facebook 19
twitter 19
andes3
 

filiados

Lucas Abreu
Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

 

O governo Bolsonaro deu mais uma volta no parafuso do autoritarismo. O alvo agora é a professora Erika Suruagy, vice-presidente da Associação dos Docentes da Universidade Federal Rural de Pernambuco (Aduferpe). Erika foi intimada a depor na Polícia Federal graças a um inquérito criminal que investiga outdoors colocados em várias cidades de Pernambuco. As peças criticavam os ataques do governo à Educação e ao SUS, mencionavam o número de mortos pela covid-19 (120 mil vítimas à época) e caracterizavam Bolsonaro como “o senhor da morte chefiando o país”.

As placas foram instaladas em setembro, e eram parte de uma campanha da Aduferpe junto com outros sindicatos locais, como a Seção Sindical dos Docentes da WhatsApp Image 2021 03 12 at 19.31.04Professora Erika Suruagy foi intimada pela Polícia FederalUniversidade de Pernambuco (ADUPE) e o Sindicato dos Servidores dos Institutos Federais de Pernambuco (SINDSIFPE). “O ministro da Justiça, com base em um requerimento do presidente Jair Bolsonaro, solicitou a abertura de um inquérito para apuração, alegando atentado à honra do presidente”, contou a professora Erika, que soube do inquérito depois de ter sido intimada pela Polícia Federal para prestar esclarecimentos.

Segundo a professora, a delegada da Polícia Federal tomou seu depoimento e entendeu se tratar de uma campanha sindical. Mesmo assim, não encaminhou o inquérito para arquivamento, deixando a decisão para o Ministério Público. “Nesse momento achamos que era importante denunciar, tornar público o que estava acontecendo”, diz Erika, que foi intimada porque era a presidente da Aduferpe na época da publicação dos outdoors.

A docente está tranquila com o aspecto legal do caso. “Nós entendemos que não é crime, e mais ainda porque estou em um mandato coletivo, eu represento 1.200 professores”, explicou ela, que chama a atenção para o lado político da decisão do governo. “O objetivo é intimidar, dizer que quem abrir a boca para criticar vai para a cadeia”, avaliou a professora, que tem sido atacada nas redes sociais por apoiadores de Bolsonaro. “Essas intimidações estão acontecendo com cientistas e outros professores. Nós temos que nos posicionar”.

O Andes divulgou uma nota de apoio à professora e criticando o governo. “De modo absurdo e afrontoso às liberdades políticas inscritas na Constituição de 1988, a Polícia Federal dá continuidade à infundada queixa”, diz a nota do sindicato, que lembrou que a medida é parte de “outras marcas de perseguição docente”, como o caso dos professores da UFPEL que tiveram que assinar um Termo de Ajustamento de Conduta. A UFRPE também publicou uma nota de solidariedade, reafirmando “o direito legítimo a manifestações públicas, sejam de origem do movimento sindical ou de qualquer outra, ressaltando-se o caráter inconstitucional e inadmissível da censura”.

A UFRJ divulgou nesta sexta-feira (12) uma nota de apoio à professora. “Prestamos solidariedade à Érika Suruagy neste momento de tensão. Lembramos, ainda, que a universidade federal é instituição de Estado e, por isso, não é subserviente deste ou daquele governo, sendo portadora de autonomia didático-científica, conforme a Carta Magna afirma”, diz a nota. Leia a íntegra em (https://ufrj.br/2021/03/12/nota-de-apoio-a-professora-erika-suruagy-da-ufrpe/).

Na avaliação da professora Eleonora Ziller, presidente da AdUFRJ, a instauração do inquérito a pedido de Bolsonaro é mais uma manifestação de um presidente que se comporta como uma criança mimada. “O raciocínio político dele é infantil e precisa de limites”, explicou Eleonora, que considera que o perigo maior é as pessoas acharem normal que o presidente se comporte assim.

“Nós temos que repudiar isso nacionalmente e com muita força. Ele ultrapassou todos os limites do ridículo”, defende Eleonora, que acha que o presidente tem que ser responsabilizado pela péssima política de condução da pandemia. “Vamos buscar modos contundentes de demonstrar isso a cada dia. Não recuaremos um milímetro”, disse Eleonora, que também se solidarizou com a professora Erika Suruagy.

Para o presidente do PROIFES, Nilton Brandão, a situação é preocupante, e cita o caso dos professores da UFPEL. “Temos um governo policialesco que não admite nenhuma crítica e que, portanto, vai tentar penalizar qualquer cidadão que possa demonstrar contrariedade em relação às ações do governo”, disse o professor, que acredita que o Brasil caminha para um regime autoritário.

Topo