facebook 19
twitter 19
andes3
 

filiados

WhatsApp Image 2023 03 30 at 20.18.47 8Kelvin Melo e Francisco Procópio

Nos últimos 21 anos, 23 escolas sofreram ataques de alunos ou ex-alunos no Brasil. Os números, apurados em uma pesquisa da Unicamp — e detalhados na página ao lado —, apresentam uma tendência preocupante: mais de um terço das tragédias ocorreu apenas do segundo semestre de 2022 para cá. Na mais recente delas, a professora Elizabeth Tenreiro foi assassinada a facadas esta semana, em São Paulo. Ainda devastados pela perda da colega, especialistas e representantes sindicais ouvidos pelo Jornal da AdUFRJ buscam compreender as raízes da crescente violência em ambiente escolar.
“A explicação não pode ficar limitada a um indivíduo. É uma questão social. O assassino tem 13 anos. Isso é inusitado. Não podemos naturalizar essa violência”, afirma a professora Carmen Teresa Gabriel, titular da Faculdade de Educação da UFRJ. “Chegamos a uma sociedade tão guiada pelo ódio que estamos vendo coisas que seriam impensáveis há alguns anos”.
A pandemia, que afastou os alunos dos bancos escolares e do convívio com o outro por mais de dois anos, pode ter contribuído para o crescimento da cultura de ódio. “Ninguém nasce aluno. Você aprende a ser aluno em um processo de socialização, indo para a escola”, explica Carmen, que é coordenadora do Complexo de Formação de Professores da universidade. “Uma das grandes dificuldades do retorno às aulas foi esta criação do vínculo com a escola como uma instituição de acolhimento. Quando você fica dois anos fora desse processo, aparecem as sequelas. Este é um elemento importante”.
Sequelas que podem crescer, se o caminho da repressão apontado por algumas autoridades ganhar espaço. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Podemos), defendeu um programa para colocar policiais nas unidades de ensino de forma permanente. “Lugar de polícia não é na escola. A escola não está numa redoma de vidro, onde a violência não está presente. Mas ela precisa lutar contra a violência por um trabalho pedagógico”, conclui Carmen.
Também professora titular da Faculdade de Educação, Libânia Xavier chama a atenção para a sobrecarga dos profissionais de ensino e para a importância de haver um protocolo para lidar com casos semelhantes ao do jovem de São Paulo. “É tanto trabalho e é um trabalho tão intenso que os profissionais demoram a perceber a gravidade de algumas situações. Isso resulta em tragédia, às vezes”, observa. “Não sabemos exatamente como foi em São Paulo. Acho que a escola estava alerta, mas, provavelmente, o garoto precipitou o ataque”, completa.
Libânia fala com a experiência de quem, desde 2012, estuda professoras que trabalham em áreas conflagradas no Rio. “A violência não está só dentro da escola. Mas também no seu entorno. Muitas vezes, vem dos próprios agentes do Estado”, diz, em referência às ações policiais próximas às escolas. “A notícia é um alerta muito triste que exige atenção dos poderes públicos. Existe pouco apoio das outras instituições. Faltam políticas públicas articuladas”.
As políticas que faltam podem ser formuladas na universidade. Em nome da diretoria da AdUFRJ, a professora Nedir do Espirito Santo manifestou seu pesar pelo assassinato da colega e defendeu o engajamento dos cursos da instituição neste debate. “Sentimos muito o ocorrido e nos solidarizamos com a dor do corpo docente da escola e de todos os alunos”, diz Nedir, que atua na Licenciatura em Matemática.
“Como o adolescente chega a tal ponto de violência? Quais foram os sinais dados pelo jovem? O que a escola poderia ter feito? Estamos muito longe de responder a essas perguntas e vemos poucas medidas públicas nessa direção”, diz Nedir. “Os cursos de licenciatura devem conter em seus currículos espaços para abordagem dos problemas que estão enfrentando os adolescentes dessa geração e de que forma suas emoções estão se apresentando”.

