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A primeira atividade promovida pela AdUFRJ durante a Jornada de 48 horas em Defesa da Educação e da Ciência foi o debate sobre o “impacto tecnológico da privatização do setor de energia”. O evento expressou a desaprovação de especialistas à política econômica do ministro Paulo Guedes.
O professor Luiz Pinguelli Rosa, diretor de Relações Internacionais da Coppe, afirmou que é preciso contestar as ações do ministro da Economia. “Temos a ideia de fazer aqui uma resistência. É um erro da esquerda focar no Bolsonaro e no Moro enquanto Paulo Guedes trabalha tranquilo”, avaliou. “Há pouca pressão sobre ele, que está executando a questão da privatização”, completou, citando a venda pela Petrobras da área de gás natural e da BR Distribuidora.
O professor Ildo Sauer, da USP criticou as reformas Trabalhista, previdenciária e tributária; o plano de privatizar estatais do setor elétrico e os ataques à Petrobras. “Das três áreas que estamos enfrentando, duas talvez estejam na ala do circo, do macaco Tião, do cacareco. O enfrentamento maior se dá na linha econômica; é o coração do debate”, alertou.
A liquidação do Estado foi ressaltada pela professora Esther Dweck, do Instituto de Economia da UFRJ. Para a economista, as reformas dos governos Collor e FHC “não chegam ao nível de destruição de agora”. Citou o quadro de reformas, teto de gastos do orçamento, abertura comercial em uma conjuntura de protecionismo, redução do conteúdo nacional na indústria do petróleo e fraco ritmo de retomada da atividade econômica.
“É a recuperação econômica mais lenta da história do país após uma recessão, com crescimento de 1% ao ano. Se continuar assim, a economia só vai recuperar em 2040 o nível de atividade que havia em 2014”. Na avaliação da professora, o atual governo promove a recuperação lenta para “propor soluções absurdas”, com uma taxa de desemprego alta e o aumento do trabalho informal. O discurso do governo, disse a economista, é que “a culpa da crise é do Estado e que é preciso destruir o Estado”, o que resulta em mais desigualdade. “Está ocorrendo uma destruição dos instrumentos de desenvolvimento inclusivo e soberano e em pouquíssimo tempo”, completou.
O baixo retorno das privatizações feitas no Brasil foi abordado por Roberto D’Araujo, do Instituto Ilumina. “De 1990 a 2006, foram US$ 106 bilhões ou R$ 450 bilhões. São apenas dois anos de renúncia fiscal. Nós não sabemos privatizar”, afirmou. Para o especialista do setor elétrico, a privatização também não respaldou o principal argumento de seus defensores, a redução da dívida pública. “A dívida pública era de 37% do PIB nos anos FHC e hoje é de 80%”, disse.
Já Luís Eduardo Duque Dutra, da Escola de Química, previu a Petrobras como futuro alvo de privatização. “Não tenho dúvida de que o atual governo pretende privatizar a joia da coroa, a Petrobras. A estratégia atual é enxugar, vender ativos e focar no pré-sal para daqui a três ou quatro anos vender para o capital estrangeiro”, afirmou. Para ele, a proposta de abertura comercial de Guedes é incoerente com o protecionismo e “a corrente ultraliberal que ele chefia é minoritária e ultrapassada”. Duque Dutra propôs três frentes de ação no setor de petróleo: a recuperação de petróleo em campos “maduros” – áreas mais antigas de exploração –, a compra de gás por distribuidoras e o investimento em pesquisa.

AdUFRJ AVALIA
“O debate mostrou convergência muito forte com a posição que a AdUFRJ vem defendendo e explicita em nosso jornal: o inimigo principal não é o Saci Pererê que está na Damares (Alves) ou no (Abraham) Weintraub”, disse a presidente da AdUFRJ, professora Maria Lúcia Werneck Vianna. “Ele está nesse projeto, um anti-projeto econômico e político de destruição. Um ponto fundamental é a destruição da universidade pública, gratuita e de qualidade. Resistir é também informar e, como professores, é assim que resistimos – produzindo e reproduzindo conhecimento, fazendo pesquisa e extensão”, completou.

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