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Diretoria da AdUFRJ

WhatsApp Image 2021 01 22 at 11.22.12Era já esperado que em janeiro houvesse um certo recrudescimento contra o governo Bolsonaro. Aqueles que apoiaram o governo de extrema-direita por considerarem a escolha de 2018 “difícil” sonham com um eventual governo Mourão, mais dócil aos seus projetos, e intensificam a campanha pelo impeachment do presidente. Também muitos vão se enchendo de coragem com o adeus de Trump à Casa Branca. Mas foi a hecatombe sanitária de Manaus que deixou o país em estado de alerta, pois a irresponsabilidade negacionista e o “tratamento precoce”, acrescidos da negligência e inoperância dos governos, geraram uma tragédia sem precedentes em nossa história. Mas, apesar do desgaste crescente, faltam muitos lances até o xeque-mate.
Embora seja óbvio para a comunidade científica o grau de responsabilidade do governo federal nas dificuldades que enfrentamos para a importação dos insumos necessários para a produção de uma quantidade satisfatória de vacinas para imunização em larga escala, essa dimensão ainda não é evidente para uma parcela da população. Nem mesmo a responsabilidade direta do governo nas mortes evitáveis por ausência de oxigênio no norte do país. Parece ser uma questão de tempo para que tudo seja compreendido e digerido pela população, mas a máquina de fake news ainda está ativa, apesar de ter sofrido alguns pequenos reveses.
O jogo pesado mesmo está na Câmara, com a movimentação para a eleição do seu novo presidente. É ali que estão sendo jogados os lances principais que poderão viabilizar ou não a abertura do processo de impeachment. Muito dinheiro e muitos cargos distribuídos, um terreno que Bolsonaro conhece bem, pois foi lá, no chamado baixo clero, que ele fez escola ao longo dos seus trinta anos de vida parlamentar. E, enquanto ele nada de braçada nesse ambiente, entre as chamadas forças progressistas e de esquerda ainda reina a divisão.
Para a nossa sobrevivência, como categoria profissional e mesmo como instituição, é vital derrotar o projeto de destruição nacional que está em andamento. E parece que esse sentimento vem ganhando força entre as diversas correntes que atuam no movimento sindical e nos movimentos sociais. Sábado teremos uma demonstração disso. O Comitê em Defesa da Vida reúne uma boa parte das entidades da área da Educação, que, desde as manifestações de 2019, vem trabalhando de forma unificada no estado do Rio de Janeiro. Um sentimento de urgência toma corpo e impulsiona ações unificadas, superando as divergências. Se pudermos transformar tudo isso em energia nas ruas, aí teremos a entrada em cena do protagonista que falta. A maioria da população ainda está apenas assistindo a tudo. Campanhas sobre a importância da vacina são hoje tão importantes quanto demonstrar o quanto este governo deixou de cumprir. E que deixou de cumprir porque é incompetente sim, mas principalmente porque sempre escolheu os piores caminhos, vendeu ilusões de um “tratamento precoce”, isolou-se internacionalmente e estimulou a desconfiança da população contra as únicas possibilidades de enfrentamento da pandemia, que são o uso de máscaras e a vacinação em massa.
Não estamos diante de um falastrão inofensivo. Ninguém homenageia em público um torturador sem ter em si próprio o desprezo pela vida e a dor do outro.
Que as vítimas de Manaus não sejam esquecidas, que sejam a lição mais dura a ser aprendida por todos nós. E que as imagens das primeiras aplicações da vacina na UFRJ nos tragam a confiança necessária para as batalhas que virão e a certeza da importância de cada um de nós nesse momento. Vida longa ao SUS e viva a universidade pública brasileira!

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