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Silvana Sá e Lucas Abreu


icb50anosSolenidade dos 50 anos do ICB - Foto: CoordCOM/UFRJO Instituto de Ciências Biomédicas nasceu nos anos de chumbo. Fruto da reforma universitária de 1968, a unidade foi fundada no ano seguinte para atender ao ciclo básico dos cursos da área de saúde. A medida foi obrigatória para todas as universidades federais do país e a UFRJ também não escapou.

Inicialmente instalado no antigo prédio da Faculdade de Medicina, na Praia Vermelha, o ICB passou a reunir docentes de toda a área biomédica da universidade, do Instituto de Biofísica e do então departamento de Bioquímica Médica – transformado em instituto em 2004.
Em 1972, o ICB passou a funcionar no Centro de Ciências da Saúde, no Fundão. A mudança gerou fragmentação. “Hoje, boa parte dos professores, técnicos, alunos e pesquisadores do instituto está distribuída em 37 laboratórios de pesquisa e sete salas multiusuárias espalhadas pelos blocos K, J, E, B e F”, contou o diretor, professor José Garcia Abreu.
O corpo social atual é formado por 79 docentes, 54 técnicos, 300 alunos de graduação e 100 de pós-graduação. O ICB abriga três cursos de Pós-graduação: de Farmacologia e Química Medicinal, de Neurociência Translacional e Ciências Morfológicas, este último com conceito 7, na Capes.
A excelência é uma marca do instituto. A unidade tem docentes reconhecidos no mundo por atuarem no que há de mais moderno em neurociência. Na lista estão, por exemplo, Stevens Rehen, pesquisador 1B do CNPq, especialista em células-tronco e Roberto Lent, pesquisador 1A do CNPq e especialista em reorganização das conexões cerebrais.
Garcia Abreu trabalha com células-tronco e acredita que o Instituto tem a missão de voltar seu olhar para o futuro. “Nos últimos anos, o ICB teve uma atuação de aproximar a clínica à ciência básica”, explica. Ele atua no instituto desde 1994. É ex-aluno da UFRJ, professor Titular desde 2012 e cientista 1B do CNPq.
Agora, segundo o docente, a unidade deve focar sua pesquisa no envelhecimento da população. “Esta é uma questão para os próximos anos em todo o mundo. O envelhecimento traz consigo a aquisição de novas doenças. Podemos trabalhar com tecidos para órgãos”, diz. “Hoje, já desenvolvemos nanomateriais para recuperar tecidos não funcionais, temos forte atuação na neurociência, no desenvolvimento de fármacos”, relata. “Planejamos fortalecer a genômica funcional para estudar e mapear os genes a fim de prever doenças antes que elas se instalem no indivíduo”.
O giro no foco de pesquisa, para o docente, fará com que o ICB siga na vanguarda da área de saúde. “Queremos continuar trabalhando na fronteira do conhecimento”.
Para conseguir lidar com os desafios futuros, o instituto precisa ocupar o novo prédio, pronto desde 2017. A única coisa que falta é a ligação da energia elétrica, mas, dívidas da UFRJ com a Light impediam a conclusão do processo. “A reitoria negociou e saiu da inadimplência. Com as negociações, acreditamos que esta etapa será finalizada nas festas de final de ano. Tendo luz, nos mudamos em um mês”, comemora o diretor.
Outro importante nome do instituto é o da professora Tatiana Sampaio. A docente trabalha no programa de pesquisa de Bioengenharia e Terapia Celular. A relação com a UFRJ vem desde 1983, quando ingressou como aluna. Desde 1994 é docente da universidade e passou ao quadro do Instituto a partir dos anos 2000.
Uma das pesquisas lideradas pela docente é de regeneração celular de pessoas com graves lesões na coluna. “O ICB tem uma força grande em neurociência. E, claro, na área de bioengenharia, medicina regenerativa e pesquisa com células-tronco”, destaca a professora, ex-diretora da AdUFRJ.
Como pesquisadora, Tatiana Sampaio acredita que seu principal desafio, hoje, é aliar o financiamento das pesquisas à produção de inovação. “A maneira como a qualidade do seu trabalho é avaliada é através das publicações científicas. Em algum momento dessa trajetória eu percebi que as publicações poderiam prejudicar o trabalho, porque a gente precisava de algum sigilo se quisesse ter um desenvolvimento industrial futuro”, conta. “Isso dificulta um pouco. Se você não publica, você não tem financiamento, se você publica, não tem possibilidade de patenteamento e licenciamento mais tarde. A gente fica no fio da navalha”, resume.

FORÇA NO ENSINO
Apesar da impressionante vocação para a pesqusia básica e aplicada, Tatiana Sampaio acredita que a função primeira do instituto é o ensino. A unidade atende a cinco mil alunos da graduação a cada semestre, de todo o ciclo básico da saúde. A docente foi diretora adjunta de graduação e coordenadora do curso de biomedicina. “É no ICB que estão as disciplinas de histologia, anatomia, farmacologia, embriologia, embriologia celular que são ministradas para todos os cursos da área biomédica da UFRJ”, afirma.
Além de atender aos cursos do Centro de Ciências da Saúde, o instituto possui sua graduação em Biomedicina. A missão é formar jovens pesquisadores para a área biomédica.
Para o próximo período, o diretor tem um desafio pessoal: “Queremos elevar para o nível 5 do MEC o curso de graduação e passar para 6 os programas de pós-graduação que atualmente têm conceito 5”.

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