foi conquistado em função da valorização da vida”, disse Ligia, que alertou que o movimento no Brasil tem sido no sentido contrário, onde a vida tem sido desvalorizada. Diretora regional da SBPC, a professora defendeu o papel da entidade na liderança em defesa da vida. “Nesse momento é importantíssimo que a gente permita que a SBPC continue atuando na sua inserção e liderança no pacto pela vida”.
Diversos temas mobilizaram o Conselho Universitário do dia 8, em duas sessões seguidas. Na primeira, destaque para a aprovação de uma resolução que beneficia professores e técnicos responsáveis pelo cuidado com outras pessoas, durante a pandemia. Na segunda, que modificou o estatuto da UFRJ, houve a criação do Centro Multidisciplinar no campus Macaé.
Parentalidade e equidade de gênero
O conselho flexibilizou as atividades de ensino e trabalho remoto emergencial para estudantes e servidores que exercem papel de cuidador ou cuidadora na família. A
medida beneficia, sobretudo, as mulheres sobrecarregadas pela dupla jornada durante a pandemia.
A resolução contempla responsáveis pelo “bem-estar, saúde, alimentação, higiene pessoal, educação, cultura, recreação e lazer” de crianças com 12 anos ou menos, de pessoas da terceira idade, com deficiência ou com transtorno mental. E que estejam sem rede de apoio tais como, escolas, creches e serviços afins.
Segundo o texto aprovado, a condição de cuidador ou cuidadora “deverá ser expressa mediante autodeclaração encaminhada para a chefia imediata” para pactuação de um horário especial. Além disso, “caso necessário, em situações de eventuais divergências entre as partes, caberá recurso à instância administrativa imediatamente superior”.
Centro Multidisciplinar
No Dia da Ciência, a UFRJ deu dois presentes para a sociedade. Primeiro, aprovou a criação Núcleo de Enfrentamento e Estudos de Doenças Infecciosas Emergentes e Reemergentes – Carlos Chagas. O núcleo resulta do combate à covid-19 e pretende viabilizar respostas efetivas para futuras ameaças infecciosas originadas por doenças emergentes e reemergentes. Depois, os conselheiros aprovaram o Centro Multidisciplinar UFRJ-Macaé e seus órgãos suplementares. A nova estrutura acadêmica deve fortalecer ainda mais a multidisciplinaridade daquele campus.
Viva UFRJ apresenta resultado preliminar
Criado para exploração econômica dos ativos imobiliários da universidade, o polêmico projeto Viva UFRJ reapareceu no Consuni. O professor João Carlos Ferraz, do Instituto de Economia e integrante do GT que assessora a reitoria na iniciativa, apresentou a situação atual do Viva. O docente ressaltou que uma das motivações para a empreitada, em parceria com o BNDES, é a conjuntura orçamentária. Segundo Ferraz, independentemente de governo, nada indica que haverá o financiamento externo necessário para o investimento em infraestrutura da UFRJ.
No momento, o projeto está em fase final de avaliações do uso das áreas da UFRJ. Estão sendo estudados terrenos na Cidade Universitária, na Praia Vermelha e um prédio tombado da universidade na Praça da República. Em seguida, a universidade precisará decidir quais atividades poderão (ou não) ser autorizadas nesses locais e que contrapartidas serão exigidas. Na fase final, haverá as licitações e rodadas de negócio com as empresas interessadas.
O vice-reitor, Carlos Frederico Rocha, considerou que o Viva UFRJ “é uma ferramenta de planejamento importante que permite à universidade chegar até o final do processo e às licitações, caso assim desejar”. Mas, destacou que o projeto será avaliado pelas instâncias decisórias da universidade. Segundo o vice-reitor, a contribuição do Viva UFRJ também será remetida e adequada ao debate do Plano Diretor da universidade.
