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bandeira adufrjO triplo ataque do governo, com a nomeação de reitores sem representatividade, cortes orçamentários e reforma administrativa, se for bem-sucedido irá desfigurar completamente a universidade pública brasileira. Mas, aqui e ali surgem indicativos de que o jogo ainda está sendo jogado e que precisamos armar melhor o time e afinar a nossa estratégia, colocando em campo nossos melhores jogadores e convocando a torcida para fazer aquela pressão. Até um improvável juiz parece querer agora apitar a nosso favor.
A impressão é que estamos diante de um inimigo poderoso, mas com uma política de efeitos tão devastadores que nos parece impossível de ser implantada. Isso explica um pouco da nossa dificuldade em armar um enfrentamento mais decisivo: um misto de cansaço, descrença e alguma confiança de que o pior não vai acontecer, e que sairemos dessa, como de outras vezes. Não deixa de ter uma certa sabedoria, em tempos difíceis como os de hoje, é preciso poupar energia e guardar o que nos resta para os momentos de decisão, aqueles que realmente importam. Mas não tenhamos dúvidas: se o campo ficar livre, eles vão partir para cima. Ao que tudo indica, a reforma administrativa é uma batalha para o ano que vem. A Lei Orçamentária para 2021 é urgente, e não podemos descuidar dela. Na verdade, nesse caso, a pauta principal é derrotar o chamado “teto de gastos”, que nada mais é do que uma grande mentira repetida de modo incansável até virar verdade. Desmantelar o Estado, e convencer a população de que ele é uma massa falida e impotente, é um recurso antigo, que de forma sistemática e insistente, garante a concentração de renda e a desigualdade social do país. Políticas de “austeridade” são invocadas, mas a resultante por aqui é sempre mais privilégios e mais sucateamento dos sistemas públicos de saúde e educação.
Num cenário de tal modo adverso, precisamos cuidar de nós mesmos. Não podemos nos entregar às batalhas internas como se fossem o nosso último gesto. As discussões que foram travadas no CEG e na última sessão do Consuni podem nos deixar importantes lições, para que não percamos o fio principal que deve nos conduzir nesse momento. Muitas vezes, ganhar uma votação pode não ser o mais importante, principalmente quando o que nos espera logo ali são desafios ainda maiores. Mas a grande pergunta é: até onde cada um de nós está disposto a ceder para que se preserve inteiro o nosso tecido social? Ou ainda, até onde podemos ir sem esgarçar demais nossas relações? Essa pergunta devemos nos fazer todos os dias. Em especial aqueles que ocupam nesse momento postos de comando ou de representação. A decisão de estabelecermos o diálogo não é simples, porque ele jamais existirá como decisão unilateral. Para que o diálogo se estabeleça é preciso que se compartilhe com o outro o mesmo desejo. A democracia não é um exercício abstrato, não é uma narrativa e nem mesmo um mero conjunto de regras a serem respeitadas. Ela é um processo vivo, composto de atos, procedimentos, condutas que escolhemos. É preciso haver correspondência entre intenção e gesto, generosidade na escuta e reconhecimento dos próprios limites. E alguma dúvida faz bem também. Não estamos vivendo as melhores condições para que isso se dê, seja por conta do desgoverno que compromete a saúde de nossa sociedade, seja por conta da crise sanitária que se estabeleceu com a pandemia da Covid-19. Mas se não podemos escolher em quais as condições enfrentaremos a realidade, ao menos não iremos abrir mão do modo como escolhemos passar por tudo isso: juntos, juntos pela universidade.

Diretoria da AdUFRJ

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