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Arquivo/Agência BrasilPor Estela Magalhães
Mais um golpe na Ciência. Aprovada na Câmara dos Deputados e no Senado Federal em agosto, a Medida Provisória nº 1.112/2022, agora convertida na Lei 14.440, permite às empresas que financiam a pesquisa na área de petróleo e gás redirecionar os recursos para a substituição da frota de caminhões. “Em vez de buscar fontes de recursos compatíveis, de transporte, ele retira da pesquisa, o que é um absurdo”, diz Fernando Peregrino, presidente do Conselho Nacional das Fundações de Apoio às Instituições de Ensino Superior e de Pesquisa Científica e Tecnológica (Confies).
Peregrino alerta que a UFRJ deve ser a instituição mais impactada pela medida, já que é grande usuária do financiamento. “Temos 170 laboratórios construídos com esses recursos, com equipe, bolsistas e pesquisadores contratados para aperfeiçoar essa tecnologia. Mas isso vai reduzir, porque ofereceram que as empresas petroleiras aplicassem seu fundo na sucata em vez de na pesquisa”, lamenta. O Programa de Aumento da Produtividade da Frota Rodoviária no País ficou conhecido como MP da Sucata.
“Somos o maior parceiro tecnológico das empresas de óleo e gás no país e a instituição com maior infraestrutura montada para atuação nessa área”, reforça o professor Romildo Toledo, diretor da Coppe. Ele explica que as empresas ainda vão poder optar pela adesão ao novo programa. “Não vejo nenhuma vantagem para as empresas deixarem de investir em projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação, que trazem benefícios inegáveis para os negócios”, diz.
O investimento na pesquisa em óleo e gás permitiu a implementação de uma estrutura utilizada para diversas áreas da ciência, que também seriam afetadas caso os laboratórios perdessem sua capacidade operacional. “Principalmente no momento que estamos vivendo de transição energética, muitas questões para descarbonização, empresas optando pela energia limpa, o investimento em pesquisa é fundamental para o sucesso dessas políticas”, explica o professor.
Agora, o esforço dos cientistas está voltado para a contenção de danos. O objetivo é conscientizar as empresas sobre a importância da pesquisa para que elas não optem pela adesão ao Renovar. “A comunidade científica se manifestou, visando impedir a aprovação da medida provisória, e temos nos dirigido às empresas para que elas continuem investindo na execução do projeto de pesquisa de desenvolvimento e inovação”, completa Romildo.
“É com certeza mais um ataque contra a pesquisa e a educação no Brasil. Esse governo não dá valor à educação, à cultura e nem à ciência”. Para o ex-ministro da Educação Renato Janine Ribeiro, a MP apresenta às empresas uma vantagem a curto prazo, mas uma desvantagem a longo prazo. “Ela pode economizar mais trocando a frota, que é algo mais rápido do que o financiamento da pesquisa, mas não traz os resultados no desenvolvimento e inovação a médio e longo prazos”.
Acontece neste sábado (10) a aula inaugural do Curso André Rebouças, projeto de educação de Exatas criado por estudantes de Engenharia do Coletivo Força Motriz, em parceria com o Clube de Engenharia e o Sindicato dos Engenheiros. A ideia do coletivo é promover iniciativas de inclusão social e fomento à cidadania. A atividade está marcada para o auditório do Senge, às 14h.
O Curso André Rebouças foi criado para ajudar estudantes cotistas que dividam o tempo entre a faculdade e um trabalho ou que atravessem qualquer outra dificuldade durante o curso. A disciplina de Cálculo é uma enorme barreira para os estudantes, com índices de reprovação altos. Na avaliação do Força Motriz, as constantes reprovações na disciplina levam muitos alunos a desistir dos cursos. Com menos pressão e mais didática, o foco das aulas será dar máxima atenção individual para cada aluno, acompanhando sua evolução e suas dúvidas.
O desafio agora é conseguir aumentar o número de professores participando da iniciativa. “Como a demanda de alunos foi grande, estamos precisando abrir mais de uma turma, daí faltam professores. Fora que, como um dos focos do curso é dar mais atenção individual para os alunos, ter mais educadores é fundamental”, contou Pedro Enrique Monforte Brandão Marques, mestrando do Programa de Engenharia Metalúrgica e de Materiais da Coppe e um dos organizadores do Força Motriz.
