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WhatsApp Image 2021 04 02 at 08.45.59A pandemia aumenta, a tensão se multiplica e o ensino remoto não dá trégua. O semestre mal começou e o clima já é de exaustão na UFRJ. Em maior ou menor grau, conforme a unidade. É uma fadiga acumulada e potencializada pelos diminutos intervalos de recesso desde o começo do PLE em agosto. Mas o pior ainda está por vir. O segundo período de 2020 termina em junho e o calendário prevê apenas duas semanas de pausa antes do início do 2021.1. Diante de tão pouco tempo de descanso, a AdUFRJ pede uma revisão imediata das datas.
“É preciso ampliar o intervalo entre os anos letivos de 2020 e 2021”, propõe a presidente da AdUFRJ, professora Eleonora Ziller. “Ao minguar todos os argumentos, que nos reste ao menos a compaixão, a solidariedade e a empatia num momento de tanto sofrimento que o agravamento da pandemia tem trazido para todos nós. São muitas e pesadas perdas, precisamos respirar”.
Em nota publicada (leia a íntegra abaixo) na última terça-feira, 30, a diretoria da AdUFRJ relata os múltiplos problemas enfrentados pela comunidade acadêmica nos semestres remotos anteriores. E defende ainda uma decisão rápida do Consuni para impedir o prolongamento da discussão por vários meses, como ocorreu em 2020. O tema será debatido também na próxima reunião do Conselho de Representantes do sindicato, dia 7.
A diretoria lembra que o sindicato apresentou – e perdeu – proposta de ampliação do recesso para três semanas entre os períodos remotos. “Afirmamos, na ocasião, que duas semanas seriam insuficientes para lançar notas, avaliar a experiência remota, preparar os cursos do próximo semestre e ainda exercer o direito a um descanso mínimo”, diz trecho da nota, escrita na terça-feira, um dia antes da última reunião do Conselho de Ensino e Graduação.
No CEG, a pró-reitora de Graduação, professora Gisele Pires, afirmou que a ideia inicial da reitoria é manter os mesmos 15 dias de pausa entre os períodos 2020.2 e 2021.1, mas defendeu um recesso de 30 dias antes de 2021.2. Ela disse que medida está sendo preparada e vai ser discutida no CEG na semana que vem. “Não tínhamos conhecimento do calendário proposto pela PR-1 quando escrevemos a nossa nota, mas ela insiste numa solução que sobrecarrega docentes e técnicos em junho. Precisamos de um alívio, estamos exaustos”.  
O “alívio” no calendário, segundo a proposta da PR-1, só aconteceria nos recessos seguintes. Seriam 30 dias de intervalo entre o primeiro e o segundo semestres de 2021 (de 9 de outubro a 8 de novembro), um curto recesso de fim de ano (entre 24 de dezembro e 2 de janeiro de 2022) e intervalo maior entre o segundo semestre de 2021 e 2022 (de 26 de fevereiro a 5 de abril). O documento será apreciado na próxima sessão do colegiado.WhatsApp Image 2021 04 02 at 08.45.591