GOVERNO DE EXTREMA-DIREITA ESTIMULOU DESCONFIANÇA CONTRA PROFESSORES

Para as entidades sindicais, a tragédia de São Paulo guarda estreita relação com o discurso de ódio fomentado no governo Bolsonaro. “Quando você estimula que se grave seu professor, ou que denuncie seu professor porque está falando isso ou aquilo, você está estimulando uma relação de desconfiança e de controle do aluno sobre o professor. Não é mais sobre alguém que está ali para educá-lo”, avalia a professora Duda Quiroga, coordenadora-geral do SEPE (Sindicato dos Profissionais da Educação do Estado do Rio). “Quando o controle não acontece e o jovem não aprendeu a lidar com frustrações, a tendência é eclodir este tipo de situação (de conflito)”, completa.
A dirigente cobra a necessidade de ampliação do vínculo entre alunos e escolas com a oferta de atividades culturais no contraturno. “Nós precisamos de outras políticas públicas para que esses jovens não fiquem só na aula e nos períodos de pátio, naqueles 30 minutos de recreio”. A demanda exige investimento das autoridades. “Precisa de mobilidade urbana, para que você possa levar um estudante de uma ponta da cidade a outra para ir ao museu”, exemplifica.
Nas escolas privadas, a sensação não é diferente. “Esse governo fascista que nós tivemos do Bolsonaro estimulou que as pessoas se armassem para poder resolver os seus problemas de relação com o outro”, afirma o professor Elson Paiva, presidente do Sinpro-Rio, Sindicato dos Professores do Município do Rio de Janeiro e Região.
Elson também contestou a proposta do governador paulista Tarcísio de Freitas de colocar policiais armados dentro das escolas. “Como é que vai resolver o problema da violência com mais violência?”, questiona.
Neste cenário de violência crescente, Elson classifica a docência como uma profissão de risco. “Nós da educação e da área da saúde, e os profissionais da segurança, somos os que estamos mais na linha de frente. Estamos muito mais expostos do que do que outras categorias de trabalhadores”, alerta.
Coordenador-geral do Sinasefe (Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica), o professor David Lobão concorda que os ataques podem ser relacionados com a ação destruidora do governo Bolsonaro. “Você tinha um governo neofascista que não valorizava a educação”, critica.
As consequências do desprezo pela educação ainda se refletem em conflito nas salas de aula, mesmo após o fim daquele governo. “Aqui no Instituto Federal onde eu trabalho, na Paraíba, uma professora foi chamar a atenção de um aluno e agora está afastada, porque o estudante se achou no direito de ameaçá-la”, afirma.
Apesar dos obstáculos, Lobão não se rende. “Meu amigo Paulo Freire dizia que a educação não muda o mundo. A educação muda as pessoas e as pessoas mudam o mundo”.

WhatsApp Image 2023 03 30 at 20.19.26A AdUFRJ preparou uma surpresa de boas-vindas para a comunidade universitária que reinicia suas atividades acadêmicas na próxima segunda-feira, dia 3 de abril.
A mensagem "Respeitar a universidade é valorizar o professor" foi colocada em galhardetes (veja imagens abaixo) na rotatória do Hospital Universitário, na rotatória do CT/CCMN e em frente ao ponto de ônibus do CT, no Fundão.
Vamos seguir transformando a UFRJ para melhor!
Instalação e imagens: Maxsigns
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3eff8aa2 1158 4f0e a17e 873d0df2c419b3267c3a 7c41 4418 8b22 1b7fb9eb09e4209d734c c365 4435 b3f7 1459d7465c75

Duas chapas disputam a reitoria da UFRJ. Quem vencer, comandará a universidade pelos próximos quatro anos. Entre os principais desafios, o novo reitor precisará lidar com um orçamento ainda deficitário, com infraestrutura periclitante e com políticas de permanência insuficientes para as necessidades dos estudantes. Por outro lado, a conjuntura nacional dará ao escolhido oportunidades de ampliar políticas de acesso e permanência, aumentar o orçamento da instituição e conseguir novos projetos para o ensino, pesquisa, extensão e assistência em saúde.

