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WhatsApp Image 2020 11 20 at 23.03.04O Período Letivo Excepcional acabou no dia 16 só para as aulas. Na prática, professores ainda correm contra o tempo para corrigir provas, lançar notas e organizar o próximo semestre letivo, que já começa em 30 de novembro. Mesmo exaustos, os docentes também também avaliaram a inédita experiência do ensino remoto para o Jornal da AdUFRJ, na segunda matéria da série sobre o PLE.
“A impressão é de um trabalho sem fim”, disse a professora Marta Castilho, do Instituto de Economia, que corrigia provas, um dia após o fim do PLE. “Saio deste semestre cansada, mas feliz. Os alunos, desde o início, ficaram muito contentes em voltar às aulas”. A docente, porém, se ressentiu de mais infraestrutura para o ensino remoto. “Por exemplo, de melhores programas, mais orientação. Mas o saldo foi positivo”.
Marta entende que a experiência do PLE preparou alunos e colegas para o que ainda está por vir. E serviu para dar uma “chacoalhada” na forma de lecionar. “Vamos levar algumas inovações quando voltarmos ao presencial. Isso pode nos ajudar a incluir outras ferramentas e formas de organizar os cursos”, afirmou.
O Instituto de Psicologia adotou a estratégia de direcionar o PLE para os concluintes — quem estivesse com até 32 créditos para acabar o curso — e semiconcluintes (até 48 créditos). Entre os 1.011 alunos da unidade, 290 se inscreveram no período. Diretora de graduação do instituto, a professora Ana Cunha explica que a decisão tomou como base a resolução do CEG que dava prioridade no PLE ao grupo de potenciais formandos. Mas isso não quis dizer que houve poucas aulas. “Todas as disciplinas foram oferecidas. Muitas vezes, o aluno que está se formando precisa de disciplina do primeiro período, do segundo período”, disse. “E houve uma adesão maciça dos professores, que foram muito colaborativos”. O balanço da iniciativa ainda está em andamento.
O instituto também criou um grupo de trabalho para pensar estratégias pedagógicas para o ensino remoto, que começou a se reunir em julho. De olho no próximo período, o GT já prepara um documento com recomendações aos professores. Mas Ana não esconde sua preocupação com 2020.1. “Grande parte dos alunos entrará agora de forma remota. Se já tivemos problemas de acesso no PLE, com um grupo menor, imagina agora. A política de benefícios da UFRJ não conseguiu dar conta de todos os alunos”, disse.

ECO: DISCIPLINAS
COMPLEMENTARES
A Escola de Comunicação enfatizou, no PLE, a oferta de disciplinas complementares. E vai inverter a tática nos períodos regulares de 2020.1 e 2020.2, com ênfase nas obrigatórias. “As complementares são muito atrativas. Raríssimas turmas tiveram vagas ociosas”, disse o diretor de graduação da ECO, professor Sandro Tôrres. E 95% do corpo docente aderiu às aulas remotas.
“No meu balanço, foi excelente a ideia do PLE. Houve problemas de calendário, mas serviu de balão de ensaio para alunos e professores”, afirmou. Entre os docentes, vários devem manter as práticas descobertas no ensino remoto, quando for possível a volta ao ensino presencial. Entre os alunos, o aprendizado é quanto à dosagem do tempo: os que se matricularam em muitas disciplinas, sentiram a carga pesada demais e fizeram trancamentos. “Quem pegou oito disciplinas, no 2020.1 vai pegar quatro ou cinco.”
O curtíssimo período entre o PLE e 2020.1 recebeu duras críticas do dirigente da ECO. “Esse calendário, para a área administrativa, é péssimo. Quinze dias é muito pouco para colocar o curso na rua”, afirmou. Sandro apontou outra incoerência da legislação aprovada na UFRJ: o prazo final de inscrições nas disciplinas do próximo semestre coincide com o último dia que o professor tem para lançar as notas do PLE: 27 de novembro. “E a nota é decisiva para o aluno definir o horário dele. Isso foi muito mal planejado”, criticou.
A unidade, que realizou uma pesquisa junto aos alunos antes do PLE, pretende fazer mais uma, agora de avaliação do período. “Como estamos sobrecarregados, provavelmente deve ser feita depois que 2020.1 começar”, concluiu.

