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Após dois anos de pandemia e medidas de isolamento social, o reencontro. Em abril de 2022, a UFRJ retomou as atividades presenciais de forma ampla. Um retorno recheado de abraços, conversas nos corredores e, também, de muitas preocupações.
Professores, técnicos e alunos voltaram a frequentar instalações com problemas antigos de infraestrutura. Ainda em maio, o professor Cláudio Cerqueira Lopes, titular do Instituto de Química, ficou preso no único elevador que funcionava no Bloco A do Centro de Tecnologia por uma hora e vinte minutos.
O triste incidente foi apenas um dos reflexos da asfixia orçamentária a que foi submetida a maior universidade federal do país. As verbas, que já eram insuficientes para um funcionamento adequado da UFRJ, sofreram sucessivos cortes ao longo do ano. Estudantes ficaram sem bolsa, terceirizados e extraquadros ficaram sem salário. A Instituição quase entrou em colapso, nos últimos dias de dezembro.
Quase. Unida, a comunidade acadêmica conseguiu pressionar pelo desbloqueio de parte dos recursos e resistiu até o fim do desgoverno Bolsonaro. Agora, espera por dias melhores.
Alexandre Medeiros e Júlia FernandesFoi uma jornada para corações fortes. Sob o impacto da invasão da Ucrânia pela Rússia, em fevereiro, 2022 trouxe um longo percurso de percalços para o Brasil no campo político, acentuando graves problemas econômicos e sociais que foram o pano de fundo da disputa presidencial entre Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro: alta da inflação e nos preços de combustíveis e alimentos, com 33 milhões de brasileiros em situação de insegurança alimentar. A campanha eleitoral foi abordada pelo Jornal da AdUFRJ em seus múltiplos aspectos, desde os ataques do governo Bolsonaro às universidades e à democracia até a formação de uma grande corrente de forças progressistas, da qual a diretoria do sindicato se orgulha de ter feito parte desde os primórdios, que levou à vitória de Lula em 30 de outubro. Chegamos ao fim de um ano marcado por violência política, ameaças de golpe e fake news, mas nada disso foi capaz de conter a alegria que tomou conta das ruas do país após a confirmação pelo TSE da consagração de Lula nas urnas. Que as trevas fiquem para trás.
As cenas violentas promovidas por bolsonaristas em Brasília, no dia da diplomação do presidente Lula, precisam de respostas contundentes. Os golpistas atacaram a sede da Polícia Federal, queimaram carros, ônibus e deixaram o rastro de destruição que desejavam para a democracia. Não conseguiram. Não conseguirão.
O ano que não vai deixar saudade também foi intenso no campo sindical. Uma série de lutas foi travada pela AdUFRJ em defesa dos professores. As novidades são duas ações que o sindicato move na justiça. A primeira, de 15 de dezembro, exige o reconhecimento de promoções e progressões de docentes tanto do magistério superior, quanto do EBTT. O sindicato pede que a Justiça anule os efeitos da Resolução 134 do Consuni, de 24 de novembro deste ano, que limitou os direitos dos professores.
Outra ação, protocolada no último dia 19, exige que a UFRJ garanta os adicionais ocupacionais para os professores que trabalham com agentes nocivos. “Desde a gestão passada, a AdUFRJ vem lutando muito em relação à insalubridade. Sobre este tema, não conseguimos avançar muito no campo administrativo, porque esbarramos em uma série de condições que o Ministério do Planejamento exige e que não há suporte na lei”, aponta o professor João Torres, presidente do sindicato. O docente, no entanto, está otimista em relação às progressões. “Estamos em negociações e tenho impressão de que nós vamos conseguir reverter as perdas em breve”, acredita.
A atuação da AdUFRJ, no entanto, não se limitou a ações na Justiça. O sindicato esteve presente na acolhida das demandas dos professores. Houve ampliação da carteira de convênios e dos planos de saúde.
Relembre conosco os assuntos que mais marcaram nossa trajetória no campo sindical ao longo de 2022.
No fim de um ano tão turbulento, uma boa notícia para os docentes da UFRJ. Em breve, a AdUFRJ vai oferecer aos sindicalizados um serviço de assessoria para os processos de progressão ou promoção na carreira docente. A ideia é ajudar os colegas na coleta de documentos necessários, na formatação do relatório de atividades e na tramitação no Sistema Eletrônico de Informações (SEI) da universidade.
“O SEI ainda é muito complicado. Principalmente para os professores que têm menos facilidade com computadores. Além disso, temos recebido muitas queixas sobre documentos que precisam ser anexados aos processos”, afirmou o presidente da AdUFRJ, professor João Torres. “Alguns institutos pedem portaria de nomeação ou diploma, em cada avaliação. Outros pedem declaração que já está no Sistema de Gerenciamento Acadêmico (SIGA). Nós reclamamos muito da burocracia dos órgãos de controle e das agências de financiamento. E, no nosso dia a dia na universidade, exigimos coisas que são absurdas”.
A falta de uma padronização na UFRJ contribui para o problema. “Durante três anos, fui presidente da comissão de avaliação permanente do Instituto de Física. A quantidade de documentos que exigimos comparada com outras unidades é muito menor. A Comissão Permanente de Pessoal Docente (CPPD) poderia sugerir a diminuição dessa quantidade de documentos”, completou João.
A proposta foi apresentada à CPPD em reunião realizada no dia 9 (leia mais nas páginas 6 e 7). Ex-presidente e ainda integrante da comissão, o professor Fábio Araujo concorda com a simplificação dos procedimentos. O docente argumenta que o excesso de documentação não parte da CPPD. “O que acontece é que cada unidade cria sua regra interna. O docente informou que a comissão, recentemente, enviou um ofício “para as unidades serem práticas”.
O SEI também está em debate na própria comissão. Presidente da CPPD, o professor Celso Ramalho trata do assunto com os administradores do sistema. “Ele tem que nos beneficiar; não nos dificultar. Uma coisa que pensamos é que o SEI poderia emitir um alerta para o docente avisando que o tempo de interstício vai vencer”, exemplificou.
UM DIA POR SEMANA
O agendamento do serviço deverá funcionar nos mesmos moldes do plantão jurídico: via whatsapp, pelo contato da AdUFRJ. A princípio, será reservado um dia por semana para o atendimento, que poderá ser presencial ou virtual.