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Pode ser uma imagem de texto que diz "23 2011. 06.30 2011.06.30 30 2011.09.30 2011. 30 2011.12.31 2012.03.31 2012.06.30 2012.0 201 2814 826 605 2824 345 450 501 022 20s 3 3 495 163 3858 82% 844 110 758 342 3 4 484 530 179 29 財: จ8้า 8 8 000 ၁00 7 000 000.00 00 + 3 2 NO"Na véspera das eleições, o governo Bolsonaro aplicou um novo corte nas universidades federais: 5,8%, desta vez. Na UFRJ, que já estava em situação orçamentária crítica, o percentual representa menos R$ 18 milhões para a manutenção das atividades até o fim do ano. "Se o corte não for revertido, não conseguiremos pagar as contas de setembro e parte de outubro, como tínhamos planejado", informa o pró-reitor de Finanças, professor Eduardo Raupp. O contingenciamento foi aplicado em praticamente todos os ministérios pelo Decreto nº 11.216, publicado no dia 30. A norma prevê uma limitação de empenho de recursos até novembro; no dia 1º de dezembro, os valores seriam descontingenciados. "Mas não há garantia de que não possa haver uma nova normatização que mude este quadro", alerta a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), em nota. "Lamentamos, por fim, a edição deste Decreto que estabelece limitação de empenhos quase ao final do exercício financeiro, mais uma vez inviabilizando qualquer forma de planejamento institucional, quando se apregoa que a economia nacional estaria em plena recuperação. E lamentamos também que seja a área da educação, mais uma vez, a mais afetada pelos cortes ocorridos". A diretoria da Andifes está convocando uma reunião extraordinária de seu conselho pleno para discutir o assunto amanhã, dia 6.
labIQImagem da câmera de segurança do laboratório
O laboratório Central Analítica de Graduação, do departamento de Química Orgânica do Instituto de Química, pegou fogo esta noite. A sala fica no sexto andar do bloco A do Centro de Tecnologia, mas pertence ao Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza. As imagens captadas pela câmera de segurança da sala mostram que o incêndio começou à meia-noite no local onde ficava o ar-condicionado. Ninguém se feriu. O laboratório possui vedação e porta corta-chamas, o que ajudou a conter o incêndio. “Nossa preocupação com a segurança evitou uma catástrofe”, revela o professor Pierre Esteves, coordenador do laboratório.
O fogo apagou espontaneamente durante a madrugada, sem que ninguém ouvisse o alarme de incêndio. “Não houve vigilância na madrugada. Não tivemos ronda no andar. O alarme tocou a noite toda e ninguém veio conferir”, critica o docente. A decania do CT informa que está apurando o que ocorreu.
O laboratório de pesquisa é um dos mais importantes do Instituto. “Temos equipamentos muito importantes e bastante caros. Alguns novos, que acabaram de ser instalados”, conta o professor Leandro Soter, também coordenador do laboratório. Juntos, os equipamentos custam cerca de R$ 2,5 milhões.
“Estamos torcendo para conseguir resgatar ao menos alguns deles”, conta o professor Pierre. “Há muita fuligem e os equipamentos foram submetidos a um grande calor. Estamos aguardando a Defesa Civil para fazer a avaliação das estruturas. Antes disso, não podemos entrar para fazer essa avaliação”, completa.
O prejuízo material e para a pesquisa é imenso. A Coppe e unidades do Centro de Ciência da Saúde também utilizavam o laboratório para testes e análises químicas. Mas não só. Outras universidades do Rio de Janeiro também precisam de seus equipamentos. Ele é o único no estado a possuir um analisador de área superficial e porosidade (ASAP) 2060. “Temos parceria com a PUC-Rio, com a Uenf entre outras universidades do nosso estado que utilizam este equipamento”, revela o professor Pierre.
A falta de estrutura é uma queixa do professor. “Ocupamos provisoriamente esse prédio desde 1961. Nossas instalações são as mesmas, nossos laboratórios são os mesmos. Não podemos mais ter laboratórios experimentais de pesquisa junto de salas de aula e laboratórios de graduação”, critica o docente.
QUEDA DE LUZ
Na manhã desta segunda-feira, o Centro de Tecnologia ficou sem luz por aproximadamente uma hora. O administrador substituto da sede, Evanilson Nascimento, contou que um fusível queimou na subestação do prédio. O incidente não teve relação com o incêndio. Na hora em que a luz caiu, quatro pessoas ficaram presas no elevador por dez minutos. “Os bombeiros já tinham chegado para conferir o estrago no laboratório e resgataram rapidamente quem estava preso no elevador”, disse. A luz foi restabelecida às 10h30.

