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WhatsApp Image 2021 01 08 at 11.29.26A PROFESSORA Elizabeth Zucolotto com o meteorito Campinorte, que pode ser comprado e incorporado ao acevo do Museu da Geodiversidade da UFRJA UFRJ está fazendo uma campanha de arrecadação de recursos para comprar o meteorito Campinorte, o terceiro maior do Brasil, peça importante nos estudos da formação do planeta Terra. A campanha precisa arrecadar R$ 400 mil, valor que inclui os custos de transporte do meteorito que está no estado de Goiás, onde foi encontrado. As doações estão sendo recebidas por meio da Fundação Coordenação de Projetos, Pesquisas e Estudos Tecnológicos (COPPETEC), instituição de direito privado, sem fins lucrativos, destinada a apoiar a realização de projetos de desenvolvimento tecnológico, de pesquisa, de ensino e de extensão da COPPE e demais unidades da UFRJ.
O meteorito já está à venda há alguns anos, mas o proprietário nunca encontrou um comprador que pagasse o preço pedido. Caso a UFRJ consiga reunir os recursos para comprar a peça, ela será abrigada no Museu da Geodiversidade, no Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza (CCMN). “A ideia era que o meteorito fosse comprado pelo Museu Nacional, mas a unidade não conseguiu, no meio da sua reconstrução, dispor desse dinheiro”, explicou a professora Kátia Mansur, diretora do Museu da Geodiversidade.
Segundo Kátia, o Brasil não tem uma legislação para a aquisição de meteoritos, o que faz com que muitos dos objetos encontrados sejam vendidos para fora do país. “Nós entendemos que esse meteorito não deve sair do Brasil. Deve ficar aqui, acessível para quem quiser pesquisá-lo, e em um museu onde possa ser visitado”, contou a Kátia Mansur.
Até o fechamento desta edição, a campanha havia arrecadado R$ 16 mil de 85 doadores. Caso a compra seja efetivada, a peça vai ficar exposta com uma placa com o nome de todos os doadores. “Alguns doaram R$ 10, outros doaram R$ 2 mil. Cada doação é importante. Falta muito, mas a gente acredita que vai conseguir encontrar mais pessoas que se interessem em manter esse objeto científico no nosso país”, reforçou Kátia, que não tem informações sobre outros possíveis compradores, mas informou que o proprietário do Campinorte está dando prioridade à UFRJ. “Creio que a gente consiga reunir o valor para a compra até o fim do mês. É difícil, mas a gente vai tentar”.
WhatsApp Image 2021 01 08 at 11.29.27 2Quem explica a importância do Campinorte para a ciência é a professora Elizabeth Zucolotto, do Museu Nacional, uma das maiores especialistas em meteoritos do Brasil e quem propôs ao Museu da Geodiversidade que comprasse o objeto. Ela explica que a Geologia só consegue recolher amostras das camadas mais externas da Terra. “Um meteorito como esse, que é do tipo metálico, tem uma composição similar à do núcleo da Terra”.
Os meteoritos são formados pelos mesmos materiais que formam a Terra. O Campinorte tem ainda uma peculiaridade: ele é não agrupado, ou seja, os estudos preliminares que foram feitos mostraram que ele não se enquadra em nenhuma das classificações hoje existentes. “Ele não se enquadra em nenhum dos grupos químicos. Pode ser que, no futuro, ele faça parte de um novo grupo. Mas para isso é preciso que outros como ele sejam encontrados”, explicou Elizabeth. Esse fator torna o Campinorte ainda mais valioso do ponto de vista científico.
Com 1,5 tonelada e medindo 75 centímetros de diâmetro, o Campinorte é o terceiro maior meteorito encontrado no Brasil (os dois primeiros, Bendegó e Santa Luzia, fazem parte do acervo do Museu Nacional). A estimativa da professora é que o objeto tenha 4,56 bilhões de anos, e tenha caído há milhares de anos no local onde hoje é a cidade goiana de Campinorte. O meteorito foi encontrado por mineradores em 1992, mas só foi desenterrado nos anos 2000. Em 2009, o Museu Nacional foi contactado para reconhecer o artefato, e Elizabeth Zucolotto recebeu um pedaço do objeto para confirmar sua autenticidade.
“O meteorito é mais uma peça para estudar a formação e a evolução do Sistema Solar”, explicou Elizabeth. “Um meteorito só não vai contar uma grande história, mas ele é diferente dos outros, então ele pode trazer novas informações”, detalhou. Mas para a professora o Campinorte tem também uma importância simbólica, se exposto em um museu. “Esse meteorito é mais antigo que a Terra. Quando uma criança encostar nela, ela vai estar diante da coisa de mais longe e mais velha que alguém pode tocar. E isso é algo que mexe com a cabeça das crianças”, defendeu a professora.

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