facebook 19
twitter 19
andes3
 

filiados

WEBCOORDENADORProfessor Luiz Landau, coordenador do laboratório - Foto: Fernando SouzaA universidade voltou a mostrar sua importância para o país no incidente do derramamento de óleo nas praias do Nordeste. O Laboratório de Métodos Computacionais da Coppe (Lamce) divulgou, na última semana, análise que aponta a origem do vazamento em uma área entre 600 km a 700 km da costa, numa faixa de latitude na fronteira entre Sergipe e Alagoas. O Lamce suspeita que tenha ocorrido em julho.
“A Marinha nos passou algumas informações iniciais dos locais onde o óleo tinha chegado ao continente e em que data”, conta o professor Luiz Landau, coordenador do laboratório. “Com essas informações, conseguimos reproduzir a hidrodinâmica do que estava acontecendo no mar naquelas ocasiões. E refazer o caminho inverso, andando para trás, desde o momento em que o óleo toca no continente”. Ao todo, foram executadas 790 trajetórias de correntes marítimas.
As informações preliminares foram entregues à Marinha e devem subsidiar as investigações. Mas o trabalho continua. “Além de tentar melhorar resolução do modelo matemático, faremos a mesma simulação em subsuperfície, porque parte de óleo veio submersa”, explica Landau.
“À medida que descemos nas colunas d’água, as correntes são um pouco menos efetivas em dispersar propriedades, substâncias ou poluentes”, acrescenta o pesquisador colaborador Luiz Paulo Assad, do Departamento de Meteorologia. “O que pretendemos fazer agora é aplicar a mesma metodologia, mas usando campos de velocidade de correntes em níveis abaixo da superfície até uma profundidade aproximada de 10 metros”.

Eliminando erros
O trajeto Venezuela-Brasil é descartado, segundo o coordenador do laboratório. “O óleo pode ser de um reservatório da Venezuela, como poderia ser de qualquer outro lugar. O que aconteceu foi no transporte. Durante a movimentação dessa carga, em um determinado ponto do oceano é que aconteceu o acidente ou crime”, argumenta.
Com experiência há mais de vinte anos na questão do óleo no mar, Luiz Landau cita, entre as situações que podem ter causado o episódio, naufrágio, lançamento de óleo no mar para evitar um naufrágio, vazamento no transporte ou troca de óleo em alto mar (ship-to-ship). Para ele, o desastre ambiental na costa brasileira se transformou “infelizmente” em um laboratório de pesquisa.
“Nosso país está muito bem servido de centros e universidades no campo da Oceanografia. O lastimável é ter que trabalhar de maneira reativa e pouco pró-ativa”, lamenta o pesquisador. “Temos competência espalhada em todo litoral brasileiro para montar um belíssimo sistema de monitoramento envolvendo todas as nossas universidades à beira d’água, desde o Rio Grande do Sul até o Pará. Não falta competência para isso”.

Tecnologia e equipe
multidisciplinar
A equipe do Lamce que cruza informações de imagens de satélite, computação de alto desempenho e modelo matemático é multidisciplinar, contando com pesquisadores da engenharia à oceanografia. O trabalho oferecido à Marinha teve início praticamente simultâneo à notícia do desastre. Mas se acelerou nas últimas três semanas.
Os cálculos são feitos pelo supercomputador Lobo Carneiro, inaugurado pela universidade em 2016. O equipamento tem sistema único de controle e operação, com capacidade de 226 teraflops, chegando a 226 trilhões de operações matemáticas por segundo. E é considerado peça-chave para a celeridade no processamento e geração do dado das trajetórias das manchas de óleo inversamente no tempo. “Foram muitas simulações e informações de hidrodinâmica com resolução espacial relativamente alta. Tudo isso exige um número de contas grande a ser produzido em um tempo breve”, justifica o professor da Meteorologia.

Para além do óleo
A história do Laboratório de Métodos Computacionais da Coppe está intimamente ligada à questão do Petróleo e Gás. “Quando a Petrobrás foi para o mar, nós fomos com ela”, exemplifica seu coordenador. “Ajudamos a explorar e produzir petróleo. Mas também estamos muito atentos ao meio ambiente”, diz. Atualmente, há duas iniciativas na área em andamento: o Projeto Azul, com observação oceânica na Bacia de Santos e o Costa Norte, na margem equatorial brasileira (costa brasileira voltada para a Amazônia).
No passado, contudo, o laboratório imprimiu a marca na história do Rio de Janeiro, auxiliando a produção de tecnologia para redução de vibrações nas estruturas da Ponte Rio-Niterói e do Maracanã. Em 2016, o Lamce colaborou com o projeto Estratégia Náutica, que ofereceu à equipe olímpica um sistema de previsão de ventos e correntes marinhas na Baía de Guanabara. “Essas informações eram passadas para auxiliar os atletas a traçar suas respectivas estratégias durante os momentos de competição”, conta Luiz Paulo Assad.

Topo