CANSAÇO É A TÔNICA
“Para todo mundo, está sendo muito cansativo”, contou o professor Antônio Carlos Jucá, diretor do Instituto de História. “Os semestres ficam muito próximos. Não dá tempo de descansar, não dá para tirar férias. No final do semestre, o professor precisa corrigir as provas e trabalhos, lançar as notas e já está na hora de começar outro semestre”, explicou. O diretor ainda mencionou que o curto espaço entre os períodos gera uma sobrecarga do Sistema Integrado de Gestão Acadêmica (SIGA). “As 12 semanas de aula são poucas, mas o que está afetando mais os professores é o espaço muito curto de 15 dias, que não dá nem para chamar de recesso”, defendeu Jucá.
O esgotamento físico e mental também causa grande preocupação ao diretor adjunto de Ensino e Graduação da Faculdade de Letras, professor Humberto Soares. “A preparação administrativa do semestre sobrecarregou todo mundo. Precisamos pedir ajuda para funcionários de fora da Faculdade de Letras para fazer inscrição de calouros, regularização de inscrição, abertura de turmas”, contou o professor. “Sempre é muito corrido, mas com duas semanas entre os semestres é quase impossível. No meu entendimento, estamos no limite”, relatou
Para Humberto, o aumento do período de recesso é fundamental para preservar a saúde dos professores e técnicos, mas outras melhorias podem ser feitas. “Precisamos que as coisas sejam mais automatizadas no SIGA”, resume. De acordo com o professor, a Faculdade de Letras tem 4.300 alunos, quase 10% de todos os alunos de graduação da UFRJ, e apenas seis funcionários na seção de ensino e secretaria acadêmica.
Em outros cursos o cansaço é menor, mas ainda assim o recesso pequeno cria dificuldades. “Nós da coordenação estamos muito apertados com os prazos. O calendário ficou muito apertado em termos administrativos”, contou Carolina Pizoeiro, coordenadora de Graduação da Faculdade Nacional de Direito. “Estamos nos desdobrando para acertar o calendário, entendendo que estamos em um período excepcional”, disse. “Trabalhamos para evitar perder vagas do Sisu 2021”.
A professora explicou que, no Direito, o período 2020.1 foi tranquilo por conta da alta participação de professores e alunos no PLE. “A FND teve adesão de 100% dos professores e 95% dos alunos no PLE”, contou. “Em 2020.1 tivemos turmas bem menores”. O ensino remoto também facilitou a oferta de atividades extras no planejamento das aulas, o que compensou o tempo mais curto de aulas. Ela avalia que o período 2020.2 também deve ser um pouco mais fácil na FND. “Muitos professores gravaram as aulas no PLE, então as coisas devem ser mais tranquilas agora”.
 
PR-1 DEFENDE CALENDÁRIO
Oferecer vagas no Sisu 2021 era uma das preocupações da Pró-Reitoria de Graduação durante a discussão do calendário. Segundo o superintendente geral da PR-1, professor Marcelo de Pádula, o resultado foi positivo neste aspecto. “O calendário permitiu atender, simultaneamente, ao retorno das atividades didáticas e à adesão ao Sisu ofertando 100% das vagas”, disse o superintendente. “A UFRJ vai oferecer 9.280 vagas”.

Nota da AdUFRJ sobre o Calendário Acadêmico

A diretoria da ADUFRJ vem conduzindo a entidade em meio aos desafios impostos pela pandemia da covid-19. Reconhecida em março de 2020 pela OMS, a pandemia impôs à universidade uma mudança radical na sua forma de organização e efetivação da sua missão, com a adoção da modalidade remota para o ensino, pesquisa, extensão, grande parte da administração, assim como para as atividades associativas e sindicais. Desde então buscamos nos somar às lutas em defesa da vida e da democracia, assim como da educação e do conhecimento produzido pela universidade pública brasileira. Ao mesmo tempo, buscamos fortalecer a nossa organização sindical como um escudo e um lugar de acolhimento para todas e todos os docentes da UFRJ, com suas mais variadas demandas e necessidades.
Foi com esse espírito que nos posicionamos ainda em 2020 sobre o calendário acadêmico universitário e apresentamos um recurso ao Consuni no dia 8 de outubro, propondo ampliar o recesso entre os períodos de 2020 de duas para três semanas, amparado em parecer de nosso serviço jurídico. Afirmamos, na ocasião, que duas semanas seriam insuficientes para lançar notas, avaliar a experiência remota, preparar os cursos do próximo semestre e ainda exercer o direito a um descanso mínimo.
De fato, não foram poucos os problemas que tivemos nesses dois semestres: em muitas unidades as/os docentes não sabiam sequer quais eram suas turmas. A sobreposição com a Jornada de Iniciação Científica no começo de 2020.2 agravou a situação, pressionando ainda mais a nossa categoria. E, mais grave do que todos os problemas acadêmicos e burocráticos, tivemos o violento agravamento da crise sanitária, que vem nos impondo pesadas perdas individuais e coletivas.
Na semana passada, o problema já foi tema em congregações e grupos de professores se movimentam para fazer valer suas propostas. Precisamos de uma resposta imediata, por isso entendemos que essa discussão deve ir direto ao Consuni: é mister evitar que a deliberação se arraste por meses (como ocorreu em 2020), o que só vai aumentar os desgastes internos e a ansiedade sobre como será o nosso ano acadêmico de 2021. Além disso, não se trata mais de mera questão relativa ao ensino, mas de um tema que envolve toda a comunidade em suas múltiplas dimensões. No dia 7 de abril, em nossa reunião mensal do Conselho de Representantes, o assunto estará em pauta para que possamos discutir uma estratégia comum, que nos unifique e fortaleça.

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