O Salão Pedro Calmon, no campus da Praia Vermelha, foi o palco de uma celebração especial, na noite do último dia 24: o aniversário de 88 anos da ex-deputada federal e professora emérita da UFRJ, Maria da Conceição Tavares. Teve bolo e flores para a homenageada. Mas o grande presente, para ela e para o público, foi o lançamento de um documentário sobre sua vida e obra.
Ao longo de 72 minutos de “Livre Pensar”, título da recém-produzida cinebiografia, o espectador pode acompanhar a obstinada trajetória da economista em defesa da justiça social. Uma busca que acontece nas universidades onde deu aulas, no Congresso Nacional e no governo de José Sarney. Em uma das entrevistas, de 1995, reproduzidas no filme, a professora critica o discurso de que uma economia precisa, primeiro, estabilizar, depois crescer e depois distribuir: “Nem estabiliza, cresce aos solavancos, e não distribui. E essa é a história da economia brasileira desde o pós-guerra”, criticou à época. Ao final da exibição, a homenageada soprou as velinhas de um bolo, fez um breve discurso de agradecimento e elogiou o trabalho do cineasta José Mariani.
“No meu caso, os filmes vão se desdobrando, um vai gerando o outro. Fiz um filme sobre o Celso Furtado. Filmei um depoimento fantástico dela. Fiz outro filme, ‘Um Sonho Intenso’, filmei ela de novo. A gente vai descobrindo um caminho, essa mulher é um personagem, tem carisma”, explicou Mariani à reportagem da Adufrj. Ele contou que a cinebiografia consumiu dois anos de intenso trabalho. O alvo do filme é o público universitário, mas existem negociações para levar a obra para a TV fechada e para o circuito de cinema.
O diretor do Instituto de Economia, David Kupfer, foi só elogios para o filme e a homenageada: “A Conceição é a alma do Instituto de Economia. Sempre foi a vibração, a imaginação, o conhecimento e a combatividade das ideias daqui”, disse. Ele destacou que o filme é feito numa linguagem acessível para o público em geral. “Não é só para acadêmicos”, completou.
Maria da Conceição Tavares assistiu ao filme ao lado de Aloizio Mercadante, ex-ministro da Educação: “Eu conheci a professora Maria da Conceição Tavares, em 1975, quando ainda era estudante de Economia. São 43 anos de convivência”, afirmou. Segundo Aloizio, a economista contribuiu muito para o pensamento crítico brasileiro: “Extremamente combativa e sempre comprometida com o Brasil, com a distribuição de renda, com a justiça social. O filme vai servir como inspiração para a nova geração ter a mesma garra e o mesmo compromisso com o país”, observou.
As diretoras da Adufrj Maria Lúcia Werneck e Ligia Bahia prestigiaram o evento. Maria Lúcia Werneck, professora aposentada do Instituto de Economia, considerou muito justa a homenagem. “A própria ideia do Instituto foi dela. Ela montou isso aqui”, lembrou. Ela ressaltou a passagem do filme em que Maria da Conceição fala da tolerância com ideias diferentes: “Esse é o espírito da universidade, que, infelizmente, hoje está se perdendo”.
A vice-reitora da UFRJ, Denise Nascimento, ressaltou o simbolismo de Maria da Conceição Tavares como professora emérita da UFRJ: “Que nós possamos, esta noite, celebrar a trajetória de uma acadêmica que representa nossa universidade”.
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