WhatsApp Image 2022 09 30 at 20.45.48Foto: Ricardo Stuckert/Twitter Lula 13O último e mais importante debate eleitoral entre os presidenciáveis, promovido pela Rede Globo na última quinta-feira (29), abriu mais espaço para a desqualificação da política do que serviu para informar os indecisos. Mas mostrou um Lula indignado e firme. “A reação de Lula diante da enxurrada de mentiras foi firme e altiva. Mesmo com os limites de tempo e a insistência dos adversários, desmascarou distorções e corrigiu o rumo da conversa para temas relevantes”, analisa a professora Carol Proner, da Faculdade Nacional de Direito.
Mayra Goulart, professora da Ciência Política e vice-presidente da AdUFRJ, concorda. “A corrupção esteve no centro do debate e a novidade é Lula acentuar a defesa do seu governo como uma gestão que combateu a corrupção”, destaca. A docente também diferencia as posturas de Ciro Gomes e Simone Tebet. “Enquanto Ciro se organiza à direita, às franjas do bolsonarismo, para ser o porta-voz da oposição ao governo Lula, a Tebet quer construir um outro lugar, talvez até dentro do governo Lula, e que não se captura pelo bolsonarismo. Alguém que se apresenta para além da polarização e reforça uma agenda programática, de mulheres que têm preocupações sociais”, diz.
Analistas ouvidos pelo Jornal da AdUFRJ criticam também o modelo do debate. “A função era convencer as pessoas que ainda não tinham definido seu voto. Oferecer uma perspectiva mais assertiva sobre os candidatos”, diz a professora Suzy dos Santos, diretora da Escola de Comunicação da UFRJ e coordenadora do PEIC – grupo de pesquisa em Políticas e Economia Política da Informação e Comunicação. “Nada disso aconteceu. Houve pouco espaço para o debate de propostas. As imagens que temos (pós-debate) são dos ‘nanicos’ e de um padre que não é um padre, uma candidatura histriônica”, completa.
Para o professor Pedro Lima, do Departamento de Ciência Política do IFCS, a candidata Simone Tebet foi a grande vitoriosa. “Lula deveria ter sido mais altivo. Não tinha que ir pra lama e bater boca com Bolsonaro e com o falso padre, dois golpistas desqualificados”, acredita.
Emérito da Escola de Comunicação, o professor Marcio Tavares D’Amaral não acredita num grande vencedor do debate, mas concorda que Tebet e Soraya Thronicke se destacaram. “As mulheres foram muito bem também porque elas não têm nada a perder”, analisa. “Simone, inclusive, tem até alguma coisa a ganhar. Ela pode passar Ciro Gomes e ficar em terceiro lugar, colocando o MDB com a maior votação em sua história”, avalia. “E Soraya é uma criadora de memes”.
Já para a professora Thais Aguiar, também da Ciência Política, a postura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva precisa ser destacada. “Lula foi firme. Respondeu muito bem às questôes de corrupção, não foi passivo e dialogou com a camada mais ampla da população”, diz. Ponto de maior força e também calcanhar de aquiles do PT, os mais pobres compõem a parcela da população que mais se abstém proporcionalmente nas eleições. “Essa abstenção é o que mais afeta o PT desde 2006, quando sua base eleitoral passou a ser mais concentrada nessa faixa da população”, avalia o cientista político Jorge Chaloub, do IFCS. “E pode fazer a diferença no domingo”.