O professor Roberto Medronho, titular da Faculdade de Medicina, foi o primeiro a se inscrever, na manhã do dia 21, acompanhado da vice-reitora de sua chapa, a professora Cássia Turci, titular do Instituto de Química. Reconhecido epidemiologista brasileiro, ele foi um dos principais nomes do país no combate à pandemia de covid-19.

A Chapa 10 “UFRJ para todos: Autonomia, Inclusão e Inovação” representa o campo político da atual reitoria da universidade. “Queremos uma universidade autônoma, de qualidade, gratuita”, declarou o professor Roberto Medronho no momento da inscrição. “Hoje é um dia muito importante de combate ao racismo, é muito simbólico para nós. Nossa chapa é absolutamente comprometida com a luta antirracista”, declarou o candidato a reitor.

A professora Cássia Turci completou: “Queremos uma UFRJ melhor, mais inclusiva. O nome ‘UFRJ para todos’ tem um significado muito importante para nós. Queremos incluir todos os segmentos da universidade: nossos estudantes, técnicos, professores e também nossos terceirizados”.

A chapa foi acompanhada de apoiadores até o auditório do CCMN onde ocorreram as inscrições. Entre eles, integrantes da APG UFRJ e decanos do CT, CCMN e CCS, professores Walter Suemitsu, Cabral Melo Lima e Luiz Eurico Nasciutti.

Às 14h, foi a vez de apoiadores da Chapa 20 “Redesenhando a UFRJ: Democracia, Autonomia e Diversidade”, aguardarem os professores Vantuil Pereira, associado do NEPP-DH, candidato a reitor, e a professora Katya Gualter, associada da Escola de Educação Física e Desportos, candidata a vice-reitora. O grupo, de oposição à atual gestão da UFRJ, realizou um ato em frente ao CCMN em referência à data, já que 21 de março foi o Dia Internacional contra a Discriminação Racial. De braços dados, docentes, estutantes e técnicos entoaram cânticos do movimento negro enquanto se dirigiam ao local da inscrição.

Entre os apoiadores, estavam integrantes do DCE Mario Prata, do Coletivo de Docentes Negros e Negras e o decano do CFCH, professor Paulo César Castro.

“É um momento muito importante para nós, comunidade universitária, coletivos negros, corpos historicamente desmembrados”, disse a professora Katya Gualter.

O professor Vantuil Pereira complementou: “Hoje começa uma nova história na UFRJ. Esta é uma chapa que pela primeira vez reúne dois docentes pretos”, assinalou o candidato a reitor. “Que possamos terminar essa campanha com o sentimento do dever cumprido”.

O primeiro debate entre as chapas acontece no dia 5 de abril, no auditório Roxinho, do CCMN. As eleições serão realizadas nos dias 25, 26 e 27 de abril. A apuração dos votos é no dia 28.

 

ENTREVISTA I CHAPA 10 “UFRJ PARA TODOS: AUTONOMIA, INCLUSÃO E INOVAÇÃO”

WhatsApp Image 2023 03 24 at 09.19.44Jornal da Adufrj -Por que decidiram se candidatar aos cargos?
Roberto Medronho - Os últimos anos foram terríveis. Tivemos um governo que foi contrário à ciência e às universidades. Durante a pandemia, eu tive a honra de presidir o GT Coronavírus e a professora Cássia teve uma atuação excepcional. Graças a ela não faltou álcool nos nossos hospitais e para a nossa UFRJ. Reconhecendo agora a nova situação, em que o governo federal está atento às universidades, nós nos sentimos preparados, com nossa larga experiência em gestão, para que a universidade possa contribuir com a reconstrução do país e com o enfrentamento vigoroso das desigualdades sociais e de qualquer forma de discriminação. Temos o compromisso de devolver à sociedade o que ela investiu em nossa formação e na nossa universidade.

