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bandeira adufrjO atual ministro da Educação andava tão calado que muitos já tinham até esquecido seu nome. Sumido das manchetes, pouco afeito à superexposição de seu antecessor, deixava a sensação de que não tinha mesmo ninguém por ali. Depois da experiência traumática do pior ministro da história, eis que uma declaração sua nos faz lembrar que ele está lá, e com compromissos idênticos.
Temos em marcha, patrocinado pelo desgoverno federal, um triplo ataque às universidades públicas do Brasil: as nomeações por interesse político dos reitores, a reforma administrativa e o corte de recursos orçamentários. Tudo isso posto, as últimas declarações do ocupante da cadeira ministerial iluminam o conjunto da obra: o MEC não deve ter nenhum papel a desempenhar sobre a desigualdade social, não é uma política correta incentivar pobres a entrarem na universidade, quem cuida da educação no Brasil são os estados e municípios. Embora cause estranheza por sua completa abstenção em torno dos mais graves problemas da educação nacional, temos ali coerência de sobra. Ele não está lá para enfrentar nenhum problema relevante. É um mero operador do projeto bolsonarista: destruir tudo isso que está aí.
Conforme avançam as propostas governamentais, vamos delineando o quadro de modo mais completo: a reforma administrativa compromete muito mais do que a nossa estabilidade de servidor público. Ela abre a porteira para uma multiplicidade de vínculos empregatícios e para a consolidação do uso ideológico da máquina estatal. Desprovida de seus mais altos objetivos republicanos, essa máquina será mera reprodutora de privilégios e desigualdades. Os ganhos, ainda que pequenos, alcançados com a Constituição de 1988, estão sendo destroçados. Os privilégios e distorções serão poupados, como têm sido em todas essas reformas, principalmente as da previdência e a trabalhista. O discurso oficial se alimenta da desigualdade e do justo sentimento de que precisamos enfrentar os grandes salários, as vantagens excessivas e a ineficiência para apresentar mudanças que não só não resolvem esses problemas, como os acirra.
O que temos a esperar? Os atos de sempre, as campanhas, a mobilização. Mas também a confiança em nosso próprio trabalho e naquilo que produzimos. E principalmente, por aquilo que significamos para a sociedade. Tanto a reforma administrativa quanto os cortes orçamentários ainda não se consumaram. Há uma verdadeira batalha a ser travada no Congresso Nacional, não nos furtemos a ela.
Nos próximos dias, será realizado em Brasília o 9º Conad, Conselho Nacional das Associações de Docentes de todo o país. Serão marcadas as eleições para a renovação da diretoria do Andes–SN. Também será discutido um plano de lutas para dar respostas a esse quadro. Não esperamos que, num passe de mágica, possamos reverter o quadro de baixa mobilização e pouca adesão ao movimento docente nacional, mas podemos ousar propor um novo despertar, uma retomada vigorosa do que fomos nas décadas da redemocratização, quando a nossa entidade nacional tinha uma forte inserção nos grandes debates nacionais. Podemos ser mais do que temos sido, podemos ir além do que temos ido. Nossos votos são para que o Conad consiga encontrar o caminho justo e as melhores propostas. Que tenhamos a lucidez necessária para isso.

Diretoria da AdUFRJ

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