AVALIAÇÃO DOS PROFESSORES

Lula foi alvo primordial dos ataques

WhatsApp Image 2022 09 30 at 20.36.59 1JORGE
CHALOUB
Professor do Departamento de Ciência Política do IFCS/UFRJ

O tom predominante foi o da direita nesse debate. Quem acabou sendo alvo primordial dos ataques foi Lula, pelo tom dos adversários, à direita, e por ser o líder nas pesquisas. Dada a organização entre Lula e Bolsonaro, como competidores diretos, as outras candidaturas tentavam se colocar como terceira via. Ciro pode perder parte de seu eleitorado com essa postura mais à direita, porque seu eleitorado não muda de orientação tão rapidamente. Lula promete menos e menciona mais os feitos. Bolsonaro promete mais e se justifica mais pelo que não cumpriu. A campanha petista tão ostensiva pelo voto útil é um risco – de desanimar a militância num eventual segundo turno e esgarçar importantes relações políticas – mas também uma aposta de redução de risco e diminuição da violência.

Modelo do debate foi longo e desinteressante

WhatsApp Image 2022 09 30 at 20.36.59MARCIO
TAVARES
D’AMARAL
Professor da Escola de Comunicação da UFRJ

O modelo do debate é muito ruim: longo e desinteressante. O debate era para conduzir ao voto útil ou mexer com os indecisos, mas não acho que foi efetivo. Alguém atacado, como o Lula foi por todo mundo, mais tem que se defender do que ser propositivo. Destaco o momento em que o padre e o Lula se enfrentaram. Começou um bate-boca. Depois Lula recolocou as coisas em seus devidos lugares. Eu não sei como isso será apreciado. Bolsonaro botou uma casca de banana para o Lula, porque não o chamou para a disputa e deixou esse embate para o padre. Vamos ver se essa postura de Lula vai ser considerada como reação esperada de uma pessoa agredida em sua honra, ou falta de controle. Temos que terminar no primeiro turno. Está difícil até de respirar e a violência pode aumentar.

Faltou discussão de ideias. Formato está esgotado

WhatsApp Image 2022 09 30 at 20.36.59 2SUZY DOS
SANTOS
Professora e diretora da Escola de Comunicação da UFRJ

A conclusão mais inicial que me chama atenção é que esse modelo de debate não funciona. É profundamente esgotado na imagem e com pouco debate de ideias. O campo da comunicação política já reverbera, há um tempo, que esse formato é esgotado, observando resultado eleitoral após debates e vendo que não há mudanças nas tendências do eleitor como acontecia há 20 anos. É preciso fazer uma busca para se qualificar os debates. Há que se pensar em como reorganizar esse processo para que existam debates efetivos, que informem, que esclareçam, que evitem essa midiatização do que é o escracho, do que é o estereótipo quase negativo da própria política, desse tipo de candidato-comédia. O sistema midiático precisa saber por que e como fazer o debate político numa lógica democrática.

Presidente e padre desinformam e atacam a democracia

WhatsApp Image 2022 09 30 at 20.36.59 3THAIS
AGUIAR
Professora do Departamento de Ciência Política do IFCS/UFRJ

Ciro Gomes, num primeiro momento, se soma aos ataques ao Lula e ao PT, mas depois percebe o jogo que estava sendo engendrado com Felipe D’Avila como escada de Bolsonaro e padre Kelmon sendo um duplo do atual presidente. Então ele se reposicionou para não colaborar com essa dobradinha. Ciro e Tabet se saíram bem entre os indecisos, na pesquisa focal, mas não me parece que houve um grande vencedor. Bolsonaro fugiu da pergunta sobre tentativa de golpe. E claramente fugiu do embate direto com Lula. A desinformação que ele e padre Kelmon promoveram e que não pode ser contradita no debate pesa, porque é um ataque à democracia. Nem todos os eleitores conseguem distinguir o que é verdade e o que é mentira. De modo geral, houve pouca discussão programática.

WhatsApp Image 2022 09 30 at 20.22.54 1Por Denise Pires de Carvalho
Reitora da UFRJ

 

O ano de 2022 marca o bicentenário da independência do Brasil e uma escolha política das mais importantes desde a redemocratização do país. No próximo domingo, dia 2 de outubro, devemos escolher qual o projeto de nação que defendemos para nos tornarmos um país finalmente desenvolvido e menos desigual. Essa é a real polarização em jogo: os que lutam pela verdadeira independência e pelo desenvolvimento do Brasil e aqueles que o querem manter como um país periférico e subserviente aos interesses das potências econômicas internacionais. Essa última escolha tem como resultado a manutenção da desigualdade social, a insegurança pública, dentre outras mazelas brasileiras.