Jornal da Adufrj - Quais os principais desafios?
Medronho - A permanência dos alunos que chegam pelas cotas é um deles. É fundamental que a gente tenha um aprimoramento ainda maior da assistência estudantil. Mas assistência estudantil não é só bolsa. É acolhimento. Queremos formar todos os alunos, mas os cotistas são fundamentais porque vão transformar a vida da comunidade de onde vieram. Na área da pesquisa, precisamos de incentivo e troca entre todos os programas, com atuação multidisciplinar. Também queremos que os programas de conceitos 6 e 7 consigam fazer intercâmbios com outros programas que precisam aumentar sua avaliação na Capes. Precisamos também aumentar nossas ações na extensão. Muitos dos conhecimentos produzidos aqui demoram até serem incorporados na sociedade. Sobre os hospitais, precisamos repor o número de pessoal. Daremos atenção especial aos nossos HUs. Nossa missão é atuar no SUS, mas também nos preocupamos com a saúde dos trabalhadores. Temos propostas para atuação sobretudo na área de saúde mental dos servidores.

Jornal da Adufrj - E os objetivos?
Cássia Turci - O nome da nossa chapa resume o que queremos: uma universidade para todos. Nosso objetivo final é ter uma formação forte e sólida dos nossos estudantes e isso se faz também trabalhando a empatia. Temos estudantes de todos os estados. A infraestrutura precisa corresponder às expectativas desses alunos que muitas vezes não têm como se manter no Rio de Janeiro. A gente precisa ampliar o atendimento psicológico e criar disciplinas que desenvolvam habilidades emocionais nos alunos.


ENTREVISTA I CHAPA 20 “REDESENHANDO A UFRJ: DEMOCRACIA, AUTONOMIA E DIVERSIDADE”

vantuilJornal da Adufrj - Por que decidiram se candidatar aos cargos?
Vantuil Pereira -
A gente entende que há a necessidade de se voltar para alguns aspectos internos que é a democratização dos conselhos superiores, para garantir um diálogo maior com os estudantes, com os técnicos, para ter um novo tipo de diálogo com os docentes. Queremos buscar uma política de interiorização mais profunda com Macaé e Caxias e garantir a autonomia universitária, no sentido de ter uma instituição menos aberta à privatizações, garantir que a universidade seja o espaço da crítica, da reflexão. A diversidade expressa a necessidade de garantir a inclusão de amplos setores que ainda não participam de políticas públicas de cotas, como quilombolas e pessoas trans, além de fortalecer a presença de segmentos que já estão na universidade.

Jornal da Adufrj - Quais os principais desafios?
Vantuil Pereira -
O primeiro é retomar o lugar da UFRJ na agenda nacional, com uma perspectiva de soberania e de contribuir com o debate nacional. Cito, por exemplo, a questão dos ianomâmis. Nós poderíamos ter contribuído, oferecido os nossos serviços. A universidade tem um campo da saúde muito forte, tem a antropologia, que pensa criticamente esses espaços. Mas também em meio ambiente, cidades, tecnologia. A gente tem muito a contribuir com a reconstrução do Brasil, não só no campo da educação. E no cenário interno, voltar a cuidar da infraestrutura da instituição, que foi muito destruída, voltar a cuidar de estudantes, técnicos, docentes e terceirizados. Nosso grande desafio é ao final dos quatro anos trazer um novo modelo de gestão democrático, participativo. Queremos que os aspectos da saúde, da tecnologia, da inovação se voltem para as amplas parcelas da população e, para isso, a universidade precisa se encher de povo. Essa é a nossa referência de que universidade queremos construir.

Jornal da Adufrj - E os objetivos?
Katya Gualter -
Se a gente fala que precisa horizontalizar a participação dos diferentes segmentos – e a gente pensa em como inserir os terceirizados nessa discussão – a gente precisa reunir esses corpos diversos para efetivamente criar políticas. Não adianta falar da diversidade e se fechar para a escuta. É preciso dar protagonismo a esses corpos diversos que, inclusive, pensam diferente de nós. Nossa gestão será dialógica, de forma que todo processo seja o mais participativo e amplo possível.

