facebook 19
twitter 19
andes3
 

filiados

WhatsApp Image 2021 04 10 at 12.38.145 de abril de 1832.  O navio britânico Beagle atraca no porto do Rio de Janeiro, capital do Império do Brasil, e traz a bordo o cientista inglês Charles Darwin. Ele está na América do Sul para estudar terras e águas da região. Já passou pela Ilha de Fernando de Noronha e pela cidade de Salvador, onde ficou horrorizado com os desmandos escravagistas da elite local. Passados 189 anos do desembarque do pai do evolucionismo, pesquisadores da UFRJ realizaram o Darwin Day, no último dia 5.
Totalmente on line, o evento celebrou a importância da pesquisa científica e recuperou a histórica viagem de Darwin – só no Rio ele ficou quatro meses e realizou estudos fundamentais para as teorias que iria desenvolver anos depois. Organizado pela PR-5 e com a participação de pesquisadores das mais diversas áreas, o Darwin Day abordou assuntos como evolução, saúde pública, negacionismo e darwinismo social.
“A passagem do Darwin pelo Brasil foi muito importante para a construção posterior da Teoria da Evolução pela seleção natural”, destacou Ildeu Moreira, presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Professor da UFRJ, ele está finalizando um livro sobre a viagem de Darwin, com todos os textos escritos pelo cientista referentes ao percurso no Brasil. “A viagem trouxe para ele uma questão central, que era explicar a imensa diversidade de espécies de animais e plantas que viu no Brasil desde os primeiros dias aqui”.
No debate “Negacionismo, Criacionismo e Darwinismo”, Ildeu, Pablo Gonçalves (NUPEM/UFRJ) e Maria Isabel Landim (Museu Zoologia/USP) ressaltaram algumas das dificuldades que o britânico enfrentou ao apresentar a sua mais famosa teoria. “No século 19, defender as ideias do Darwin tinha o peso moral de confessar um assassinato. Ele sofreu muito, e teve muitas crises de ansiedade por isso”, contou a professora Maria Isabel.
Darwin tinha apenas 23 anos de idade quando veio ao Brasil – ao todo a viagem durou cinco anos e percorreu vários países. Cada um contribuiu para a formação da teoria de Darwin. Em terras brasileiras, ele fez o primeiro contato com a floresta tropical, anotou tudo, coletou materiais, que depois enviou para a Inglaterra. O mentor de Darwin, que o indicou para a viagem, o professor e botânico John Henslow, era quem recebia as amostras e as entregava para análise de especialistas. Devido à qualidade do material enviado, Darwin já era um famoso cientista quando voltou para a Inglaterra em 1836.
Essa nova forma de enxergar a vida motivou, posteriormente, outras pessoas a desenvolverem teorias como o “Darwinismo Social”, debatido na terceira mesa do Darwin Day. “O que nós chamamos de forma ampla de ‘Darwinismo Social’ é uma perspectiva que tenta aplicar esses princípios gerais apresentados por Darwin nas sociedades humanas, para além do contexto biológico”, comentou Claudia Carvalho, professora do Departamento de Antropologia do Museu Nacional da UFRJ. “É uma visão em que as leis da natureza seriam análogas às leis da sociedade”.
O Darwin Day também foi provocado pelo aumento da onda negacionista no mundo, e particularmente no Brasil, onde autoridades tentam deslegitimar os esforços da ciência no enfrentamento da pandemia. “Variantes da covid-19 e Evolução” foi o tema do debate de encerramento do Darwin Day, que contou com a participação do virologista Amilcar Tanuri (UFRJ), do infectologista Roberto Medronho (UFRJ) e da biomédica Jaqueline Goes (USP), que apresentaram suas pesquisas relacionadas ao assunto. Denise Pires de Carvalho, reitora da UFRJ, também esteve presente, e ressaltou as ações da Universidade durante a pandemia. “Com certeza Darwin estaria muito orgulhoso do que a nossa instituição tem feito pela ciência e pelo avanço do conhecimento no país e no mundo”, finalizou Denise.

MEMES DARWINISTAS

•A inventividade do jovem Darwin influencia até mesmo aspectos culturais da juventude atual. Essa é a aposta de pesquisadores da Escola de Comunicação da UFRJ.

“Darwin é o inspirador de uma nova teoria no campo da comunicação: a memética, decisiva para entender o mundo e as mídias pós-cultura digital”, ressaltou Ivana Bentes, professora da ECO e pró-reitora de Extensão, que debateu o tema na segunda mesa do evento “Darwin e a cultura dos memes: Memética e Neodarwinismo” com o professor Viktor Chagas (UFF) e Gabi Juns, coordenadora do Instituto Update.

•Além das lives, a programação do Darwin Day contou também com diversas atividades gravadas.

•Professores e alunos da UFRJ produziram vídeos para discutir, a partir da figura de Charles Darwin, seus mais variados objetos de pesquisa.

Topo