Não há exemplo de país no mundo que tenha se desenvolvido em termos socioeconômicos sem investimento em educação, ciência e tecnologia. Nenhum país que pretende se desenvolver pode prescindir de educação básica de qualidade e da educação superior associada à produção de conhecimento, que se reflete em maior capacidade de inovação.

Enquanto os países mais ricos e desenvolvidos aumentaram o investimento em pesquisa e desenvolvimento durante a pandemia, o Brasil vem assistindo ao desmonte das suas universidades e centros de pesquisa, que estão asfixiados com os sucessivos cortes nos orçamentos dos ministérios da Educação e da Ciência, Tecnologia e Inovação.

Esses ministérios são estratégicos e deveriam ser liderados por profissionais altamente qualificados e que defendam o modelo de Brasil soberano. Caso contrário, continuaremos patinando no subdesenvolvimento. Neste século, os países que não investem em inteligência artificial, novas formas de energia, inovação social e disruptiva, atenção à saúde ou na descoberta de novos fertilizantes estará escolhendo um futuro incerto como nação.

É urgente aumentarmos o acesso e a permanência no ensino superior, o número de mestres e doutores e a formação qualificada de professores para melhorar a educação básica. Devem ser essas as nossas urgências e não se pode avançar neste sentido sem investimento adequado por parte do Estado, conforme previsto na Constituição de 1988.

Nosso povo não merece continuar a ser explorado. Nossos biomas e nossas riquezas não devem ser utilizados para concentração de renda e nossas instituições de saúde, ensino e pesquisa devem parar de ser desqualificadas. Vamos escolher aquele que sempre esteve do lado da ciência, da educação de qualidade, contra o obscurantismo, a favor do desenvolvimento da nação brasileira, pois o fortalecimento do Sistema Único de Saúde e das instituições de Estado é um projeto que deve ser retomado no país o mais rápido possível, para garantir mais dignidade ao nosso povo.

Apesar de sermos independentes sob o ponto de vista legal e termos uma Constituição cidadã vigente, não somos uma nação verdadeiramente independente sob vários aspectos, o que foi confirmado durante o enfrentamento da pandemia pela Covid-19. Nesses últimos anos, assistimos perplexos à demonstração inequívoca da nossa total dependência de outros países do mundo para obtermos insumos farmacêuticos diversos, equipamentos hospitalares, fertilizantes, entre outros bens de consumo que poderiam ser produzidos no próprio país. Inclusive, a nossa atual Constituição tem sido perigosamente modificada ao longo do tempo.

Nos primeiros 100 anos após a proclamação da independência, a pobreza não foi combatida, sequer havia ensino superior consolidado e a educação básica era incipiente no país. Ou seja, naquela época continuamos perpetuando o modelo de país colonizado e com enorme parte de sua população alijada de educação e renda digna.

Durante os 100 anos subsequentes, houve avanços, porém a sociedade brasileira fez algumas escolhas políticas equivocadas e não privilegiou a educação e a ciência. Este fato, associado ao fenômeno da globalização das últimas décadas, promoveu a progressiva desindustrialização da nação, o aumento da pobreza e a dependência cada vez maior da importação de bens de consumo de alta tecnologia, que têm maior valor agregado. Com enorme mercado consumidor, por que dependemos da importação de insumos básicos para a produção de vacinas e medicamentos, por que não refinamos nosso próprio petróleo, dentre outras ações que diminuiriam o custo de vida da população, além de gerar mais empregos e renda? Se ao contrário, tivéssemos perseguido o modelo de nação independente, o que depende de financiamento suficiente por parte do Estado, já poderíamos ser exportadores de alta tecnologia.

Há alguma capacidade técnico-científica que foi instalada, com muita dificuldade, no Brasil nas últimas seis décadas, o que propiciou a transformação tecnológica nacional. Cito alguns exemplos importantes desse processo e que estão profundamente enraizados na UFRJ: tecnologia de exploração de petróleo em águas profundas, um projeto bem-sucedido de um dos primeiros trens de levitação do mundo e carros com motor movido a etanol e, mais recentemente, a hidrogênio. São descobertas científicas e tecnológicas que geraram riquezas, mas poderiam ter sido muito melhor aproveitadas pela nação.