O presidente Lula visitou o Museu Nacional nesta quinta-feira (23) e prometeu repassar os recursos para a finalização das obras da instituição, consumida por um incêndio de grandes proporções em 2018. São necessários R$ 180 milhões para dar andamento à recuperação do acervo — 85% do acervo de 20 milhões de itens foram perdidos — e do prédio histórico da Quinta da Boa Vista. O presidente quer entregar a obra finalizada antes do fim do mandato. O modelo do investimento já foi definido. Parte dos recursos será captada pelo BNDES, via Lei Rouanet, e o valor restante será repassado pelo MEC.

O reitor da UFRJ, professor Carlos Frederico Leão Rocha, acompanhou Lula durante a visita e comemorou o repasse dos recursos. “O incêndio ocorreu há cinco anos e foi a maior tragédia da história da UFRJ”, afirmou o reitor. “Devemos aos cariocas e ao Brasil a recuperação do Museu Nacional”.

Lula encarregou o presidente do BNDES, Aloísio Mercadante, de captar os recursos junto à iniciativa privada. Ainda na tarde de hoje, o reitor conversou longamente com Mercadante e saiu otimista do encontro.“Mercadante prometeu se empenhar para inserção dos recursos privados”, explicou o professor.

Participaram do encontro também a ex-reitora da UFRJ, professora Denise Pires de Carvalho, hoje secretária de Educação Superior (SeSU) do MEC, a ministra de Gestão e Inovação em Serviços Públicos, e professora da UFRJ, Esther Dweck, o ministro da Educação, Camilo Santana, a ministra da Cultura, Margareth Menezes, a ministra de Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, além da primeira-dama Janja.

“E ainda combinei com a Janja uma visita ao premiado projeto Tem Menina no Circuito, do Instituto de Física”, comemorou o reitor.

Ex-reitora e atual SeSU, a professora Denise Pires de Carvalho agradeceu emocionada ao presidente. "Foram três anos de muito descaso. Conseguimos chegar até aqui com muita luta e determinação. A primeira instituição científica do país está entre as melhores do mundo em suas áreas do conhecimento. O Presidente Lula e o Ministro Camilo Santana estão comprometidos com a sua reconstrução e devolução para a sociedade", declarou.

WhatsApp Image 2023 03 23 at 20.19.16  WhatsApp Image 2023 03 24 at 14.43.40

Para aproximar a UFRJ da população, mostrando os seus feitos e o trabalho realizado pelas centenas de professores da universidade, a AdUFRJ organizou um café da manhã com os parlamentares do Rio de Janeiro, representantes eleitos em outubro para a Assembleia Legislativa e para a Câmara dos Deputados. O encontro aconteceu na última sexta-feira (20) no Fórum de Ciência e Cultura, e contou com a participação de dezenas de professores e deputados federais e estaduais, ou assessores enviados pelos parlamentares.

“Além das formas de luta tradicionais, nas ruas e na mídia, nosso sindicato entende que é preciso atuar em novas frentes, indo além daquela postura meramente reativa e denuncista que muitas vezes os sindicatos assumem e buscando fazer um processo de recuperação da confiança da sociedade na universidade e nos professores”, explicou a vice-presidente da AdUFRJ, Mayra Goulart, na abertura do evento. “O objetivo dessa iniciativa é incidir nos espaços de poder, aumentando a sinergia da universidade com os tomadores de decisão. Nossa função aqui é ser representantes das demandas da comunidade acadêmica junto aos tomadores de decisão”, concluiu a professora.

GRANDE NOTÍCIA
Mais de 40 professores e 19 parlamentares (pessoalmente ou representados por assessores) participaram do evento. E se um dos objetivos do café da manhã era apresentar a atuação da universidade aos legisladores, a professora Leda Castilho, coordenadora do Laboratório de Engenharia de Cultivos Celulares (LECC) da Coppe trouxe, em primeira mão, uma grande notícia: a vacina contra covid-19 desenvolvida pela UFRJ vai entrar em fase de testes clínicos. O anúncio foi aplaudido efusivamente pelo público.

