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bandeira adufrjA organização da universidade é extremamente complexa. As instâncias decisórias são compostas sob o princípio da representação e possuem um grau razoável de autonomia em relação à reitoria. Prova disso o nosso processo para aprovar o calendário para 2020 e 2021. A reitoria apresentou ao menos duas propostas que não foram aceitas, a discussão precisou ser refeita nos Centros e unidades, até chegarmos a um calendário que não atende integralmente a nenhuma das proposições apresentadas, mas buscou um ajuste possível entre todas elas.
Embora exista essa autonomia, a condução da discussão é determinada pela ação direta da reitoria, e não podemos deixar de assinalar que nesse processo, embora ela tenha buscado construir uma proposta consensual, essa intenção de diálogo e negociação ficou comprometida pelo modo como foi conduzida a discussão. O tempo gasto com idas e vindas de propostas urgentes ao longo do último mês poderia ter sido substituído por um cronograma mais realista, que desse um tempo mais alargado para a avaliação nas unidades e elaboração de uma proposta fundada nas práticas dessas unidades. Evidente que o quadro novo de funcionamento remoto restringe e dificulta qualquer processo, mas poderíamos ter poupado tanto desgaste. Essa é uma avaliação crucial nesse momento, não para apontar o dedo e identificar responsáveis, mas para buscarmos acumular e aprender, para não repetirmos.
Nesse sentido, a última decisão de calendário nos coloca numa situação muito difícil. Com certeza se fosse uma decisão a ser tomada por quem é responsável pela implantação das resoluções, ela seria diferente. Os coordenadores de curso precisam de um tempo de planejamento, ajuste e elaboração dos horários, o lançamento de todas as turmas, a correção de eventuais erros, enfim, tudo isso somado ao fato que todos também precisam organizar e preparar suas aulas, pois o exercício do cargo não prevê a liberação da carga horária em sala de aula. A nossa assembleia fez algumas indicações importantes, e entre elas, majoritariamente apontou como sendo de três semanas o período mínimo entre a realização dos semestres letivos. Além do aspecto administrativo, há uma razão pedagógica para isso. Para o professor, em muitos casos, a disciplina não se repete de um semestre ao outro, exige preparo e planejamento. Mas também para o estudante, é fundamental o tempo de decantação e elaboração das informações e do conhecimento novo.
Um outro fato que nos obriga a reflexão foi a manifestação negativa de muitos estudantes durante a sessão do CEG a respeito da reivindicação absolutamente legítima dos professores que fosse garantido o período mínimo de férias para que se iniciasse o novo ano letivo. É possível compreender a situação limite e a grande ansiedade que esse período de pandemia vem trazendo, assim como reconhecemos que já são meses de ausência de uma resposta mais definida para a sociedade sobre o nosso funcionamento. Mas a forma muitas vezes excessivamente jocosa e pouco respeitosa com que o assunto foi tratado pelos estudantes, nos chats durante as reuniões do CEG, nos acende um sinal de alerta sobre como estão sendo vistos e tratados direitos básicos, conquistados há muito, sobre as condições mínimas de trabalho. Férias não são privilégio, em nosso contrato de trabalho, as atividades de ensino respondem por 50% de nossa carga de trabalho, e parte dela não foi suspensa, como a orientação de IC, mestrado e doutorado. Ou seja, a sala de aula corresponde à parte menor de nosso trabalho, que não deixamos de cumprir nesses tempos de pandemia. Portanto, não podemos ter nenhum constrangimento em afirmar que as nossas férias são um aspecto fundamental para a garantia da qualidade de nosso trabalho.            
Por tudo isso, nos dirigiremos mais uma vez ao CEG, composto em sua ampla maioria por docentes eleitos por nós, para que tenham nesse momento a necessária escuta, que tenham sabedoria para equilibrar suas deliberações, garantindo, de um lado, o cumprimento de nosso papel social que é o ensino de graduação, e de outro, o respeito às condições mínimas de trabalho de todos nós. Insistimos que se esses problemas forem equacionados de forma justa numa resolução, maior tranquilidade teremos para realizar nosso trabalho, num ano letivo já tão comprometido pelo enorme desarranjo provocado pela pandemia da Covid-19.

Diretoria da AdUFRJ

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