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WhatsApp Image 2020 11 20 at 10.56.35Na última terça-feira (17/11), um grupo de 30 docentes negros se reuniu, pela primeira vez, para dialogar sobre os desafios das relações raciais na universidade e o papel deles no enfrentamento ao racismo institucional. O encontro por videoconferência foi organizado pelo professor Vantuil Pereira, do Núcleo de Estudos de Políticas Públicas em Direitos Humanos (NEPP-DH). Estiveram presentes professores do CFCH, CCMN, Macaé, CT, que marcaram um próximo encontro para o dia 15 de dezembro, às 18h.
Depois de ler “O Poder Negro”, de Stokely Carmichael, Vantuil reconheceu a necessidade de as pessoas negras ocuparem espaços políticos na sociedade. “É preciso expressar o poder negro, ele não pode estar invisibilizado”, disse. “Precisamos ocupar espaço estrutural. Um caminho para mudar o racismo é ocupar e mudar a cultura das instituições, sem ter ilusões sobre mudar o sistema como um todo”, afirmou. Para o professor, o primeiro passo já foi dado com a presença deles, docentes negros, na universidade. “O segundo é ocupar os espaços institucionais, como congregação, CEG, CEPG, Consuni”, acredita. Na reunião, foi divulgado o formulário de uma pesquisa desenvolvida por Vantuil, que está traçando o perfil Étnico-Racial/Gênero dos Servidores, Docentes e Técnico-Administrativos em Educação da UFRJ.
Em depoimento emocionado, a professora associada do Departamento de Metodologia da Enfermagem, Maria da Soledade, agradeceu pelo encontro. “A gente está aqui se reconhecendo. As vezes entramos em alguns espaços e não olham para a gente como preto também. Precisamos nos equilibrar e ver que estamos juntos, um para o outro”, reconheceu. Alzira Guarany, professora adjunta da Escola de Serviço Social, também expressou gratidão. “É uma universidade branca no nível docente, mas que bom essa iniciativa”, disse. “Que a partir daqui a gente consiga nos reunir e pensar ações de fortalecimento e de visibilidade lá dentro. Essa universidade branca nos torna invisíveis. Que bom reconhecê-los, irmãos presentes nessa universidade”, agradeceu.
Fabio Pereira, do Departamento de Engenharia Química, lembrou que nenhum dos cursos do Centro de Tecnologia (CT) possui cotas para professores. “Somos dois ou três de 120 professores no total. A gente por muito tempo ficou avesso a discutir questões raciais. Isso não é assunto que se abre na Engenharia, na Física ou na Matemática”, explicou.
A UFRJ foi uma das universidades que mais demorou a aderir às cotas, já que o tema não passou pelos conselhos universitários e só virou uma realidade após a Lei Federal de Cotas (Lei Nº 12.711), de 29 de agosto de 2012.

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