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WhatsApp Image 2021 05 07 at 20.09.471Os cursos de Medicina e Odontologia da UFRJ foram autorizados pelo Conselho de Ensino de Graduação (CEG) a retomarem as aulas práticas presencialmente. A permissão, porém, é uma excepcionalidade. No caso da Odonto, foram liberadas apenas duas disciplinas para que 17 estudantes se formem. Já a Medicina ganhou aval para oferecer uma disciplina prática hospitalar para alunos do sexto período e outras quatro para estudantes do sétimo período. O oitavo período não foi incluído porque tem menor carga teórico-prática e conseguiu se adaptar mais facilmente ao ensino remoto. O retorno presencial é facultativo para o curso. Equipamentos de proteção individual serão fornecidos pelas duas unidades aos alunos, técnicos e docentes envolvidos nas atividades práticas.
Um ponto que pesou para a aprovação dos pedidos foi a vacinação do corpo social. Quase todos os profissionais de saúde da UFRJ estão imunizados contra a covid-19, assim como os estudantes que realizam ou realizaram estágios obrigatórios nas unidades de saúde. Os 17 formandos da Odontologia fazem parte deste grupo. A imunização é essencial para a segurança do retorno, já que diminui muito os riscos da atuação presencial na pandemia. “Esses alunos foram treinados para os protocolos de biossegurança durante o período de estágio e foram vacinados. Supervisores de clínica e todo o pessoal de apoio também foram imunizados em janeiro deste ano”, esclareceu a professora Geórgia Atella, conselheira do CEG e relatora do pedido de excepcionalidade da unidade.
Relatora da solicitação da Medicina, a professora Nathalie Henriques argumentou que, sem as aulas, os futuros médicos ingressariam no internato “sem saber como palpar um fígado, uma tireoide”, disse. “O que solicitamos são práticas clínicas, somente, para suprir a defasagem para estes alunos. É uma demanda dos estudantes e por isso a Faculdade de Medicina solicita a liberação da prática clínica dentro do Complexo Hospitalar da UFRJ”, explicou a docente. “Esses alunos não atuarão em áreas específicas de covid-19, mas em grupos pequenos, em outras áreas. Havendo recrudescimento da curva epidemiológica, as aulas serão suspensas”, garantiu.
A pró-reitora de Graduação, professora Gisele Pires, afirmou que o colegiado só se debruçou sobre os pedidos das duas unidades porque houve anuência dos GTs Coronavírus e Pós-Pandemia. “Fizemos reuniões desde quinta-feira ao longo do fim de semana e ambos concordaram que trouxéssemos ao colegiado essas duas demandas específicas”.
O GT Coronavírus é responsável pelas análises epidemiológicas ao longo da pandemia e por aconselhar a reitoria cientificamente. É coordenado pelo professor Roberto Medronho, ex-diretor da Faculdade de Medicina, favorável, desde o início, ao pleito dos estudantes. Já o Pós-Pandemia, que discute o retorno das aulas práticas, é coordenado pela professora Fátima Bruno, superintendente de Planejamento da PR-3. “Fizemos todo o mapeamento dos locais de aulas da Faculdade de Odontologia, mas não fizemos esse trabalho na Medicina, porque a unidade não nos enviou os dados necessários”, revelou. Sua equipe elaborou um plano de retorno para a UFRJ, que está em fase de análise pela reitoria.

Estudantes comemoram
“A aprovação do CEG foi uma vitória”, comemorou Pietra Alcantara, coordenadora geral do centro acadêmico de Medicina. “O ciclo clínico estava evoluindo sem essa carga prática, o que representa um risco inclusive para os pacientes que serão atendidos por esses estudantes”, argumentou. “São os períodos em que a pessoa aprende a lidar com o paciente, fazer os exames. É uma formação insubstituível, não se aplica ao remoto. Por isso, foi entendida a excepcionalidade”, explicou a aluna. A data de retorno ainda não foi decidida. “Ainda estamos em diálogo com a Faculdade de Medicina, para saber quando voltaremos presencialmente”.

Polêmica
Damires França, conselheira representante dos técnico-administrativos, afirmou que a bancada é contrária ao retorno presencial, mesmo que seja apenas de aulas práticas. “A última taxa de contágio divulgada pelo Covidímetro foi 1,43, risco de contágio ainda muito alto no Rio de Janeiro. Segundo o Conselho Federal de Enfermagem, a cada 19 horas perdemos um enfermeiro ou médico para a covid-19”, elencou. “Eu trago esses dados para mostrar o quanto precisamos proteger nossos futuros profissionais de saúde, mas também precisamos cuidar dos professores, dos técnicos e principalmente dos terceirizados que são mais vulneráveis e se expõem a um risco maior”.
Daniel de Augustinis, professor da Medicina de Macaé e representante do campus no CEG, pediu a retirada do ponto de pauta. Para ele, o ofício que embasa o pedido da Faculdade de Medicina deixa informações vagas. Ele defendeu que a questão do retorno das aulas práticas presenciais não é algo que se resume à Medicina, mas é do interesse de toda a universidade.
A professora Mônica Ferreira Moreira, representante do CCMN no CEG, sugeriu que o texto voltasse à Faculdade de Medicina para adequações. “Eu acho que o mérito está aprovado, mas precisamos normatizar esse pedido e os próximos que virão de outras unidades”.
Já a docente Luisa Arueira Chaves, suplente de Macaé no CEG, acredita que o pedido da Medicina abre precedentes para outros cursos. “É uma questão de isonomia. Vou defender retirar o ponto de pauta, porque considero que o pleito é muito diferente do pedido da Odontologia”.
Apesar das ponderações, houve ampla maioria na aprovação das duas solicitações.

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