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marinhaNavio-patrulha “Guaíba” recolheu resíduos de óleo nas imediações da Praia do Paiva (PE) - Foto: Marinha do BrasilTécnicos de órgãos ambientais e de monitoramento estão impedidos de comentar o derramamento de óleo na costa brasileira. Especialistas ouvindos pela reportagem da AdUFRJ revelam que há uma mordaça na Petrobras, na Marinha, no ICMBio e no Ibama.
“Todos os técnicos estão orientados a não comentar fora dos órgãos sobre este assunto”, disse um pesquisador que prefere manter o anonimato. De acordo com o professor do Departamento de Geologia da UFRJ, José Carlos Seoane, os profissionais sequer querem aparecer em estudos articulados com a universidade. “Há uma mordaça seríssima. Eles estão silenciados”, afirma.
Seoane divulgou no dia 29 de outubro um relatório com a identificação de uma mancha de óleo de 200km2 de extensão, ao Sul da Bahia. Em nota, a Marinha afirmou que a mancha se tratava de algas. O Ibama, no dia 4, divulgou parecer que não se pode encontrar manchas de óleo “com uso de imagens óticas” na tentativa de desqualificar o trabalho do docente. “Mas radar não é ótico, ou seja, não se aplica às técnicas que estou usando”, defende-se o professor. “Nós conseguimos avisar sobre o óleo 48 horas antes de ele tocar na costa. Eles negam, mas o fato é que o óleo está chegando aos locais aonde nós dissemos que chegaria”.
Enquanto as versões oficiais rebatem o estudo do pesquisador, os técnicos buscam mais informações. “Eles têm me ligado para agradecer por eu estar divulgando”, relata.
O professor afirma que o objetivo de sua investigação é acionar as autoridades para mitigar os danos. “Os relatórios oficiais estão sendo feitos sem transparência. O último, da Marinha, afirma que Pernambuco está limpo e ignora o Sul da Bahia”, critica. “É nosso dever fazer o alerta à sociedade”.
Rodrigo Moura, do Laboratório de Avaliação e Monitoramento da Biodiversidade, da Coppe, concorda. “Tenho conversado com muitos colegas destes órgãos. O clima geral é de medo”.
Além da mordaça, há a inoperância. “Os planos de contingência não foram utilizados, os conselhos estão desmobilizados”, critica o docente.
Diante deste cenário, a universidade ganha importância para quebrar o silêncio imposto pelo governo. “Fazemos pesquisa. Temos capacidade técnica para resolver este e outros problemas”.
Esta também é a opinião de José Carlos Seoane. “A universidade tem o papel de esclarecer, de furar o bloqueio, de informar, de trazer o debate a público”.
Uma das iniciativas é o debate “Brasil manchado de óleo”, que acontece no dia 11, às 17h30, no Colégio Brasileiro de Altos Estudos. O CBAE fica na Av. Rui Barbosa, 762, Flamengo.

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