facebook 19
twitter 19
andes3
 

filiados

A nossa batalha é pela vida

WEBABRE1130Enquanto fechávamos a edição passada do nosso jornal, ia ao ar a gravação da fatídica reunião ministerial de 22 de abril. O maior paradoxo da recepção daquelas imagens foi termos a sensação de que ali não havia nenhuma novidade, acompanhada de um verdadeiro horror pela confirmação indiscutível do que temos dito desde que o governo Bolsonaro tomou posse: somos nós o seu inimigo. E o ministro da Economia não hesitou nem um segundo para dizer que estava tudo bem, pois já havia colocado em nossos bolsos uma granada. A tônica da reunião ministerial seguia o líder: tiro, porrada e bomba. No decorrer da semana, a gravação foi sendo digerida e suas consequências foram sendo percebidas. O inacreditável aconteceu, porque em tempos normais não se concebe que uma decisão praticamente unânime do Senado, que confirmou a decisão do Congresso de colocar os profissionais da educação ao lado dos profissionais da saúde, excluindo-os do congelamento dos salários dos servidores públicos, fosse vetada pelo presidente da República. Não há surpresa, porque é dessa forma que temos sido tratados desde a sua posse, mas é grave sinal de desprezo pela democracia. Da balbúrdia às plantações de maconha, as universidades públicas brasileiras vêm sendo alvo dos mais torpes ataques de quem ocupa o cargo de ministro da Educação. Entretanto, os cortes de verbas orçamentárias e suspensão de benefícios não foram capazes de silenciar a pesquisa científica nem mesmo impedir a assistência à saúde da população. Junto com a Fiocruz e tantas outras instituições de pesquisa no país, foi possível construir ações, produzir dados e enfrentar uma verdadeira guerra contra o negacionismo presidencial.
Sim, durante a semana ficou evidente que a guerra não é retórica. Ela está sendo anunciada, preparada... E só há uma grande tarefa para todos nós: é preciso deter essa máquina de destruição na qual se transformou o governo federal. E se eles estão se preparando, nós também precisamos nos preparar. Se a pandemia exige o nosso distanciamento social, a defesa da democracia e da vida nos obriga a construir laços mais fortes de solidariedade e unidade política. Não fugiremos ao nosso dever histórico. A última sessão do Conselho Universitário já demonstrou que teremos energia e coesão interna para isso. Após duas semanas de intenso debate e muitas divergências, o colegiado máximo da UFRJ se debruçou de forma colaborativa e responsável sobre a Resolução que irá orientar o trabalho na universidade durante a pandemia. Seriedade, senso de justiça, equilíbrio, respeito à legislação e fortalecimento da autonomia universitária: não houve quem desafinasse ou fugisse a esse diapasão. O caminho pode ser mais difícil e demorado, mas a UFRJ mais uma vez respondeu com o aprofundamento da democracia e o fortalecimento das decisões colegiadas.
02WEB menor1130Os dias estão difíceis. O país caminha para a vergonhosa marca de 30.000 mortos e 500.000 contaminados pelo coronavírus, com ministro da Saúde interino. Não descansaremos um só dia, ainda que já comecem a ensaiar uma nova campanha contra a universidade, tirando o fantasma do Future-se, que havia sido recolhido ao armário, e voltando à carga com a farsa de um ensino à distância como panaceia para resolver a grave crise que enfrentamos, e enfrentaremos daqui para frente. Assim como não compramos a cloroquina, não cederemos a um projeto de precarização de nosso trabalho e barateamento da formação de nossos estudantes. A diretoria da AdUFRJ compreende a necessidade da construção de novos métodos e soluções que utilizem plataformas digitais, sistemas on-line, programas e aplicativos diversos. Essa nova realidade será enfrentada com a mesma dignidade e coerência que demonstramos na regulamentação do trabalho remoto: haverá divergências, embates, discussões. Construiremos uma saída ética e política, que não abandone os estudantes, que responda com criatividade, responsabilidade e firmeza, sem abrir mão da qualidade do ensino.

Diretoria da AdUFRJ

Topo