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WhatsApp Image 2021 04 10 at 12.38.131A variabilidade genética do coronavírus é hoje um dos pontos centrais nos estudos sobre a pandemia da covid-19. Um dos fatores que mais preocupa médicos e pesquisadores é o aumento na taxa de transmissão em algumas dessas variantes. Em razão disso, as secretarias de Saúde do município e do estado do Rio de Janeiro estão desenvolvendo uma pesquisa de monitoramento genômico epidemiológico, para identificar a incidência de novas cepas do vírus na população fluminense. “Com esse projeto, a gente quer saber não só a circulação dessas variantes, mas também se as pessoas vacinadas podem ser infectadas ao entrar em contato com essas mutações do vírus”, explica o professor Amilcar Tanuri, chefe do Laboratório de Virologia Molecular da UFRJ, que integra o projeto.
Amilcar conta que as primeiras amostras já foram colhidas, e agora estão na fase de validação, devido ao uso de um novo kit de sequenciamento. “A gente está fazendo uma pesquisa a nível estadual e municipal para ter amostras de 15 em 15 dias da distribuição e circulação dessas variantes”, aponta o virologista. Além da UFRJ, a pesquisa também conta com a parceria do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), do Laboratório Central Noel Nutels (Lacen-RJ) e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), e é financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj).
“O objetivo é a gente sequenciar o maior número possível de genomas encontrados por pelo menos seis meses, e acompanhar essa evolução do vírus no Rio”, descreve Ana Tereza Vasconcelos, pesquisadora do LNCC. Ela coordena a Rede Corona-ômica RJ, que reúne 36 pessoas de diferentes instituições e busca entender, por meio da genética, como o novo coronavírus se comporta e afeta a população fluminense. “Essa rede, que começou no ano passado, já sequenciou mais de 500 genomas no estado. Mas agora vai ser um trabalho mais abrangente, porque vamos ter acesso a amostras de toda a região”, comenta. Segundo ela, para cada coleta quinzenal serão sequenciados 484 genomas. A rodagem dos primeiros genomas deve ocorrer já na segunda quinzena de abril.
O processo se inicia com o Lacen-RJ, que seleciona amostras de testes RT-PCR positivos, proporcionais à quantidade de habitantes de cada uma das cidades do estado. Essas amostras são enviadas para o Laboratório de Virologia Molecular da UFRJ, onde o RNA delas é extraído. Em seguida, esse RNA é enviado para o LNCC, que faz o sequenciamento do vírus. “Esse é um processo em que a gente faz a identificação das mutações e a caracterização das linhagens, junto com os dados epidemiológicos dos pacientes de quem foram extraídas as amostras”, descreve Ana Tereza. O resultado dessas análises é informado para as secretarias de Saúde do estado e do município, mas também é liberado em bases de dados públicas para uso da comunidade científica internacional.
“O mais interessante é a gente identificar aquelas variantes de preocupação, que têm apresentado maiores taxas de transmissibilidade, como a P1, de Manaus, e a B.1.1.7, da Inglaterra”, diz a pesquisadora. Ana afirma que a rede de pesquisa já identificou também outras variantes, como a P2, que tem uma mutação capaz de levar ao escape do sistema imunológico. “A gente pega aleatoriamente o genoma e tenta identificar as mutações que estão surgindo, ou quais linhagens estão ficando mais predominantes. Aí as secretarias de Saúde do município e do estado vão poder fazer políticas públicas a partir dessas informações”, ressalta. Com os recursos adicionais fornecidos pela Faperj, o estudo desenvolvido pela Rede Corona-ômica RJ poderá sequenciar uma quantidade muito maior de genomas em um curto espaço de tempo.
“A Faperj lançou cinco editais na área de covid-19 ano passado, totalizando R$ 75 milhões de investimento”, lembra Jerson Lima, presidente da fundação. Professor e pesquisador no Instituto de Bioquímica Médica da UFRJ, Jerson destaca que a Rede já vem sendo financiada desde então, mas que as mutações da doença implicaram na necessidade de se impulsionar esse acompanhamento. “Infelizmente, com a alta taxa de infecção do vírus, a tendência é continuarmos a ter mais variantes. A única maneira de se haver controle sobre isso é realizar o sequenciamento. Para fazer essa vigilância genômica, a gente precisou incluir um recurso adicional, de R$ 825 mil, nesse projeto”, completa.

DADOS / FIOCRUZ

•Não se sabe ao certo quantas variantes circulam no mundo. Pelo menos 92 cepas já foram encontradas no Brasil.

•As variantes que mais preocupam especialistas, pela maior taxa de transmissibilidade, são:

•P1
(variante amazônica), já encontrada em 21 dos 27 estados do país;

•B.1.7.7
(variante britânica), já encontrada em 13 dos 27 estados do país;

•B.1.351
(variante sul-africana), primeiro caso no Brasil foi confirmado pela USP em Sorocaba (SP) em 4/4/21.

DADOS /BUTANTAN

•Confirmada eficácia de 50% da vacina CoronaVac em casos da variante amazônica, após aplicação da primeira dose.

•Após a verificação de eficácia da 2ª dose, espera-se que esse percentual suba ainda mais.

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