EDUCAÇÃO E LETRAS:
AVALIAÇÃO RIGOROSA
Já na Faculdade de Educação, a tarefa do momento é levantar os números e recolher relatos de docentes e alunos para fazer uma avaliação rigorosa do PLE. “Temos de fazer a apreciação com base em dados. Faz parte da prudência. Somos os cientistas da Educação”, afirmou a coordenadora de graduação da Pedagogia, professora Silvina Fernández.
A unidade, desde o início da pandemia, formou um grupo de trabalho de planejamento e organização das ações. “No GT, organizamos formulários com várias questões, um para discentes, um para docentes”. O objetivo é saber como cada segmento atravessou o semestre letivo. “Não é definitivo, mas pode dar pistas do que deu mais certo, do que deu menos certo, do que seria necessário reforçar”.
A Faculdade de Letras saiu na frente: os docentes divulgaram uma carta de avaliação com várias críticas ao período excepcional, no dia 10. A professora Luciana Salles, que integra o Conselho de Representantes da AdUFRJ, informa que um dos pontos mais urgentes da carta são as férias “que nos foram ‘roubadas’”. “Não só pela questão do descanso (e estamos todos exaustos), mas também pela questão de preparação dos cursos”, argumentou. “É humanamente impossível preparar um novo período em duas semanas, sobretudo numa faculdade que atende mais de quatro mil alunos de graduação”, completou.
Outra demanda urgente tem relação com os professores substitutos que, segundo a carta, além dos gastos altos, salários defasados e carga horária elevada, vivem sob a ameaça de cancelamento dos contratos.

AdUFRJ, DCE e Sintufrj analisam semestre remoto

Necessário, mas com muitos problemas. As entidades representativas de professores, estudantes e técnicos-administrativos são unânimes na caracterização do Período Letivo Excepcional.
“Com todas as dificuldades, foi melhor fazer do que não fazer”, afirma a presidente da AdUFRJ, professora Eleonora Ziller. “É sempre bom lembrar que a universidade não parou, mas a graduação é o nosso vínculo primeiro com a população. Foi melhor ter vivido a experiência e de alguma forma retomar o contato com os alunos”.
A AdUFRJ procurou ampliar um dos recessos do calendário remoto para minimizar o desgaste da comunidade acadêmica, mas o Consuni rejeitou a solicitação. “Temos absoluta convicção de que os professores precisariam de pelo menos mais uma semana. Apesar de ser um tempo pequeno e insuficiente, já seria um período mínimo para os procedimentos administrativos e para os docentes respirarem um pouco”, completou Eleonora.
Antônia Velloso, do DCE, também considera que o PLE deveria ser realizado, mas poderia ser conduzido de outra forma. “Eu acho que foi uma medida necessária. Não existe oficialmente uma previsão para a gente voltar (ao ensino presencial). Mas, na nossa opinião, foi pouco dialogada e poderia ser melhor aplicada”, disse.
Como exemplo, a representante estudantil critica a conturbada oferta de vagas no início do PLE. Aluna do sexto período da História, Antônia perdeu as duas primeiras semanas de aula até conseguir a inscrição em algumas disciplinas. Ela também criticou o fato de os alunos precisarem se deslocar até a universidade para receber os chips de auxílio ao ensino remoto. E que alguns enviados pelos Correios até hoje não chegaram ao destino.
Antônia já recebeu relatos de estudantes reclamando de muitas avaliações realizadas no curto Período Letivo Excepcional, além de professores que não gravam as aulas. “Das minhas quatro disciplinas, só um dos professores gravava”, observou. Para o próximo período, a preocupação dos estudantes é que nem todas as disciplinas sejam ofertadas. “O PLE, de uma hora para outra, foi aprovado como parte integrante de 2020.1”, observou.
Damires França, coordenadora de Educação do Sintufrj, tratou dos impactos do período remoto no cotidiano dos servidores. Deslocados para casa pelas regras do isolamento social, os funcionários das secretarias acadêmicas sofrem para dar conta das demandas administrativas sem a devida infraestrutura. “Creio que a maioria dos trabalhadores não tem os equipamentos e internet boa. Eu mesma tive que pegar um laptop emprestado”, disse.
Também representante suplente dos técnicos-administrativos no Conselho de Ensino de Graduação (CEG), Damires acompanhou de perto a discussão do calendário acadêmico remoto. A coordenadora do Sintufrj lamentou os curtos recessos entre os períodos. “Vamos ter que trabalhar nos fins de semana. Calendário apertado sobrecarrega as secretarias acadêmicas”, disse.

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