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07bWEB menor1134“A pandemia não criou um novo conflito político, mas acelerou o tempo histórico dos conflitos que já existiam na política brasileira”, disse o professor Josué Medeiros, do IFCS, no último “Tamo Junto”, do dia 19. O bate-papo virtual entre os docentes, promovido pela AdUFRJ, abordou como o presidente Jair Bolsonaro usou a pandemia para avançar contra as instituições brasileiras.
Josué, que é diretor da AdUFRJ, faz parte do Núcleo de Estudos Sobre a Democracia Brasileira (NUDEB). O grupo desenvolve uma pesquisa que analisa todos os atores políticos e institucionais brasileiros no contexto da pandemia. Segundo o professor, o primeiro mês da maior crise sanitária mundial dos últimos 100 anos afetou bastante a imagem do presidente. “Ele tinha perdido o controle do próprio governo”, afirmou. “A expressão disso é a saída dos principais ministros, o Sérgio Moro da Justiça e o Luiz Henrique Mandetta da Saúde”, completou.
A hipótese do Núcleo é que, ao minimizar a pandemia e desafiar a Organização Mundial da Saúde, Bolsonaro expandiu uma dinâmica autoritária contra a sociedade. Com a saída de Moro e Mandetta e a perda de popularidade do seu governo, Bolsonaro se sentiu livre para atacar os governadores, a Polícia Federal e defender o uso da cloroquina, listou o professor. “Isso representa o avanço sobre as instituições”.
A necessidade de apoio para colocar seus planos em prática fez o presidente formalizar a aliança com o Centrão, explicou Josué. “Bolsonaro reorganizou o debate da agenda neoliberal a partir do teto de gastos”, disse. “Com isso, cria uma camada de legitimação do governo dele, apoiado na elite”, completou. Para o professor, a elite brasileira tem o projeto de reorganizar o nosso ordenamento político e jurídico, sem direitos para a população “e sem uma esquerda competitiva do ponto de vista eleitoral”.
O docente chama atenção de que aliar-se ao Centrão não é garantia de governabilidade para ninguém. “Não foi com o Collor, nem com a Dilma, nem mesmo com o Lula”. Contra o presidente, lembrou Josué, estão: uma situação internacional extremamente desfavorável, o cenário econômico arruinado, a base mais fiel bolsonarista reduzida e a insatisfação do mundo progressista. “Não é um jogo extremamente favorável, mas ele ainda está no jogo”, concluiu.

07WEB menor1133TORCIDAS ORGANIZADAS em todo o país disputam agora outro campo: o político - Foto: OAM SANTOS/FOTOS PÚBLICASQuando o bolsonarismo raivoso retornou às manifestações de rua e começou a pedir o fechamento do Congresso, do Supremo Tribunal Federal e a volta do AI 5, um adversário à altura entrou em campo. Uma rede nacional de torcedores “pela democracia” se articulou para disputar o espaço. E garantiu protestos coordenados, em ao menos 16 cidades desde o domingo, 31 de maio. De lá para cá, dezenas de debates e lives pipocaram nas mídias e redes sociais. E com a iminência de campeonatos sem torcida nos estádios, as chamadas “antifas” entram de vez no jogo político brasileiro. Sem trégua para o autoritarismo.
O contexto do protagonismo dos torcedores é analisado por especialistas. “É um fenômeno que vem chamando muita atenção, em especial, por toda estética que envolve: os fogos, os gritos, os gestuais típicos das arquibancadas. E, que causa um impacto forte quando ocupam as ruas”, explica João Malaia, docente e pesquisador da História do Esporte da Universidade Federal de Santa Maria. Segundo Malaia, embora o caldo tenha engrossado a partir de 2016, o misto entre hinos e palavras de ordem, por exemplo, já estava presente nos grandes atos de rua de 2013.
Especialista em torcidas, ele destaca dois fatores decisivos para as antifas estarem “se espalhando como um rastilho de pólvora”. O primeiro diz respeito a movimentos prévios pela “democratização das arquibancadas”. Neles, estão contidos desde os setores populares – que brigam por ingressos mais baratos e transporte público para terem acesso aos estádios – até as minorias assediadas nas entradas e saídas dos jogos, como mulheres, LGBTTs e negros.
Outro ponto importante, para o docente, se refere à criminalização dos torcedores. “Mais de uma vez, Major Olímpio (PSL) falou sobre o seu desejo de acabar com as torcidas organizadas do futebol brasileiro”, justifica. Em sua visão, a imagem das torcidas perante a sociedade é ambígua. “As mesmas imagens de vibração de massa são usadas tanto para criminalizar a torcida quanto para vender ingressos”, observa.    
 Malaia põe de lado interpretações caricatas dos torcedores que foram para rua contra o fascismo, em plena pandemia, como “jovens” ou “gente que não tem nada a perder”. “Podem não ser pessoas que assistem à Globo News. Mas certamente ouviram o apelo do Emicida para que não fossem às ruas e não levasse para dentro de casa o vírus. Além disso, todo mundo tem o que perder”, adverte.
“Muitas pessoas se surpreenderam com a entrada das torcidas organizadas no cenário da luta política pela democracia. Mas há uma tradição de diálogo desses grupos com movimentos sociais, inclusive, o sindical”, analisa o professor do Instituto de História e diretor da Universidade da Cidadania da UFRJ, Paulo Fontes.
A convite do docente, Leandro Bergamin do Coletivo Democracia Corintiana apresentou – no podcast da Rádio Cidadania, que foi ao ar no dia 10 – um pouco da origem do grupo a partir das manifestações contra o impeachment de Dilma Rousseff, em março de 2016.
“A gente achou que poderia fazer uma faixa com dizeres que remetessem à nossa história que é de luta pela democracia e valores democráticos. Fizemos uma vaquinha, cada um deu R$ 5, ou o que podia. E para nossa surpresa fez muito sucesso. Todo mundo queria tirar  foto”, conta a liderança. “A partir desse dia, achamos que podíamos fazer algo que ajudasse a transformar a sociedade, baseado nos valores dos fundadores do Corinthians, que eram operários”.  A íntegra da entrevista pode ser conferida nas redes sociais da Universidade da Cidadania.