Ressalto que a ciência brasileira é muito recente, pois foi estruturada há menos de um século, além de ser subfinanciada devido à escolha equivocada de alguns governantes. Sabemos que o país está polarizado e identificamos dois grupos bem diferentes.

Por um lado, há os que tentam mantê-lo a todo custo como colônia de exploração. Devemos refletir sobre os interesses velados daqueles que almejam manter o nosso país subdesenvolvido. Desta vez, a exploração da nação, de suas terras, riquezas e do seu povo, vem sendo realizada por esses mesmos grupos internos que se beneficiam financeiramente no curto prazo e não têm projeto coletivo de nação que se projete soberana no futuro.

Do outro lado, existem aqueles que sonham com o verdadeiro desenvolvimento do país. É com esse lado, soberano, altivo, emancipatório, cidadão, que sonho que a UFRJ contribua. Sem medo e com esperança.

Bom voto !

WhatsApp Image 2022 09 30 at 20.22.53Alexandre Medeiros e Ana Beatriz Magno

‘Não há força maior no mundo do que a esperança de um povo que sabe que vai voltar a ser feliz”. Foi com essa frase que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriu a semana final de campanha, em seu discurso na live “Brasil da Esperança! Lula Presidente 13!”, na segunda-feira (26). No patamar dos 50% dos votos válidos nas duas principais pesquisas divulgadas esta semana — a do Ipec e a do Datafolha —, Lula lembrou que “falta só um tiquinho” para que vença no primeiro turno: “O tempo do ódio, o tempo da guerra, o tempo da desunião e da discórdia está chegando ao fim. Eu nunca tive tanta fé e tanta esperança como tenho hoje”.
É isso. Chegou a hora. A esperança de que a eleição presidencial seja decidida já no domingo foi alimentada pelas pesquisas do Ipec e do Datafolha. Na segunda-feira (26), o Ipec mostrou que Lula tem 52% dos votos válidos e Bolsonaro, 34% — os mesmos percentuais da rodada anterior. Ao analisar a pesquisa do Ipec, o sociólogo e cientista político Paulo Baía, professor do IFCS/UFRJ, enxerga duas ondas em formação nos últimos dias de campanha. “São ondas diferentes, mas são sinérgicas a favor de Lula. Há uma onda de contágio pró-Lula. E existe uma onda anti-Bolsonaro que impede o candidato do PL de crescer. Ele está rigorosamente estabilizado há mais de 20 dias”, avalia o professor.
Paulo Baía acha real a possibilidade de Lula vencer em primeiro turno, sobretudo se crescer a adesão ao voto útil ou necessário. “O levantamento do Ipec mostra uma indefinição em relação a Ciro Gomes (PDT), que teve uma pequena queda, e há uma tendência de desidratação de sua campanha. Pode ser que Ciro mantenha seu percentual de votos entre 6% e 8%, mas podemos ter uma surpresa, com ele despencando para o quarto lugar, com menos de 4%. Simone Tebet (MDB) se mostra mais estável e conquista entre 3% e 5% dos votos. Ambos estão sendo pressionados pelo voto necessário ou pelo voto útil dentro de seus próprios partidos”, diz Baía.WhatsApp Image 2022 09 30 at 20.47.23
A onda antiBolsonaro identificada pelo professor Paulo Baía teve algumas adesões expressivas durante a semana. Na terça-feira (27), o ex-presidente do STF, Joaquim Barbosa — que foi relator no tribunal do processo do mensalão, no qual votou pela condenação de dirigentes do PT — divulgou um vídeo com duras críticas ao candidato do PL. “Bolsonaro não é um homem sério. Não serve para governar um país como o nosso. Não está a altura. Não tem dignidade para ocupar um cargo dessa relevância. Nas grandes democracias, Bolsonaro é visto como um ser humano abjeto, desprezível”, diz Barbosa. O ex-ministro encerra assim o vídeo: “É preciso votar já em Lula no primeiro turno para encerrar essa eleição no próximo domingo”.
A onda anti-Bolsonaro também atingiu outro ex-presidente da Corte, o ex-decano Celso de Mello, que divulgou carta em que qualifica o presidente como “um político menor, sem estatura presidencial, de elevado coeficiente de mediocridade”. “Em defesa da sacralidade da Constituição e das liberdades fundamentais, em prol da dignidade da função política e do decoro no exercício do mandato presidencial e em respeito à inviolabilidade do regime democrático, tenho uma certeza absoluta: não votarei em Jair Bolsonaro! É por tais razões que o meu voto será dado em favor de Lula no primeiro turno”, diz a carta. Tucanos históricos, como o economista André Lara Resende, também declararam voto em Lula esta semana.
Divulgada na quinta-feira (29), pouco antes do debate entre os presidenciáveis na TV Globo (veja matéria sobre o debate na página 5), a pesquisa do Datafolha mostra Lula com 50% dos votos válidos e Bolsonaro, com 36%. A pesquisa revela uma leve queda de Ciro Gomes, de 7% para 6%, também detectada pelo Ipec. Para o professor Paulo Baía, a vitória de Lula em primeiro turno pode ser decidida em detalhes. “Vamos ver o comportamento dos eleitores de Ciro e Simone. Se houver uma movimentação do chamado voto necessário, ou útil, essa movimentação pode favorecer tanto Lula quanto Bolsonaro. Os dois estão trabalhando a tese do voto útil”.
A estabilidade nas intenções de votos de Lula e Bolsonaro nas pesquisas pode ser mais um fator a favor do candidato do PT nas suas pretensões de liquidar a fatura no próximo domingo. Em debate no programa Prós e Contras, da Jovem Pan News, de quinta-feira (29), a cientista política Mayra Goulart, vice-presidente da AdUFRJ, observou que essa estabilidade vem se mantendo. “Pesquisa é uma fotografia do momento, e as preferências estão estáveis ao longo do tempo, com poucas oscilações”, atesta Mayra, para quem a vitória de Lula em primeiro turno é uma possibilidade real.
Possibilidade feita de esperança. A poucas horas do voto na urna, vale lembrar outra frase de Lula na live do início da semana: “Nós vamos juntos reescrever a história”.