Na fala de alguns parlamentares surgiram exemplos da importância da UFRJ para a sociedade. Carlos Minc (PSB) lembrou que, quando foi secretário estadual de Meio Ambiente, a secretaria criou um fundo verde, ideia que partiu da universidade. “Foi uma ideia que funcionou. Parte do ICMS arrecadado no setor de energia viabiliza projetos sustentáveis”, contou. Ele também lembrou leis que foram propostas e fundamentadas por professores da UFRJ, como a que aboliu das refinarias o uso do chumbo na produção, e a que proibiu o mercúrio na fabricação de cloro soda. “Sempre que falo dessas leis credito à UFRJ. Quem deu a fundamentação foram as áreas de Saúde e de Tecnologia da universidade. Temos que aproveitar esse potencial imenso da UFRJ, mas também creditar, para estimular esse intercâmbio”, disse Minc.

A deputada Renata Souza usou a sua experiência pessoal para tratar da importância da UFRJ. Criada na Maré, na infância ela contraiu hepatite na água contaminada que chegava à torneira da sua casa, e foi tratada no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho. “Eu estou viva também por causa da UFRJ. Não estou falando isso por acaso, mas para ressaltar a dimensão que é morar ao lado de uma universidade onde a produção de conhecimento constrói também a possibilidade de termos vida”, disse a deputada. Renata Souza defendeu uma “radicalização do processo de democratização do acesso ao ensino”, propondo que haja a expansão dos colégios de aplicação das universidades, com unidades em áreas de baixo IDH.

“Senhores parlamentares, aproveitem esta fantástica competência científica instalada no estado do Rio de Janeiro”. A convocação foi feita pelo professor Luiz Davidovich, ex-presidente da Academia Brasileira de Ciências. “Aproveitem não só para o estado do Rio, mas para o Brasil”. Davidovich ressaltou que os professores querem cooperar com o parlamento. “Estamos prontos para ajudar a formular políticas públicas para o estado e para o país”, disse.

Para a professora Mayra Goulart o encontro foi bem-sucedido. “Os professores puderam falar aqui como o seu trabalho na UFRJ impacta positivamente a sociedade. A diretoria da AdUFRJ compreende a importância de novas formas de luta para além das pressões através de greve e da mídia tradicional. E dentre essas novas formas de luta está a sensibilização dos parlamentares em prol dos interesses da universidade. A AdUFRJ está comprometida com essa luta que sensibiliza a sociedade civil e seus representantes, para que essa sinergia esteja azeitada”, disse a professora.

 

Débora Foguel
Professora da UFRJ

"Acho que muitos de nós sempre ansiamos por esse tipo de encontro entre a universidade e o Poder Legislativo ou o Poder Executivo. Sou professora de Bioquímica e gostaria de falar sobre o meu centro, o Centro de Ciências da Saúde, e dar, através dele, um exemplo da excelência do que acumulamos. Duvido que haja em alguma outra universidade do país uma concentração tão grande de programas de pós-graduação com um grau de excelência como aquele que a Capes nos avalia. É impressionante e isso se reproduz em outros centros da UFRJ. Durante a pandemia, a criação do Centro de Triagem, tão importante, que não só criou e fez testes de covid-19 para a comunidade universitária, mas também para todos os profissionais da saúde do estado. Eu queria agradecer pela possibilidade de estar aqui com muitos pequenos exemplos da nossa excelência. Contem com a nossa expertise. É uma enorme honra para um professor universitário ser convocado para ajudar a sua comunidade."

Reimont
Deputado Federal (PT)

"A Educação, a Ciência e a Cultura ganharam a eleição em outubro. Nós mudamos o curso daquilo que foi um desmonte dos nossos parques universitários, da nossa pesquisa, da valorização da Ciência nos últimos seis anos. O presidente Lula, no seu primeiro mês de governo, reuniu-se com os reitores das universidades e disse que nós precisamos mudar a relação com as universidades, porque é das universidades que nascem todas as possibilidades, ou as a maioria das possibilidades para mudarmos a nossa história, a história do nosso país. Eu estou membro da Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara, e quero me colocar aqui à disposição da UFRJ. Tivemos uma vitória em outubro, mas precisamos entender que essa vitória não garantiu a mudança de curso que nós queremos, porque o bolsonarismo ainda está muito entranhado na sociedade."

