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WhatsApp Image 2021 06 04 at 18.54.11Foto: Arquivo da famíliaA gentileza em forma de professor e médico dono de dedicação incansável aos pacientes do Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira, IPPMG. Esse é o retrato de Roberto Aires, morto no último dia 28, aos 80 anos, de causas naturais.
“Roberto foi um dos maiores exemplos da forma cuidadosa, carinhosa e extremamente competente de atuar na pediatria”, afirma o professor Hélio Rocha. Segundo ele, características herdadas do convívio com César Pernetta, diretor do IPPMG no fim da década de 1960, e um dos maiores nomes da especialidade. “Roberto sempre foi uma pessoa extremamente acolhedora, que buscou o diálogo”, completa.
“Uma vez, estive na casa dele para um churrasco, com piscina. Naquela época, nem tinha celular. Mas ele levava uma extensão do telefone para onde estivesse. Não se recusava a atender paciente em hora alguma”, relata Hélio, aluno de Roberto na década de 1970. ˜Ele coordenou a sessão clínica solene do IPPMG durante mais de 15 anos — a sessão, realizada semanalmente, reúne todo o corpo clínico do hospital para discutir os casos mais difíceis˜.
Ex-diretor do IPPMG de 1994 a 2002, o professor Luiz Afonso Henrique Mariz se soma à legião de admiradores do colega recém-falecido e ressalta a forma peculiar de Roberto compartilhar o conhecimento. ˜Ele fazia comparações com casos atendidos no próprio IPPMG. Tinha uma experiência enorme. Em situações que a gente olhava assombrado, o Roberto sempre oferecia um comentário a mais”, diz.

HOMENAGEM
“Roberto juntava conhecimento, simplicidade e educação. Era um modelo para todos nós”, avalia Ricardo Barros, diretor adjunto de Atividades Assistenciais do IPPMG. Um exemplo pessoal mostra este cuidado: quando o filho apresentou febre, Ricardo, então com poucos anos de formado, acreditou se tratar de um quadro de pneumonia, mas levou o caso para o colega. “Com muita delicadeza, Roberto mostrou que meu diagnóstico estava errado”.
“Não tinha quem não gostasse dele”, reforça. Fato que explicava Roberto ser escolhido praticamente todos os anos como patrono ou paraninfo das turmas. Não à toa, Ricardo é autor de uma proposta para prestar uma homenagem permanente a Roberto Aires: batizar a sessão clínica ou o anfiteatro do instituto com o nome do docente que formou gerações de pediatras. “Ele merece”, observa.
A presidente da AdUFRJ, professora Eleonora Ziller, que trabalhou no IPPMG de 1991 a 2001, conta que guarda as melhores recordações do professor Roberto Aires. “Ele pertence ao elenco dos grandes clínicos e professores que fizeram a história do IPPMG” , lembra.

TRABALHOU ATÉ O FIM
O compromisso com a profissão era imenso, mas a família não ficava em segundo lugar. “Nós crescemos dividindo meu pai com o trabalho. Com os pacientes, com a docência. Ele gostava muito de ensinar”, afirma Mariana Aires, que também é médica do IPPMG. “Mas ele sempre foi um pai excelente, amoroso. Sempre tinha uma palavra de incentivo. E foi um marido maravilhoso para minha mãe”.
A postura do pai influenciou a escolha profissional não só dela, mas dos outros dois irmãos, também pediatras. E de muitos primos, que também se tornaram médicos. “Como filho mais velho de seis irmãos, meu pai influenciou vários sobrinhos. Foi um exemplo para toda família”.
Não havia separação entre trabalho e família, mesmo no ambiente doméstico. “Meu pai atendia os pacientes dentro de casa, na sala. A hora que fosse. Era algo normal, como se fosse uma extensão do consultório. Até adultos vizinhos que estivessem passando mal no prédio”, explica Mariana. “Ele trabalhou até o último dia de vida. E ele dizia isso, que queria trabalhar até o final”.