Os professores interessados em participar do Curso André Rebouças podem se inscrever através de um formulário eletrônico disponível no endereço bit.ly/formcursoandrereboucas.
Por Estela Magalhães e Júlia Fernandes
Chega de andar em ônibus com vidros trepidando, fazendo barulho, poluindo o ar. O sonho de trafegar pela Cidade Universitária no silencioso MagLev, trem de levitação magnética da UFRJ, ficou um pouquinho mais próximo de se tornar realidade após um concurso realizado em parceria entre a Coppe, a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) e a Escola Politécnica.
Um dos pré-requisitos da disputa era a criação de nova rota ligando o Parque Tecnológico ao prédio da FAU. O trecho tem por volta de um quilômetro — contra os 200 metros da linha existente na Coppe — e funcionará como uma prova de fogo do MagLev, com o mínimo necessário para mostrar sua aplicação em qualquer lugar da cidade. “O trajeto vai permitir que a gente teste velocidades maiores e mostre o desempenho do veículo nas inclinações e em curva”, explica o professor Richard Stephan, orientador do concurso e coordenador do Projeto MagLev-Cobra.
A professora Patrícia Lassance, da FAU, coordenadora do concurso, destacou a interdisciplinaridade proporcionada pela competição. “É muito importante que os estudantes tenham essa experiência do contato com outras profissões. A cabeça do arquiteto e urbanista precisa ser multidisciplinar. A universidade é lugar de unir conhecimentos”, diz. “Os estudantes propuseram um estudo inicial das estações, assim como o design das vias elevadas. Esperamos que possamos implementar o projeto vencedor junto com professores especialistas no assunto, e estamos batalhando para isso”, completa.
EQUIPE VENCEDORA “Caminhos Sustentáveis”pensou toda a estrutura, incluindo estações e espaços de lazer da nova rotaFormada por estudantes de graduação e pós de diferentes cursos, a equipe “Caminhos Sustentáveis” pensou toda a estrutura, incluindo estações e áreas de lazer, e venceu o concurso. “A gente tentou reduzir ao máximo o impacto ambiental do concreto. Utilizamos resíduos provenientes de construção e demolição de casas e edifícios”, explica Matheus Tinoco, doutorando em Engenharia Civil e coordenador da equipe. “Em relação à energia, utilizamos painéis solares ao longo de toda a via elevada, e também no próprio MagLev, para que ele fosse autossuficiente. Nas estações, utilizamos coletores de água da chuva para reaproveitá-la nos banheiros”, acrescenta.
O material do trem também foi pensado para ser diferente do convencional. “Como um dos quesitos da competição era trazer esses materiais inovadores, para a estrutura do veículo, resolvemos adotar um polímero reforçado com fibra de vidro, que é um material semelhante àqueles usados em aviões e em cascos de navios.”, afirma Matheus. Apesar do gasto inicial maior, é um investimento. “Como se tem menos manutenção, o custo acaba sendo menor. A gente também tem que pensar a longo prazo, fazer uma estrutura durável que não precise ficar pintando ou construindo o tempo todo”.
PREÇO COMPETITIVO
Colocar o projeto em prática é um desafio, ainda mais em tempos tão duros para a Ciência. Mas a ideia é competitiva no mercado. Segundo o professor Richard Stephan, o custo de implementação do projeto seria de R$ 50 milhões para o trecho de um quilômetro. Uma tremenda vantagem em relação ao VLT, do Centro do Rio, que custou por volta de R$ 80 milhões pela mesma distância.
VOLTA EM 2023 O professor Richard (à esq.) apresenta uma parte do MagLev, que passa por reformaPresente no Plano Diretor 2030 da UFRJ, o Maglev deveria ligar a estação do BRT ao Parque Tecnológico. “Queremos concretizar essa linha, que poderá ser expandida para obedecer às diretrizes do Plano Diretor e transformará a Cidade Universitária num exemplo de cidade do futuro, colocando a Ilha do Fundão no circuito turístico da cidade do Rio de Janeiro”, explica o professor. “Que as pessoas não venham só visitar o Corcovado, mas também a Cidade Universitária”, propõe.
