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05aWEB menor1135Ex-ministro da Educação, Carlos Alberto Decotelli foi defenestrado pelo governo Bolsonaro e pela sociedade. As mentiras no Lattes foram de mais para um quadro que se supunha altamente técnico e qualificado para gerir uma das áreas mais importantes do Executivo. Outros ministros do mesmo governo e até o atual governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, também se utilizaram de mentiras curriculares que foram desmascaradas, ainda assim, continuaram em seus cargos. Teria o ex-ministro caído do cargo por racismo? O debate tomou as redes e a academia. E dividiu opiniões.
Vice-diretor do Instituto de Física da UFRJ e militante do movimento negro, o professor Antonio Carlos Fontes dos Santos acredita que o racismo pode ser um elemento que ajuda a entender a repercussão do caso. “Ele mentiu. Cometeu um erro grave para a academia. Algo inadmissível, que pode desmoralizar toda a trajetória de uma pessoa. Mas tenho a impressão de que há maior repercussão no caso dele do que no de (Ricardo) Salles e Damares (Alves). Tanto que eles permanecem nos cargos”, avalia.
Ele lembrou o caso da professora de Química, Joana D’Arc Félix de Sousa, que também mentiu no Lattes sobre um pós-doutorado em Havard que nunca foi realizado. “A repercussão também foi desproporcional em relação a outras pessoas brancas pegas em fraudes curriculares”.
O docente pondera que a posição que ocupava, de ministro da Educação, foi um ponto fundamental para o escândalo. Mas vê vestígios de racismo estrutural também na construção deste argumento. “Negros em posição de destaque causam estranheza e até incômodo e isso também contribuiu para toda esta repercussão”.
A professora Cristina Rego Monteiro, da Escola de Comunicação, concorda que quando uma pessoa negra comete uma infração tende a incidir sobre ela uma penalidade – seja de que natureza for – maior do que com outras pessoas. O caso Decotelli não se explica, segundo ela, apenas por um aspecto. “Ele foi vítima da própria imprudência, por um lado. Por outro, existe um racismo estrutural. O debate gira em em torno da qualidade de formação e da palavra em relação a todos. Esta sociedade está num contexto de análise suficientemente clara para impor este julgamento?”, questiona.
Ex-ministro da Educação, o professor de Filosofia da USP, Renato Janine Ribeiro considera que Decotelli não teria qualquer condição de comandar a pasta. “Precisava escolher alguém com um currículo tão furado? Qual seria o respeito que a Capes, que a pós-graduação teriam por ele? Sem esquecer, claro, que ministros de outras pastas também já afirmaram ter títulos de mestrado ou doutorado que não existem. O descaso desse governo pela educação é enorme”, publicou em uma rede social.

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