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Reforma administrativa e ataques às jovens universidades foram os temas de debate realizado pela Seção Sindical do Andes na Universidade Federal do Sul da Bahia, dia 17. A presidente da AdUFRJ, professora Eleonora Ziller, participou. “As federais mais jovens são mais vulneráveis. Muitas já estão com reitores interventores nomeados. A reforma administrativa pode transformar essas instituições em cabides de emprego”, disse Eleonora.

“As atividades acadêmicas realizadas no PLE (período letivo excepcional) fazem parte do semestre regular 2020.1”. Esta foi a única conclusão a que chegou o Conselho de Ensino de Graduação no dia 18. A aprovação não foi unânime, mas por ampla maioria: 14 favoráveis e 4 contrários. O entendimento se tornou uma “ementa de resolução futura”, como definiu o colegiado.
A deliberação vai nortear as regras que envolverão 2020.1 e 2020.2, como a oferta de vagas, inscrição em disciplinas, obrigatoriedade ou opcionalidade dos períodos, formalização de atos acadêmicos, contagem de carga horária, entre outras questões.
No início do encontro, a presidente da AdUFRJ, professora Eleonora Ziller, fez uma breve fala pedindo que os conselheiros reconsiderassem o intervalo entre os semestres letivos. “Se incluíssemos apenas mais uma semana entre os períodos, seria muito bom para toda a universidade. Evitaria muitos conflitos e litígios e certamente ajudaria neste processo de construção do calendário”, afirmou.

Pedimos desculpas por erros cometidos na edição 1142, na matéria sobre o começo das aulas no curso de Medicina de Macaé. O título da reportagem – Macaé só oferece eletivas – está errado. Não são apenas as disciplinas optativas que são oferecidas. Outro  erro está na informação de que a coordenação de curso não ofereceu disciplinas porque fez uma “leitura” de parecer do Ministério da Educação. A portaria do MEC proíbe a oferta de matérias práticas em cursos de medicina. Portanto, não é uma interpretação da direção e sim o cumprimento de uma regra. A direção da unidade esclarece também que enviou sete ofícios para a PR-1 sobre o tema. Os problemas na reportagem foram debatidos em  reunião com a diretoria da Adufrj,  a equipe de jornalismo e os docentes de Macaé.

WhatsApp Image 2020 09 21 at 14.14.06A aliança de saberes como motor da construção de um país. Essa foi a principal busca da vida de Celso Furtado (1920-2004), economista brasileiro homenageado na aula inaugural do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS). Realizada no dia 17 em meio virtual, a atividade destacou a importância da obra do intelectual que, assim como a UFRJ, faria cem anos em 2020.
“A grande contribuição do Celso foi perceber que o subdesenvolvimento não era uma fase pela qual teriam passado outros países já desenvolvidos, mas um processo específico resultante de certas estruturas. E que, portanto, precisava de uma interpretação exclusiva”, afirmou a tradutora e jornalista Rosa Freire D’Aguiar, diretora da Coleção Arquivos Celso Furtado e viúva do economista.
Nascido em Pombal, na Paraíba, Celso Furtado foi o primeiro Ministro do Planejamento do Brasil, no governo de João Goulart, pouco antes de ser exilado. “Ele teve uma carreira longa de professor, na Europa e nos Estados Unidos, depois de ter sido cassado pelo golpe militar”, lembrou Rosa. Atualmente, ela organiza uma publicação dos diários de Celso, em celebração ao seu centenário.
“Em 64, ele estava na primeira lista dos cassados da ditadura, e de repente vê todo projeto que tinha levado adiante por anos ruir. É um momento de muita tensão, em que ele soube que precisaria sair do país e refazer a vida do zero”, destacou Rosa. Segundo ela, os diários ressaltam pontos delicados na vida do autor. “Celso tinha essa dimensão de quando estava testemunhando um momento, um diálogo, ou um encontro importante para a vida dele ou mesmo para a história”.
Uma característica notória da obra de Celso Furtado é a pluralidade de conhecimentos. Formado em 1944 na Faculdade Nacional de Direito da UFRJ, então Universidade do Brasil, o autor só iniciou seu doutorado em Economia em 1946, na Universidade de Paris-Sorbonne. “A leitura de Celso Furtado vai muito além da economia. Ele tem uma cabeça de fato multidisciplinar, falando sempre das partes cultural, social, política, ambiental e dos problemas contemporâneos da nação”, disse Rosa.
Mesmo quinze anos após sua morte, a live enfatizou as contribuições que os livros do ex-ministro ainda podem dar ao Brasil. “O contato com a obra do Celso é energizador, estimulante”, declarou o economista Paulo Nogueira Batista Jr., ex-vice-presidente do Novo Banco de Desenvolvimento dos BRICS. Diretor executivo no FMI pelo Brasil e outros dez países, Paulo enxerga Celso Furtado como o maior economista brasileiro do século XX.
Segundo ele, os problemas da economia brasileira aumentaram, mas o legado de Celso Furtado ainda tem muito a oferecer. “Não é só uma construção que foi interrompida, como apontava Celso Furtado. Hoje, nós estamos enfrentando um processo de destruição”, disse Paulo. “Nós precisamos primeiro parar a destruição para então retomar a construção de uma nação soberana, inclusiva e dinâmica. E nesse esforço, tenho convicção de que a obra do Celso Furtado é muito relevante.”
Paulo citou um discurso do homenageado na USP, em 2000: “Podemos afirmar que o Brasil só sobreviverá como nação se se transformar numa sociedade mais justa e preservar a sua independência política. Assim, o sonho de construir um país capaz de influir no destino da humanidade não será desvanecido”.

