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Elas & Eles ensinam, pesquisam, inspiram, formam e transformam. Num tempo sombrio em que educar é o verbo combatido pelo governante de plantão, homenagear a docência é lembrar que professoras e professores desenham o futuro com as tintas da ciência, da arte e da democracia. Neste 15 de outubro, o Jornal da Adufrj resgata o cotidiano de educadores que, como o centenário sociólogo Florestan Fernandes, fizeram do ofício um acúmulo de predicados inspiradores.

E Viva o 15 de outubro!

121666574 2279407658850376 8500937075799252829 nNós queríamos que este fosse um jornal só de celebração de nossas vidas. Um jornal que nos contasse inteiros e felizes. Porque integrar o quadro permanente de uma universidade pública não é um emprego apenas. É uma escolha de vida. A longa formação, os concursos que são verdadeiras maratonas, a sobreposição de diversas tarefas, o permanente processo de avaliação a que somos submetidos, enfim, um cotidiano de grande envolvimento e dedicação, que contrasta com o senso comum de que trabalhamos menos porque damos menos quantidade de horas de aulas do que professores das universidades privadas e do ensino básico. Essa percepção, ainda muito arraigada na sociedade, tem sido vergonhosamente utilizada para esvaziar e diminuir o papel que desempenhamos na sociedade. Desde sempre, a educação foi um problema para o Brasil, com suas universidades muito jovens e que serviam a uma pequena parcela da população. Mas pela primeira vez estamos enfrentando um governo que nos nomeia como se fôssemos inimigos, alvos a serem abatidos numa guerra declarada.
De fato, a universidade é quase um mundo à parte, com suas regras muito específicas e um modus operandi bastante diferenciado, no qual convivem rituais bastante tradicionais e novíssimas fronteiras do conhecimento, num complexo funcionamento de estruturas colegiadas. Ela é, de certa forma, opaca para quem a vê de fora e desconhece seus princípios estruturantes. Mas não é isso que incomoda aos poderosos de plantão. É que sua hierarquia e seu sistema de poder não obedecem completamente à lógica mercantil e de imediata utilidade. É preciso haver alguma insubmissão ao mundo tal como ele existe, uma persistente dúvida, um desejo latente de ir além do real, para que a produção do conhecimento se realize. Não existe universidade sem liberdade, não existe pesquisa onde não há dúvida, não existe educação sem transformação.
Esse ambiente foi criado e sustentado por muitas gerações de professores, e há muitas dissensões internas, embates vigorosos e, muitas vezes, devastadores. Mas é dessa diversidade que retiramos nosso vigor e é ela que buscamos celebrar nesse 15 de outubro: nossas múltiplas funções e nossas perspectivas tão diferenciadas sobre o que fazemos e como fazemos. Que sejamos nós vitoriosos nesse nosso dia, sejamos cientistas, artistas, intelectuais, administradores, militantes. Professemos nosso amor ao conhecimento, à liberdade e à educação, de todos os modos e de todas as formas.

Diretoria da AdUFRJ

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No momento em que a educação pública no Brasil é ameaçada pelo corte de verbas e pelos ataques à Ciência, à autonomia universitária e à liberdade de expressão, o ofício de ensinar ganha um caráter ainda mais nobre, de resistência e construção. As palavras do mestre Anísio Teixeira não nos deixam esquecer que sala de aula é lugar onde se respira e se celebra a democracia.

 

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