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“Não vamos nos tornar o que não desejamos ser”

 

WEBABRENão vale tudo numa disputa eleitoral. “Não entramos nessa disputa para nos tornar aquilo que não desejamos ser. Não importa o que digam ou façam, falaremos do que nos interessa”. A lição é da ex-decana do Centro de Letras e Artes, Samira Mesquita, lembrada pela nova presidente da AdUFRJ, Eleonora Ziller. O Salão Pedro Calmon, na Praia Vermelha, ficou lotado de professores, estudantes, técnicos e autoridades da UFRJ e de fora dela, que foram prestigiar os novos integrantes da gestão e do Conselho de Representantes.
Festejando o retorno ao movimento sindical, Eleonora fez um discurso emocionado. “Conheci a AdUFRJ ainda estudante, quando seu presidente era Joel Teodósio. A greve de 1984 me formou. Ainda me lembro da primeira Universidade na Praça, que aconteceu na Quinta da Boa Vista. Foi lá que entendi o que era a universidade pública, sua grandeza e complexidade”.
A docente prometeu empenho em sua gestão para que o movimento docente na universidade seja “combativo, sem ser sectário”. “Um movimento que seja capaz de envolver a maioria dos professores e com isso dar cor e forma poderosa às nossas reivindicações. A universidade está mais viva do que nunca”, afirmou.
Citando Drummond, a docente pediu unidade: “O presente é tão grande, não nos afastemos. Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas”.
A professora Maria Lúcia Verneck Vianna, que se despediu do cargo de presidente da seção sindical, abriu a cerimônia citando Milton Nascimento: “Chegar e partir são dois lados da mesma viagem”, disse. “Estou emocionada. Saio triste, mas esta tristeza se alivia com a alegria de ver amigos dando continuidade ao nosso trabalho”.
A dirigente falou do legado de seu mandato, com a manutenção de um amplo envolvimento dos professores nos dois últimos processos eleitorais da AdUFRJ. “No pleito de 2015, dos 3.607 associados, 1.501 votaram: 41,6% do eleitorado. De lá para cá, este percentual manteve-se em torno dos 30%, mais que o dobro dos índices anteriores a 2015”.
Os desafios em seu mandato, segundo a professora, se resumiam a “assegurar a paz e pintar-se para a guerra”. “Assegurar a paz era dar continuidade ao trabalho iniciado pelo grupo liderado por Tatiana Roque e Carlos Frederico Rocha (na gestão 2015-2017). Significava buscar convergências no compromisso com a universidade pública e gratuita”.
A guerra, de acordo com Maria Lúcia, consistia em dar respostas à conjuntura cada vez mais truculenta. “As universidades públicas se converteram em objeto de obsessão destrutiva bolsonarista”, comentou.
A resistência, pontuou, “é também enfrentar silenciosas batalhas na construção de alianças”. Como exemplos, ela citou aproximações da AdUFRJ com entidades científicas, organizações de classe e a busca de apoio no parlamento. Lígia Bahia, que encerrou seu mandato como vice-presidente da Seção Sindical, complementou a lista: “Participamos de todas as atividades do Andes. O contato com associações de outros estados confluiu para a criação do Observatório do Conhecimento”.
Maria Paula Araújo, 1ª Secretária da Adufrj na gestão recém-encerrada, falou das ações internas do mandato. Ela destacou atividades realizadas no IFCS/IH, como o debate em resposta ao assassinato da vereadora Marielle Franco, o Circuito pela Democracia e o ato por Memória, Verdade e Justiça, em agosto. “Este ato aconteceu em resposta à ofensa do presidente Bolsonaro à memória do estudante Fernando Santa Cruz”.
Felipe Rosa, que se despede do cargo de 2º tesoureiro e assume a 1ª vice-presidência na nova diretoria, agradeceu aos integrantes da antiga direção os aprendizados e também aos funcionários da Adufrj. Christine Ruta, 2ª vice-presidente, reforçou o pedido de Eleonora, por unidade. Jackson Menezes, 2º tesoureiro, celebrou o fato de esta gestão ter um docente de Macaé como integrante da diretoria da Adufrj. Pedro Lagerblad, 1º secretário, pediu que os professores esqueçam as divergências e busquem construir uma universidade fortalecida internamente. Marcos Dantas, 2º secretário, salientou que o momento histórico exige criatividade para enfrentar os desafios. Já Josué Medeiros, 2º tesoureiro, é o ‘caçula’ da nova diretoria e celebrou seu terceiro dia dos professores como docente da UFRJ.

Conselheiros defendem união contra ataques à educação

Professores eleitos para o Conselho de Representantes da AdUFRJ têm a expectativa de um grande trabalho a partir da união de diferentes grupos da UFRJ.
Olavo Amaral, do Instituto de Bioquímica Médica, está pela segunda vez seguida no conselho. “Existe uma polarização interna que ficou clara nas eleições da AdUFRJ e da reitoria neste ano. Há muita coisa contra vinda de cima e é preciso construir uma unidade, como ocorreu na manifestação de 15 de maio”, disse.
Maria Matos, do Colégio de Aplicação, afirmou que, apesar de o CAp ser mais ligado à oposição da AdUFRJ, existe disposição para o diálogo. “A expectativa é conseguir montar um grupo mais unido e coeso para construir a resistência aos ataques à educação e à ciência”, afirmou. Ela espera que a nova gestão traga o conselho aos debates, promova mais assembleias e mobilize docentes para “pensar ações concretas, se aproximar do Andes e se articular com universidades e movimentos sociais”.
Silvana Allodi, do Instituto de Biofísica, chamou atenção para a proposta do governo de fundir Capes e CNPq. “Esta vai ser uma grande plataforma de luta. Tudo que foi feito de bom está sendo destruído e nada é colocado no lugar.” (Ana Paula Grabois)

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