Cientista político diz que é impossÍvel cravar resultado

WhatsApp Image 2022 09 30 at 20.39.20PEDRO
LIMA
Professor de Ciência Política da UFRJ

“Fazer política é disputar hegemonia. Me parece que hoje a esquerda tem a hegemonia na chapa Lula e Alckmin. Alckmin saiu do PSDB, foi para o PSB, colocou boné do MST, cantou a Internacional, se aliou a Lula. Claro, que pode ser farsa e teatro, e que só saberemos se essa aliança empurrará o PT para a direita no decorrer do governo, mas até agora, me parece que a esquerda hegemoniza. Isso é muito importante num cenário eleitoral disputado como esse. É mais um indicador da importância de liquidar a eleição no primeiro turno porque fortalece a esquerda e reduz a margem de negociação.
Isso não significa que ter um segundo turno seja uma derrota. Claro que não é. Pode até ter um gostinho de derrota, mas não é uma derrota de jeito nenhum. Temos que colocar as coisas em perspectiva. Estamos lidando com um presidente fascista, bandido, criminoso. Lula foi preso, viu um golpe se realizar para evitar sua eleição. Neste contexto, somar 48%, 49% ou 51% dos votos não faz diferença. É uma supervitória.
A última pesquisa do Datafolha, divulgada na quinta-feira, não permite que a gente crave o resultado. Lula está em algum lugar entre 48 e 52%. O viés de alta da semana anterior parece, segundo a pesquisa, ter se estabilizado. É um cenário delicado porque Lula está muito perto de vencer no primeiro turno e qualquer mudança de voto é significativa. De quinta a domingo, a decisão girará em torno do que irá acontecer com os 2% de indecisos e com os votos de Ciro. Se parte de votos de Ciro e dos indecisos migrar para Simone Tebet, fortalece ainda mais a senadora na política nacional, e não favorece Lula. Já se parte desses votos forem para Lula, liquidaremos a fatura no primeiro turno, o que seria fantástico, porque derrotaríamos com força uma aberração política e fortaleceríamos a democracia”.

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