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WhatsApp Image 2021 01 22 at 11.47.05FILHO DO EX-REITOR, Rodrigo Lessa exibe um livro do historiador Luis da Câmara Cascudo sobre lendas brasileiras - Fotos: Alessandro Costa“Estamos vivendo um esvaziamento de bibliotecas e de fontes de consulta. Mesmo a biblioteca do estado não tem uma coleção sobre Rio de Janeiro como deveria”. Este é um dos argumentos da ex-coordenadora do Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ, professora Beatriz Resende, para defender a permanência do acervo de 17 mil volumes do ex-reitor Carlos Lessa na cidade.
Conforme divulgou a edição anterior do Jornal da AdUFRJ, a família do docente — que faleceu em junho do ano passado — anunciou a intenção de vender a biblioteca no fim de dezembro, mas recuou após apelos de amigos e admiradores do ex-reitor. Existe a preocupação com uma venda em “pedaços” para particulares ou, ainda, que a coleção seja adquirida por alguma instituição estrangeira.
Beatriz, professora Titular da Faculdade de Letras, reivindica um esforço conjunto das várias instituições da cidade para preservar este tesouro intelectual em solo carioca. A docente recorre ao título de “O Rio de Todos os Brasis — uma reflexão em busca de autoestima”, um dos mais famosos livros de Lessa: “Seria uma ação do Rio de Janeiro em busca da autoestima”, afirma. “Queremos que fique aqui, que não seja esfacelada, a principal biblioteca sobre o Rio de Janeiro”.
WhatsApp Image 2021 01 22 at 11.47.06A ideia é inspirada em um exemplo ocorrido em São Paulo, há pouco tempo. A professora lembra que a biblioteca do casal José Mindlin e Guita, com mais de 60 mil volumes, foi comprada por um consórcio de instituições e acomodada em um prédio próprio no campus da USP, em 2013.
Professora emérita da Escola de Comunicação, Heloísa Buarque de Hollanda reforça a iniciativa. “Hoje contamos com tecnologias novas para a compra compartilhada”, diz. A docente afirma que todas as universidades, órgãos de cultura e patrimônio do estado deveriam participar.
WhatsApp Image 2021 01 22 at 11.47.05 1“Poderiam se mobilizar para evitar essa evasão dos livros”. O BNDES, que ajudou a USP com a biblioteca Mindlin, também deve ser procurado. Lessa presidiu o banco entre 2003 e 2004. “Neste caso, o BNDES poderia dar uma cota”, afirma
Prima do Lessa, Heloísa visitou a biblioteca algumas vezes. “É extraordinária. Não é só um monte de livros sobre o Rio. É uma biblioteca com curadoria forte, de uma pessoa apaixonada pelo Rio”, atesta.
Vice-reitor da UFRJ, o professor Carlos Frederico Leão Rocha também apoia a permanência da biblioteca. “Lessa era um dos principais pensadores do Rio de Janeiro, além de um professor e um economista de grandes dimensões”. O dirigente vai além da compra dos livros. “O local de destino do acervo deve ser planejado e negociado previamente, dado o valor extraordinário das obras ali presentes”.

CCJE recebeu parte do acervo
Uma parte da biblioteca está com futuro definido. E melhor: sob a guarda da UFRJ. Quem explica é o diretor do Instituto de Economia (IE), professor Fabio Neves Peracio de Freitas. “A doação foi feita para a biblioteca Eugênio Gudin, que é do CCJE (Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas), mas serve ao IE”, explica. “Todo o processo foi realizado pela decania e pelos dedicados funcionários da biblioteca que ainda estão catalogando o material recebido. Tenho certeza de que o acervo doado será de grande importância para os discentes, docentes e pesquisadores do IE, bem como para o corpo social de outras unidades e instituições de ensino”, completa.
Ex-aluno de Lessa no final da década de 80, o diretor não chegou a conhecer a biblioteca do mestre. “Mas soube por colegas e amigos que era maravilhosa, em particular no que diz respeito a obras sobre o Rio de Janeiro, uma grande paixão dele”, diz. “Seria muito importante manter acessível aos cariocas a coleção que cobre a história e a realidade do Rio de Janeiro. Vamos ver o que pode ser feito para tornar isso possível”, conclui.

Biblioteca Mindlin é exemplo a ser seguido

Doada em 2006 para a USP, a coleção do bibliófilo José Mindlin e de sua esposa Guita é formada por mais de trinta mil títulos, que correspondem a aproximadamente sessenta mil volumes de livros e documentos. Entre eles, cerca de dez mil obras raras. Para abrigar a preciosa coleção, um moderno edifício foi inaugurado dentro da universidade, em 2013. O BNDES destinou R$ 17,2 milhões para a obra, compra de mobiliário e serviços de pesquisa nas coleções.

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