Dani Balbi
Deputada estadual (PCdoB)

"Sempre que eu retorno à UFRJ eu me sinto em casa, isso não é demagogia. Acho que resgato o fato de ter nascido na universidade, por conta da minha mãe ser servidora de muitos anos, e ter continuado na universidade. É um lugar em que eu me sinto muito à vontade. Fico muito honrada em poder, agora através do mandato, devolver à UFRJ aquilo que ela entregou a pessoas como eu. E continuar nessa jornada de fazer com que o poder público invista cada vez mais na universidade, pensando a importância dela para a formação de pessoas mais vulneráveis, mas também no debate mais amplo de desenvolvimento econômico regional, de robustecimento da economia, um debate que a universidade faz tão brilhantemente através das pesquisas em diversas áreas."

Delegada Marta Rocha
Deputada estadual (PDT)

"Sou ex-aluna da Faculdade Nacional de Direito da UFRJ. Quando eu entrei hoje aqui, me lembrei da importância da UFRJ na militância pelos direitos humanos. Não temos nenhuma dúvida da importância dos trabalhos desenvolvidos pela universidade, que podem fazer esse link com a garantia dos direitos e da democracia. E quero falar, como parlamentar e presidente regional do meu partido, que não há para nós tema mais sensível que o da Educação."

Renata Souza
Deputada Estadual (PSOL)

"Quando criança, eu tive hepatite, e me tratei no hospital universitário da UFRJ. Eu estou viva também por causa da UFRJ. Não estou falando isso por acaso, mas para ressaltar a dimensão que é morar ao lado de uma universidade onde a produção de conhecimento constrói também a possibilidade de termos vida. Precisamos trabalhar pela radicalização do processo de democratização do acesso ao ensino. Por isso é importante fazermos um debate sobre termos colégios de aplicação em áreas de baixo IDH no Rio de Janeiro. Tenho certeza de que se houvesse um CAp da UFRJ na Maré, minha história, de nascida na Maré que fez mestrado e doutorado na UFRJ, não seria uma exceção, mas uma entre muitas outras histórias. Por isso faço essa provocação para que tenhamos um debate franco sobre a possibilidade dos colégios de aplicação terem unidades dentro de territórios de favela e periferia com baixo desenvolvimento humano."

Luiz Davidovich
Professor da UFRJ e ex-presidente da ABC

"Senhores parlamentares, aproveitem esta fantástica competência científica instalada no estado do Rio de Janeiro. Aproveitem não só para o estado do Rio, mas para o Brasil. É essencial essa comunicação entre a Academia e o Parlamento, e também entre a Academia e o Poder Executivo. Deve ser uma colaboração frequente justamente para o país, para a sociedade brasileira, para aumentar a qualidade de vida da população. Há dois anos, a ABC, a SBPC e a Academia Brasileira de Letras eram presididas pela UFRJ. Isso mostra que a nossa universidade tem um papel muito importante nessa colaboração, e isso foi feito hoje aqui."

 

Veja a lista dos deputados que compareceram ou enviaram representação:
Deputados Estaduais
Andrezinho Ceciliano (PT)
Carlos Minc (PT)
Dani Balbi (PCdoB)
Dani Monteiro - representante (PSOL)
Delegada Martha Rocha (PDT)
Elika Takimoto - representante (PT)
Flavio Serafini (PSOL)
Jari Oliveira - representante (PSB)
Marina do MST- representante (PT)
Munir Neto (PSD)
Renata Souza (PSOL)
Rosângela Oliveira Zeidan - representante (PT)
Verônica Lima – representante (PT)
Yuri Moura - representante (PSOL)
Deputados Federais
Chico Alencar (PSOL)
Jandira Feghali - representante (PCdoB)
Pastor Henrique Vieira - representante (PSOL)
Reimont (PT)
Sargento Portugal - representante (PODE)
Tarcísio Motta- representante (PSOL)

 

Topo