Para o torcedor, futebol e política sempre andaram juntos

“O Rio tem a maior taxa de letalidade do país e estamos sem ministro da Saúde no meio de uma pandemia. E esses caras vão para rua pra falar em fechar o Congresso, o STF, pedir AI 5?”, reclama o vendedor Carlos Motta. Flamenguista e integrante da Democracia Rubro-Negra, ele fez parte do grupo de trinta que se contrapôs aos fascistas em Copacabana, no domingo 31. “A gente trabalha na rua todo dia. Eles chegam e saem de carro e querem ocupar esse espaço”, critica o torcedor. Para ele, futebol e política sempre andaram juntos. “Principalmente, se você é do sexo masculino, a relação com o esporte é desde criança. A sociedade te dá essa bola”, ele brinca. “Daí, você vai descobrindo com o futebol também o seu lugar na sociedade. Por que é tão difícil ir ao estádio ou ter transporte para voltar pra casa quando você é morador de periferia? Você vai percebendo seu lugar físico na sociedade”.
Carlos qualifica o processo como “exclusão do padrão FIFA”. “Quando você olha as fotos antigas de torcida e as de hoje dá pra ver que esse público cliente, público consumidor, foi tomando o lugar dos apaixonados por futebol”. O tema foi o principal ponto em um encontro nacional de torcedores, em dezembro de 2019, em Porto Alegre.
A conivência de gandes clubes com governos autoritários também é criticada. “Infelizmente, muitas diretorias estão tomadas por pessoas ligadas ao negacionismo desse governo”, lamenta o sócio do Flamengo. Como exemplo, ele cita a homenagem do clube ao general Médici, “que gostava de aproveitar o futebol para fazer suas barbaridades”. E compara: “O pedido que fizemos para colocar, na sede, a placa do Stuart Angel, atleta nosso que tá lá na Calçada da Fama do Flamengo e que foi torturado pela ditadura, ficou sem resposta”.

A UFRJ não para de produzir conhecimento para enfrentar o novo coronavírus. Um equipamento desenvolvido por doutoranda da Escola de Enfermagem e sua mãe costureira pode se tornar uma opção confiável para proteção de quem precisa sair do isolamento social. Material passa por testes de validação na Rede Brasileira de Laboratórios Analíticos em Saúde

