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É verdade que podemos reclamar de tudo nessa pandemia, menos de tédio. Para quem está acompanhando a vida da universidade nesses meses de distanciamento social, não teve um único dia sem que alguma coisa nos mobilizasse fortemente. Provocações diversas nos impediram de abandonar o estado permanente de vigilância, de granadas a falsos currículos, o governo despejou um verdadeiro arsenal de maldades e mal feitos cujo objetivo parecia mesmo nos levar à exaustão. Mas indo além da barulhenta e pouco eficiente batalha ideológica, ele saca agora sua cartada maior: redução linear de 18% no já restrito orçamento das universidades públicas. Acompanhado de cortes semelhantes nas instituições de fomento e agências de pesquisa. Para 2021, de partida, na Lei de Diretrizes Orçamentárias, vemos o resultado mais que palpável do negacionismo e da postura anticonhecimento que caracteriza o governo federal. Essa é a tarefa urgente e necessária para os próximos dias, pressão unitária e incansável de toda a sociedade para que o orçamento seja recomposto. Temos precedentes que nos animam, pois vencemos batalhas importantes no legislativo, impedindo que o estrago em 2020 tivesse sido de proporções ainda mais trágicas do que temos hoje.
É nesse contexto de adversidades, em que a nossa unidade se faz urgente e inadiável, que atravessamos uma semana de muita discussão sobre o futuro do PLE. O seu adiamento pelo CEG na quarta-feira desencadeou uma vasta discussão, de tal forma que iniciamos a semana com uma reunião inédita de coordenadores de curso com a AdUFRJ. Foi uma primeira experiência, mas que apontou novos caminhos para o enfrentamento de todas essas questões. A reunião, composta por docentes dos mais variados centros, deu a noção exata do tamanho do problema que temos pela frente: a implantação do PLE nas diversas unidades da UFRJ foi encaminhada de modo muito diverso, resultando numa cobertura de disciplinas e vagas disponibilizadas bastante heterogênea. Seja qual for o resultado a ser definido pelo CEG, não será uma decisão fácil e trará consequências para a vida acadêmica das unidades envolvidas.
A pressão que se exerce hoje para a definição urgente do novo calendário letivo se distingue em pelo menos três “camadas”: a primeira é a de caráter interno e acadêmico, diz respeito aos programas de pós-graduação que estariam com seus cursos descompassados em relação ao calendário da graduação, gerando assim uma possível perda dos melhores alunos, que optariam por universidades cujos calendários estão mais organizados. Isso valeria também para os cursos de graduação, que levaria muitos a escolherem outra universidade cujo calendário fosse mais próximo do real. A segunda, é interna e externa ao mesmo tempo, porque são os estudantes que reclamam por mais vagas e pela oferta imediata de disciplinas obrigatórias. Dissemos que interna e externa ao mesmo tempo porque também suas famílias se envolvem nessa demanda. Já surgiram denúncias não só na nossa ouvidoria, mas também na CGU e no Ministério Público, que já acionaram a universidade. E a terceira diz respeito ao fato de que vivemos uma situação de risco permanente, com um governo abertamente inimigo das universidades e seu ambiente de liberdade.
O estatuto da Autonomia existe para que a universidade possa se proteger da tutela exterior aos seus princípios, mas não pode ser invocada para que voltemos as costas às demandas da sociedade. A equação não tem solução fácil, e esse é o desafio da semana. O que faremos? A proposta que está na mesa apresenta uma compactação dos próximos 3 períodos e coloca sobre os ombros do trabalho docente uma responsabilidade muito alta, gerando mais de um ano de trabalho ininterrupto. Não seria tão complicado se estivéssemos vindo de um período de grande inatividade, mas isso não condiz com a nossa realidade. Ao contrário, é comum o relato de que estamos trabalhando ainda mais do que em períodos normais, dedicando horas a fio em exaustivas atividades virtuais. As demandas são reais, em sua maioria legítimas, mas o preço a ser pago parece muito maior do seria justo exigir. Mas onde está a medida justa? Qual solução responderá com mais equilíbrio a esses desafios? Até o fechamento dessa edição não havíamos encontrado uma proposta que nos agradasse, e o próprio CEG também não estava seguro para afirmar qual deveria ser a melhor saída, e por isso mesmo, nada votou. Não há fórmula mágica, nem remédio milagroso. Por isso mesmo, o que se exige nesse momento é o máximo de engajamento e participação de todos nas discussões que já se iniciaram. Será a orquestração de todas as vozes que nos permitirá vislumbrar a melhor saída. Pois então, que venha mais uma semana de desafios!

Diretoria da AdUFRJ

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