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Elisa Monteiro e Silvana Sá

WhatsApp Image 2020 05 15 at 19.10.03 1O professor Ricardo Berbara não foi nomeado pelo MEC - IMAGEM: REPRODUÇÃOA Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) é o mais novo alvo do governo federal. Na quarta-feira (31), Bolsonaro nomeou o terceiro colocado na lista tríplice da instituição. O professor Roberto de Souza Rodrigues era pró-reitor de Planejamento do reitor Ricardo Berbara, que foi reeleito pela comunidade acadêmica. O primeiro mandato de Berbara expirou na sexta-feira, dia 26. “Desde sábado ficamos com a reitoria vaga. Ontem (terça, 30), o Conselho Universitário designou um reitor interino. Hoje, a situação já mudou completamente”, lamentou a professora Marina Cordeiro, diretora da Adur, seção sindical dos professores da Rural. A lista tríplice foi enviada ao governo em dezembro.
O reitor Ricardo Berbara sinalizou que a administração central seguirá resignada e o nomeado tomará posse. “O professor Roberto é a pessoa que nos dará a tranquilidade institucional para seguir nossos projetos pelos próximos quatro anos”, afirmou. O reitor justificou seu posicionamento. Para ele, inicialmente, bastaria o segundo e o terceiro colocados da lista renunciarem ao cargo, para que o governo federal fosse obrigado a nomeá-lo. “Mas fomos alertados para o risco de o Executivo nos impor uma nova lista. Além disso, poderia recair sobre César (Cesar Augusto da Ros, o segundo colocado) e Roberto o crime de prevaricação. Quando a gente envia a lista para o governo, aceita que qualquer um dos nomes seja acatado. Esta legislação pode ser usada contra nós”, avaliou.
César Augusto da Ros pediu solidariedade ao reitor legitimamente eleito e ao reitor nomeado. “O projeto de gestão foi apreciado e aprovado pela maioria da comunidade universitária. E a partir dele foi montada a lista tríplice. O professor Berbara vai compor conosco a gestão”, garantiu. “O funcionamento da universidade não estará comprometido e a luta não estará excluída. A luta passa, também, pela revisão da lei da lista tríplice”, afirmou.
Roberto de Souza Rodrigues, o reitor nomeado, pediu compreensão da comunidade acadêmica “para que a universidade consiga passar por este momento de adversidade, mas também de bastante aprendizado”, ponderou. “Neste momento, nosso posicionamento foi ‘chapa eleita, chapa empossada’”.
No mesmo dia da nomeação, uma plenária virtual reuniu 390 pessoas da universidade. Os participantes entenderam que o reitor nomeado não é um interventor, mas que a ação do governo representa um ataque à autonomia da instituição. Por isso, vão continuar em campanha para que Berbara assuma a reitoria. Até lá, exigem que o docente participe da nova gestão. “Quem tem direito de escolher o reitor é a comunidade universitária”, justificou Ivanilda Reis, diretora do Sintur (sindicato dos técnicos). “Essa política que Bolsonaro adota, a gente rejeita”, diz ela. Para Rodrigo Sousa, do DCE, a autonomia foi desrespeitada. “Bolsonaro quer apenas colocar sua vontade acima de qualquer outra. Apesar de o terceiro colocado fazer parte do mesmo grupo político, devemos seguir na luta pelo direito de ter o reitor que nós elegemos”.

Cenário era previsto
Na segunda-feira (29), os professores, técnicos e estudantes fizeram uma primeira reunião para debater estratégias para garantir a autonomia universitária. Além de uma frente jurídica, os movimentos da universidade vão se inserir na campanha nacional “Reitor eleito, reitor empossado”, que reúne Andes, Fasubra e instituições que sofreram intervenção. “Desde o início, o governo Bolsonaro não está nomeando o primeiro nome da lista ou simplesmente coloca um interventor”, argumentou o professor Marcelo Fernandes, diretor da Adur.
WhatsApp Image 2021 04 02 at 08.46.001A Adufrj acompanha a mobilização. “Mais uma vez o governo Bolsonaro apronta das suas e ofende mais uma comunidade universitária. O objetivo, todos sabemos, é causar confusão, inviabilizar a universidade”, avalia o vice-presidente Felipe Rosa. “Tenho certeza de que nossos colegas ruralinos saberão lidar com esse desmando e manter a UFRRJ na sua missão universitária, que é justamente o que este sujeito mesquinho, que alguns chamam de presidente, quer evitar”, acrescentou.
A Rural realizou Consulta Pública Virtual sobre a gestão 2021-2025 nos dia 24, 25 e 26 de novembro.  O então reitor, professor Ricardo Berbara, ficou em primeiro lugar com 3.993 votos. O docente do Instituto de Economia, José Antônio Veiga, ficou em segundo, com 3.182 votos, e reconheceu a vitória do concorrente. A lista, então, foi montada com integrantes da chapa vencedora.

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