08WEB menor1133Foto: DivulgaçãoO talento de uma filha enfermeira e de uma mãe artesã gerou um produto que pode salvar vidas. Lisandra Risi, doutoranda do Programa de Pós-graduação da Escola de Enfermagem Anna Nery (UFRJ) e professora da UERJ, e sua mãe, a costureira Luci Risi, criaram máscaras caseiras e confiáveis para proteger a população do novo coronavírus. “O que despertou o projeto foi o meu trabalho com material médico hospitalar durante 12 anos”, contou Lisandra.
Antes da pandemia, a doutoranda desenvolvia um trabalho sobre a logística de abastecimento de insumos médicos para a área de saúde no revéillon do Rio. “Agora, nem sabemos se vai ter revéillon este ano”, afirma o professor e orientador Alexandre Oliveira. A situação não era favorável, mas Lisandra soube aproveitar o momento de crise para dar novo rumo à pesquisa. “Me incomodou o desabastecimento dos hospitais universitários, que estavam com estoques contados. Comecei a pensar: ‘E se nós tivéssemos algo um pouco mais efetivo com o que a gente já está vendo no mercado?’”.
Assim nasceram as máscaras LisLu20, em homenagem aos nomes das criadoras, Lisandra e Luci, e aos 200 anos da Enfermagem, completados em 2020. O equipamento possui um clipe nasal, duas camadas de tecido de algodão 100% e uma terceira camada de elemento filtrante, popularmente conhecido como coador de café. “O diferencial da máscara é a permeabilidade reduzida das gotículas externas, que perpassam o tecido se não houver o filtro de celulose”, explicou Lisandra. Para ela, o Grupo de Ensino, Pesquisa e Extensão de Saúde em Emergências e Desastres (Gepesed), conduzido pelo professor Alexandre, foi fundamental para a iniciativa. “Eles acreditaram no produto, me deram segurança para continuar os estudos e testes.”
Outras pesquisas universitárias também ajudaram. “A Universidade de Londrina fez um estudo para validar os melhores tecidos para máscaras faciais. Pegamos essa validação e usamos o tecido 100% algodão, indicado por eles”. De acordo com um estudo da Universidade Federal de Uberlândia, que avalia a eficiência de máscaras caseiras para proteção de vírus, a LisLu20 estaria classificada com o nível “muito alto”, ou seja, na mesma categoria da N95 e de máscaras cirúrgicas.
Lisandra explicou que só será possível confirmar o sucesso da máscara após os testes de validação. O processo tramita na Rede Brasileira de Laboratórios Analíticos em Saúde (Rede Reblas), que é coordenada pela Anvisa. O produto já passou no teste de permeabilidade do ar. O elemento filtrante foi de 8,6, sob aplicação de uma pressão de 125 (PA) em uma área de 20 centímetros quadrados. ”É a taxa de respirabilidade da máscara. Quanto maior esse resultado, pior, porque o ar externo passa com mais facilidade.”, explicou. “Numa máscara sem o filtro de celulose, a permeabilidade é mais alta, por exemplo.” Para preservar o ineditismo do trabalho, outros índices e comparações com materiais do mercado não podem ser divulgados, por enquanto. E ainda faltam os resultados do teste microbiológico, que devem sair no fim do mês ou no início de julho.

08aWEB menor1130“Se há uma necropolítica, uma política da morte, evidentemente há uma luta pela vida”, disse o professor Marco Mitidiero, presidente da Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Geografia, em um debate virtual do dia 16. A ideia da atividade, realizada em parceria com a AdUFRJ, era tratar do papel da Ciência e da Educação nesta disputa.
Alexandre Fortes, pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), enfatizou a contribuição das ciências acadêmicas aplicadas no enfrentamento da Covid-19. “Mas elas não se desenvolvem nem se atualizam sem o vasto campo de conhecimento que originalmente foi desenvolvido sem uma aplicação imediata pela ciência básica”, apontou.
O embate pela vida, porém, não é facilitado pelo governo Bolsonaro, como demonstra a atual posição do Brasil como um dos epicentros da pandemia no mundo.  “Nós estamos vivendo o período de maior ataque à ciência brasileira”, lamentou Mitidiero.
A elitização do espaço de ensino e da ciência também preocupa aos pesquisadores e estudantes da pós-graduação. “Os pós-graduandos estão sem reajustes há sete anos. Bolsistas residentes estão na linha de frente do combate à pandemia sem receber”, disse Flávia Calé, presidente da Associação Nacional de Pós-Graduandos. “Só quem pode produzir pesquisa no Brasil é quem tem condição de se manter”, completou.
A desigualdade se repete no ensino básico. “Os dados que saem do ensino remoto na cidade de São Paulo, no ensino básico, são aterradores: 50% dos alunos estão excluídos”, destacou a professora Maria Carlotto, da Universidade Federal do ABC.
A live do dia 16 foi o terceiro encontro de um ciclo promovido pela AdUFRJ, Associação dos Docentes da Universidade Rural (ADUR), Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Associação Nacional pela Formação dos Profissionais em Educação (Anfope) e o Fórum Nacional Popular de Educação. As atividades ocorrem todas as terças de junho.

capes3A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) encaminhou ofício às universidades informando que enviou somente metade das verbas de custeio previstas para o Programa de Apoio à Pós-graduação (PROAP). É a primeira vez na história que a pós-graduação recebe verbas PROAP no meio do ano. Normalmente, os programas recebem os valores entre março e maio. E também a primeira vez que recebe apenas a metade dos recursos. O restante deve ser liberado em setembro.

PROEX TAMBÉM perde METADE DOS RECURSOS

Os programas 6 e 7 também receberam pela metade as verbas PROEX. A justificativa da Capes para a liberação de apenas 50% do valor é que estão em estudo novas regras de distribuição desses recursos. As normas – que só devem ser apresentadas em julho – “vão corrigir distorções, valorizando os cursos melhor avaliados e com número maior de alunos”, informa a assessoria de imprensa à reportagem. De acordo com essas regras é que será distribuída a outra metade do orçamento.

REITORIA AMPLIOU PRAZO DE INSCRIÇÃO NO PIBIC-PIBIT

As pró-reitorias de Graduação e de Pós-Graduação da UFRJ ampliaram até hoje, 13 de junho o prazo para inscrições no edital do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica e do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação da UFRJ (PIBIC-PIBIT). A decisão aconteceu por problemas técnicos no sistema de inscrição para os dois programas. Apesar do adiamento nas inscrições, o resultado final do processo está mantido e deve ser divulgado a partir do dia  31 de julho.

 

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