Novo ensino médio
A universidade é contra a extinção da obrigatoriedade do ensino de Química, Física e Biologia no ensino médio. O Consuni manifestou preocupação em relação à proposta da Secretaria Estadual de Educação do Estado do Rio de tornar as disciplinas opcionais, a partir do projeto “Novo Ensino Médio” do MEC.
Vinte e nove professores responderam ao segundo formulário eletrônico produzido pela AdUFRJ para identificar quem tem direito aos adicionais de insalubridade, periculosidade e radiação, mas não está recebendo os respectivos valores da universidade. O levantamento atual, mais detalhado que o realizado no fim do ano passado, vai ajudar o sindicato na resolução do problema junto à reitoria.
“Pretendemos implementar soluções administrativas onde for possível ou caminhar para judicialização quando não houver acordo, o que só será possível com os novos dados solicitados”, explica o professor Pedro Lagerblad, diretor da AdUFRJ.
Mas, em qualquer cenário, enfatiza o diretor, é importante que o professor esteja com um processo formal aberto para obter o benefício. Que pode ser uma solicitação nova ou um recurso, quando o pedido inicial foi rejeitado.
A diretoria ainda avalia as respostas recebidas, mas os relatos reproduzem as situações já registradas em edições anteriores do Jornal da AdUFRJ. Os casos mais comuns são os de docentes que assumem cargos de chefia ou coordenação de curso e, mesmo não se afastando das atividades de laboratório, perdem os adicionais. Ou a perda do benefício ocorre por perícias inconclusivas, uma vez que os técnicos e engenheiros de segurança do trabalho não possuem os equipamentos para realizar a medição dos agentes nocivos nos laboratórios.
Pedro não descarta uma reabertura do formulário eletrônico e uma busca ativa dos docentes prejudicados para ampliar o levantamento feito pelo sindicato. “No inicial, 61 pessoas se identificaram, mas só nove complementaram as informações agora”, afirma. “Por outro lado, é bom sinal que 20 novos professores apareceram nesta segunda leva”.
A demissão de cinco funcionários da limpeza no Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza ganhou ampla repercussão no Conselho Universitário desta quinta-feira, dia 8. Existe a suspeita de perseguição política, já que, entre os dispensados, está Luciana Calixto, uma das diretoras da Associação dos Trabalhadores Terceirizados da
UFRJ (Attufrj).
A AdUFRJ solidarizou-se com os trabalhadores e cobrou explicação urgente sobre as demissões.
A suspeita de perseguição política é reforçada pelo fato de não ter havido cortes no contrato com a empresa que assumiu a limpeza do CCMN, como explica uma nota da própria Attufrj, disponível no site da AdUFRJ. A Attufrj acrescenta que Luciana trabalhava nas dependências do Instituto de Geociências, vinculada ao CCMN, há mais
de uma década.
Durante o Consuni, a reitora Denise Pires de Carvalho manifestou solidariedade com os funcionários demitidos, mas esclareceu que a administração central não pode interferir nas decisões de uma empresa terceirizada. “Ela decide quem contrata ou não. Nós não podemos direcionar a contratação de pessoas, sob pena de respondermos judicialmente”. A dirigente, no entanto, ressaltou que a denúncia de perseguição política deve ser apurada e convidou a Attufrj e demais entidades representativas interessadas para uma reunião sobre o tema.

O programa AdUFRJ no Rádio desta semana recebe os professores Eleonora Ziller e Felipe Rosa, presidente e vice-presidente do sindicato, para debater os efeitos dos atos de rua no momento em que o Planalto está acuado por sucessivos e graves escândalos envolvendo a compra de vacinas. Ir para as ruas, defendem os docentes, é uma forma de pressionar o presidente da Câmara, Arthur Lira, para que ele aceite o pedido de impeachment do presidente Bolsonaro. No Café com Ciência e Arte, a professora Maria Paula Araújo, do Instituto de História, compara as manifestações contra Bolsonaro com as manifestações de 1968 no Brasil. O programa vai ao ar toda sexta-feira, às 10h, com reprise às 15h.