WhatsApp Image 2020 09 14 at 08.25.09Um rico e descontraído passeio pela história da universidade. Assim transcorreu o último Tamo Junto, bate-papo virtual realizado pela AdUFRJ todas as sextas-feiras. Na edição especial do dia 4, o professor Hélio de Mattos Alves, da Faculdade de Farmácia, ficou responsável por apontar fatos e curiosidades na trajetória da mais antiga instituição federal de educação superior do país.
Seria difícil encontrar um “guia” mais preparado. Hélio, que se graduou em 1981 pela própria Farmácia e ocupou o cargo de prefeito universitário por sete anos (de 2004 a 2011), é um apaixonado pela UFRJ.
A viagem pelo tempo remontou aos primeiros cursos superiores instalados no país, após a chegada da Corte Portuguesa ao Brasil, em 1808. “Quando chegou aqui, Dom João VI montou uma estrutura de poder”, disse Hélio. “Ele precisava de médicos para cuidar da corte, engenheiros para construir casas e artilharia para armas, além de advogados para fazer as leis da colônia. Essas eram as três grandes escolas isoladas que existiam”, lembrou. Desse aparato também fazia parte a Escola Real de Belas Artes, fundada em 1816. “Dom João trouxe os melhores pintores para o Brasil, botânicos e gente de todas as ciências. As nossas unidades isoladas existiam para servir à Corte”, explicou Hélio.
Com a República, veio o decreto do presidente Epitácio Pessoa em 1920, que reuniu os cursos de Medicina, Engenharia e Direito para formar a então denominada Universidade do Rio de Janeiro. Mas o improviso era grande. Não havia sequer um prédio oficial para a reitoria. “O gabinete dos reitores era onde eles trabalhavam. As salas dos catedráticos eram verdadeiros palácios, gabinetes de primeira linha. Se o reitor fosse da Faculdade de Medicina, a reitoria era lá, se fosse professor da FND, a reitoria era lá”, contou Hélio.
A gestão de Pedro Calmon, reitor de 1948 a 1950 e de 1951 a 1966, mudou essa realidade. “Ele não era ligado muito organicamente à universidade. Por isso, ganhou uma salinha na Rua do Ouvidor”, afirmou Hélio. Descontente com o pequeno espaço que lhe reservaram no Centro, o novo reitor enxergou uma oportunidade no então abandonado hospital psiquiátrico Pedro II, na Praia Vermelha, entregue à universidade poucos anos antes. “Fez uma obra luxuosa e levou a primeira faculdade para lá, a Escola de Educação Física, e também a nova reitoria”, lembrou o professor, sobre o atual Palácio Universitário.     
A criação do campus da Cidade Universitária não passou em branco na apresentação do professor ao Tamo Junto. Para Hélio, existe um mito de que a UFRJ se mudou para um espaço mais distante do Centro para isolar os estudantes, durante o regime militar. “Eu, como estudante nos anos 70, digo que a efervescência política da Ilha do Fundão no período foi intensa e preponderante”, destacou.

 FUNDAÇÃO DA ADUFRJ
 Basta ver o exemplo do movimento docente. A AdUFRJ foi fundada em 1979, basicamente por professores do Fundão, disse Hélio. “Quem aglutinou os professores da UFRJ foi a AdUFRJ. A criação do sindicato e as greves permitiram que a gente se conhecesse”, relembrou. “Foi o fator essencial para os professores saberem mais um sobre o outro, já que a gente é muito fragmentado”, afirmou.
Hélio considerou um marco do centenário a reitoria ser ocupada pela professora Denise. “As mulheres nunca tiveram muito espaço na UFRJ. Não tivemos muitas mulheres catedráticas, o que equivale hoje a ser professora titular. Passaram 100 anos para termos a primeira mulher reitora da universidade. É a marca dos novos tempos, as mulheres cada vez mais ocupam o espaço da Ciência”.

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