WhatsApp Image 2021 05 21 at 22.50.10 1o programa AdUFRJ no Rádio desta semana repercute a manifestação nacional do último sábado, 29 de maio. Milhares de brasileiros foram às ruas, enfrentando a pandemia, para exigir a saída de Jair Bolsonaro e o fim de sua política genocida. A presidente da AdUFRJ, professora Eleonora Ziller, fala sobre o ato realizado no Centro do Rio de Janeiro. Diretor da AdUFRJ, o professor Josué Medeiros aborda os desdobramentos políticos da ocupação das ruas pela oposição ao governo. O docente também analisa a politização das polícias, a partir da violenta repressão aos manifestantes no Recife. O programa vai ao ar toda sexta-feira às 10h, com reprise às 15h.

WhatsApp Image 2021 06 04 at 18.54.07A AdUFRJ manifesta seu pesar aos amigos e familiares de Sérgio Mascarenhas de Oliveira (1928-2021), presidente de honra da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que faleceu no dia 31 de maio. “Sérgio, um ser humano fantástico, um educador incansável, um cidadão brasileiro íntegro e atuante politicamente, um cientista absolutamente brilhante e criativo, nos fará muita falta”, escreveu o atual presidente da SBPC, professor Ildeu Moreira de Castro. Mascarenhas graduou-se em Física pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (1952) e em Química pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1951). Foi professor titular do Instituto de Física e Química da Universidade de São Paulo, em São Carlos. Também foi professor visitante em universidades internacionais de grande prestígio. Sócio ativo da SBPC desde 1962, Sérgio Mascarenhas ocupou a vice-presidência da entidade por dois mandatos, entre 1969 e 1973 e integrou seu conselho em quatro períodos (1965-1969, 1973-1977, 1977-1981, 1983-1987).

WhatsApp Image 2021 06 04 at 18.54.08 4A AdUFRJ começou a coletar mais informações de todos os professores que trabalham expostos a agentes nocivos à saúde, mas não recebem os adicionais de insalubridade, periculosidade e radiação a que têm direito. O objetivo é municiar uma nova etapa das negociações com a reitoria para a concessão dos benefícios.
“Nas últimas reuniões, a reitoria pediu um detalhamento que não havia no nosso questionário eletrônico inicial, do fim do ano passado”, esclarece o professor Pedro Lagerblad, diretor da AdUFRJ. Feito o levantamento, os casos informados podem ter um encaminhamento individual ou coletivo. “No melhor cenário, podemos resolver tudo administrativamente. Ou podemos ter que resolver tudo judicialmente. Ou algo intermediário, de alguns resolvidos administrativamente e outros, via Justiça”, afirma Pedro.
O formulário eletrônico, disponível em bit.ly/direitoaoadicional, pode ser preenchido até o dia 25. O docente deve informar o nome, unidade, matrícula SIAPE, número do processo administrativo em que solicita o adicional (se houver) e se ainda trabalha submetido a algum agente prejudicial à saúde.
Para informar o número do processo, o sindicato recomenda que todos os docentes prejudicados mantenham um pedido formal no sistema da reitoria. Pode ser um recurso, quando há discordância quanto ao resultado do parecer da pró-reitoria de Pessoal, ou uma solicitação nova. “Há uma demanda reprimida. De pessoas que reclamam (por não receber o adicional), mas reclamam no corredor só”, completa o diretor.
Em paralelo à coleta de informações, a AdUFRJ encaminhou um novo ofício à reitoria. “Estamos reforçando os nossos argumentos com anexos de decisões judiciais favoráveis em casos semelhantes. E estamos incluindo uma lista de professores com dados que já conseguimos reunir”, afirma Ana Luísa Palmisciano, assessora jurídica do sindicato. “Não descartamos a ação judicial. Mas estamos vendo o que podemos resolver administrativamente ainda”, reforça.