MAGLEV EM REFORMA
O trecho existente do MagLev foi inaugurado em 2015 e transportou mais de 20 mil pessoas. Liga os prédios do Centro de Tecnologia (CT1 ao CT2) e está paralisado desde 2020 por conta da Covid-19. Agora, a linha passa por uma reforma e voltará a funcionar em outubro de 2023, no Dia do Professor. “O veículo será automático. Não vai depender de um piloto como o antigo. Vamos mudar de um veículo artesanal para um industrial”, explica o professor Richard. Ele também poderá ser usado diariamente, e não só em demonstrações como era antes.
Técnico de manutenção do MagLev, Edeval Vieira destaca a importância desse trecho para o desenvolvimento do projeto. “Saiu do laboratório, fizemos esse trecho, agora existe o projeto para um espaço ainda maior. Essa é a evolução, e tudo começa no laboratório”, diz.
O MagLev, sigla para “Magnetic Levitation”, indica que ele funciona por meio da força magnética. Tem baixo consumo de energia, não emite gases poluentes, e é mais silencioso que os outros transportes sobre trilhos. “A roda é um símbolo de evolução humana, um verdadeiro salto, mas hoje em dia já temos coisas melhores. Todo o peso dos trens está concentrado nos pontos de contato, das rodas com os trilhos. No MagLev, o peso é distribuído ao longo do veículo, o que torna a infraestrutura mais leve e as vias elevadas mais esbeltas”, explica o professor Richard. A tecnologia de levitação magnética já é utilizada comercialmente em três países: China, Coreia do Sul e Japão. No entanto, essses projetos empregam uma técnica de levitação com forças atrativas, que exige sistemas de controle, sensores, atuadores e suporte em caso de falta de energia. A proposta do MagLev-Cobra aproveita novos materiais disponibilizados apenas na virada do século XX para o Século XXI (supercondutores e ímãs).
Por Estela Magalhães
A UFRJ é a terceira melhor universidade da América Latina, atrás apenas da USP e da Universidade Nacional Autônoma do México. A informação é do EduRank, ranking independente baseado em métricas de 14.131 universidades de 183 países. Nesse estudo, foram classificadas as 100 melhores instituições da América Latina com base em sua reputação, desempenho em pesquisa e impacto de ex-alunos.
“Esse resultado mostra a competência dos professores da UFRJ em números”, diz a professora Denise Freire, pró-reitora de Pós-graduação e Pesquisa (PR-2). “Entrando nos rankings, podemos dizer para a sociedade que estamos muito bem e que prestamos um serviço para a sociedade que volta para ela na forma de inovação, pesquisa e formação de excelência”, completa.
Em 2020, a PR-2 criou o escritório de Gestão de Indicadores de Desempenho (GID), que passou a coletar e sistematizar dados para envio aos diferentes rankings, bem como propor soluções para melhorar o desempenho da UFRJ. “Os rankings também nos ajudam a identificar nossos pontos fracos e fortes. Esse diagnóstico nos permite projetar políticas públicas para melhorar os pontos que estão ao nosso alcance”, afirma Denise.
No caso do EduRank, os dados não foram disponibilizados pelas universidades. “Diversos rankings não coletam dados das instituições. Usam dados públicos ou coletados por terceiros”, explicou a professora Daniela Uziel, coordenadora do GID.
A AdUFRJ lamenta o falecimento do professor Maurício Lissovsky, da Escola de Comunicação, ocorrido em 25 de agosto. O docente era autor de vasta obra ligada aos temas de história visual e teoria da imagem. A ECO declarou luto oficial de três dias e adiou as atividades do ECOmeço para o dia 5 de setembro. “Nos solidarizamos com a dor de sua família e todas as pessoas que o amavam”, afirmou a direção da ECO.
Lissovsky foi historiador, redator e roteirista. Mestre e doutor em Comunicação pela UFRJ, fez estágio de pós-doutoramento no Birkbeck College/Universidade de Londres. Pesquisador do CNPq, integrou o Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura da UFRJ. Foi pesquisador-visitante no Plas/Princeton University e professor-visitante na Federal de Pernambuco (UFPE), além de coordenador da área de Comunicação e Informação na Capes. A diretoria expressa solidariedade à família e aos amigos neste difícil momento.