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WhatsApp Image 2021 01 22 at 11.39.44A UFRJ tem agora um grupo de trabalho voltado para a igualdade de gênero. Criado pela reitoria, o GT Parentalidade e Equidade de Gênero vai propor políticas de apoio à parentalidade (especialmente à maternidade), estimular mulheres a ocupar cargos de liderança e propor políticas de igualdade de gênero, dialogando com a comunidade universitária.
Quem coordena o GT é a professora Gizele Martins, do campus de Macaé. Gizele era uma das professoras à frente de uma iniciativa que surgiu em Macaé e propunha medidas para garantir um tratamento justo para mães e pessoas cuidadoras nesse período de pandemia. “O GT surgiu em uma reunião que tivemos com a reitoria, quando levamos nossa proposta de resolução do movimento de pais e mães docentes”, contou a professora. “A reitora propôs a criação do GT, uma ideia que já tinha surgido em uma conversa da reitoria com a Associação de Pós-Graduandos da UFRJ”, explicou.
A AdUFRJ vem tendo um papel importante no avanço dessa questão. O sindicato participou da reunião com a reitoria que decidiu pela criação do GT, e tem desde então apoiado o movimento, que considera da maior importância. “É um passo fundamental da universidade no sentido de formular, de fato, propostas concretas que tragam respostas consistentes para aprimorar as relações de igualdade na UFRJ”, aponta a presidente da AdUFRJ, Eleonora Ziller.
O GT está fazendo uma pesquisa para analisar os impactos do trabalho remoto em docentes com filhos e sem filhos. O formulário da pesquisa foi divulgado pela UFRJ na semana passada. “A pesquisa veio antes da criação do GT, e vai servir para mostrar o quanto o trabalho de cuidador impacta nas atividades docentes durante o trabalho remoto”, explicou Gizele.
O escopo do GT vai além da pandemia. “Temos objetivos bem amplos, estamos tentando uma transformação efetiva das condições de trabalho e de estudo”, detalhou Gizele. Algumas propostas de adaptação incluem a necessidade de alteração de critérios de progressão de carreira, licença-maternidade para alunas, adequações na estrutura física da universidade para a instalação de fraldários (que não estejam ligados aos banheiros femininos e, portanto, possam ser usados por pais também) e salas de amamentação. As propostas são baseadas nas demandas dos diversos segmentos da UFRJ. “O diferencial desse GT é que ele não é só composto por docentes, mas por técnicos, alunas de graduação e alunas de pós-graduação”.
A técnica Patricia Urruzola integra o GT e já participava da discussão graças a uma pesquisa que ela e a colega Regina Trindade fizeram entre as técnicas da UFRJ. “Começamos a pensar na maternidade no contexto da pandemia. Conciliar as atividades domésticas e os cuidados dos filhos com a nossa rotina de trabalho”, contou Patricia. O resultado da pesquisa foi apresentado no último Seminário de Integração dos Servidores Técnico-Administrativos em Educação (SINTAE), em novembro. “Conseguimos dados quantitativos sobre as condições de trabalho dessas mulheres e relatos das suas dificuldades ao perder sua rede de apoio”, contou.
“O mundo de quem tem filho é completamente diferente”, desabafou Lizzie Calmon representante da APG e integrante do GT. Mesmo fora do contexto de pandemia já é difícil dividir-se entre a maternidade e as atividades de pós-graduação. Lizzie acredita que algumas mudanças podem ajudar. “Acho que a mãe pós-graduanda poderia entrar para o mestrado ou doutorado com a sua prorrogação de prazo já garantida”, exemplificou. Para ela, o grupo de trabalho foi também uma maneira de poder dividir vivências com outras mães. “Apesar de elas serem professoras e técnicas, e nós sermos alunas, somos mães e mulheres. Existem questões que vão nos atingir da mesma maneira”, explicou.
A estudante Mithaly Corrêa também integra o grupo de trabalho e faz parte do Coletivo de Mães da UFRJ. Ela trabalha no núcleo Materna, de iniciativas de apoio a estudantes da universidade que se dividem entre o curso e a maternidade. Para ela, o GT é uma oportunidade de discutir o que a UFRJ precisa para manter as mães na universidade. “Não existem espaços na universidade para mães, é como se elas não existissem”, criticou. “Se a universidade se propõe a receber mulheres, ela precisa oferecer uma estrutura mínima para que elas possam exercer seu papel de mãe”, defende Mithaly.

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