APOSENTADORIA ESPECIAL
A concessão dos adicionais ocupacionais tem relação com outro direito dos professores que trabalham expostos a agentes nocivos à saúde: o tempo especial trabalhado nestas condições pode ser multiplicado e a pessoa pode se aposentar mais cedo
Em um segundo ofício, de forma preventiva, a AdUFRJ reivindica que este tempo especial possa ser reconhecido pela apresentação simples dos contracheques do período. A situação ainda não foi regulamentada, mas há o receio de que a administração central exija uma documentação mais detalhada e difícil de ser encontrada pelos docentes, após tantos anos.

 

WhatsApp Image 2021 05 27 at 19.31.04 1Essa pergunta tem várias respostas.

Porque, após alguns poucos atos isolados, esse é o primeiro protesto simultâneo de rua desde o início da pandemia que já causou mais de 450 mil mortes no país. Com atenção redobrada a protocolos de segurança, como o uso de máscaras adequadas e de álcool em gel e o distanciamento entre as pessoas, atos estão previstos para ao menos 85 cidades brasileiras. É um bom (re)começo.

Porque as universidades públicas brasileiras são alvos preferenciais do presidente Jair Bolsonaro. A UFRJ, a maior delas, só tem verbas para funcionamento até setembro. Produtoras de algo que os negacionistas abominam — o conhecimento —, elas tiveram seus orçamentos drasticamente cortados em 2021, e esses orçamentos devem ser recompostos, sob pena de serem ainda menores em 2022. Porque nem a UFRJ, nem qualquer outra universidade pública do país, vai fechar.

Porque o governo Bolsonaro apostou na imunidade de rebanho por meio da contaminação da população, e não da vacinação. A CPI da Pandemia, em curso no Senado, vem evidenciando que o governo fez de Manaus seu laboratório de testes, onde muitos pacientes infectados pelo coronavírus morreram por falta de oxigênio. Porque este é um governo liderado por um presidente genocida.

Porque não há vacinas para todos e muitas vidas poderiam ter sido salvas se o governo federal tivesse se empenhado em adquirir imunizantes ainda no ano passado. Ainda hoje as fábricas do Instituto Butantan e da Fiocruz se ressentem da falta de insumos básicos para a produção da Coronavac e da Oxford/AstraZeneca. Esses insumos vêm da China, a quem Bolsonaro já acusou até de fazer guerra química. WhatsApp Image 2021 05 27 at 19.27.21 1

Porque muitas famílias brasileiras estão passando fome, pois atravessaram os dois primeiros meses deste ano sem qualquer ajuda do governo federal, e agora recebem auxílio emergencial insuficiente, no máximo de R$ 375. Porque o desemprego é a realidade de 14,8 milhões de brasileiros, na maior taxa já registrada na série histórica do IBGE, iniciada em 2012.

Porque a juventude vai à luta. Diretor da AdUFRJ, e vice-presidente da UNE de 2005 a 2007, o professor Josué Medeiros aponta a força do movimento estudantil como mola propulsora dos atos. “O movimento estudantil está presente em grandes e pequenas cidades, em universidades públicas e privadas, é fundamental nessa mobilização. Só as ruas vão nos dar a força para mudar esse quadro, e a energia dos estudantes é vital para garantir a democracia em nosso país. Vamos a partir desse ato fazer um rio de asfalto e gente”, avalia Josué, citando um verso da inspiradora canção de Milton Nascimento, Lô Borges e Márcio Borges.

Porque a negação da Ciência e os ataques à Educação partem de um governo que não tem apreço pela vida. Para a presidente da AdUFRJ, professora Eleonora Ziller, ir às ruas nesse momento é “quase uma imposição”. “Será uma demonstração do Brasil sério, consciente, responsável, solidário e cuidadoso com o próximo. Vamos lutar em defesa da democracia e da vida de uma forma amorosa e cuidadosa. Vamos parar essa máquina de destruição e de morte e encontrar os nossos sonhos”, defendeu Eleonora, que lembrou um verso de Carlos Drummond de Andrade que pode ser a última resposta à pergunta inicial dessa página.

Porque havemos de amanhecer.

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