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A greve deflagrada pelos professores da rede básica particular já é vitoriosa. O prefeito Marcelo Crivella recuou da decisão de reabrir as escolas neste dia 10. Agora, pela nova decisão, a rede de ensino municipal e privada pode reabrir – em caráter “voluntário” – a partir do dia 1ª de agosto. A indicação anterior de retorno precoce às atividades, ignorando o descontrole da pandemia no Rio, fez a sociedade reagir. Nas redes sociais, famílias e profissionais de ensino abraçaram campanhas contra o retorno de crianças e adolescentes às salas de aula durante a pandemia. No sábado, 4, mais de 600 profissionais participaram de assembleia virtual histórica, em que decidiram não retomar o trabalho presencial até que seja seguro para professores, estudantes e famílias. Logo após, no dia 7, saiu o primeiro resultado concreto da pressão: decreto do governo estadual manteve suspensas as aulas em todas as escolas no estado até o dia 21 de julho. “A pressão da categoria e a nossa assembleia tão representativa fez com que o prefeito recuasse. É uma vitória do sindicato, sem dúvidas”, comemorou Gustavo Henrique Cornélio,w diretor do Sinpro-Rio, sindicato que representa os professores das escolas particulares.
 “Não há condições de segurança. A greve vem defender a categoria para não trabalhar sofrendo pressão de seus patrões. É uma greve pela vida”, afirmou Elson Paiva, também diretor do Sinpro-Rio.
As atividades remotas, porém, continuam. “Queremos voltar ao trabalho presencial. A experiência da pandemia me ensinou que aula remota não substitui aula presencial. Mas eu não posso arriscar vidas”, afirmou o professor Gustavo. “Está na mão da Ciência dizer quando este retorno será seguro. Por enquanto, vamos continuar em aulas virtuais”, declarou.
Todos os profissionais do grupo de risco estão orientados a apresentarem laudo médico indicando sua condição de saúde em caso de convocação das escolas. O Sinpro-Rio lembra, ainda, que nenhum profissional pode ser demitido durante a greve e promete acionar a Justiça do Trabalho e o Ministério Público, em caso de constrangimento a profissionais. “A greve foi deflagrada para proteger os professores que se recusarem a voltar e, assim, evitar demissões”, afirmou Gustavo.
Outra assembleia está marcada para o dia 1º de agosto. Presidente da AdUFRJ, a professora Eleonora Ziller dá total apoio à greve dos colegas. “Nós estamos acompanhando toda essa mobilização desde o seu início, somos signatários do manifesto em defesa da vida, junto com dezenas de entidades da área da educação e da saúde”, afirmou a docente. “Essa greve tem um caráter muito diferente das lutas salariais, pois vai além do interesse estrito dos professores. É um gesto de proteção também às famílias envolvidas, e à sociedade como um todo, pois é sabido e comprovado por inúmeros estudos epidemiológicos que as escolas devem ser as últimas a retornarem suas atividades presenciais”, defendeu Eleonora.  

90% apoiam greve
A decisão de não voltar às escolas foi apoiada por 90% dos professores que acompanharam a assembleia. Mas também é aprovada por quem não participou da reunião. Marcelo Veck é professor de História. Dá aulas para o segundo segmento do ensino fundamental e para o ensino médio em quatro escolas privadas do Rio. Ele teme um retorno precoce. “Descobri que nasci com uma doença renal, o que me coloca no grupo de risco”, revelou o professor, de 36 anos. “Perdi um aluno de 15 anos, que era do grupo de risco. E mesmo os que não são podem transmitir a doença para seus familiares. Como vai ser o recreio? Qual o protocolo para o bebedouro? É possível garantir que os alunos ficarão de máscara o tempo todo? Eu entendo que em algum momento teremos que voltar, mas ainda não entendo como”, desabafou.
Ele contou que as escolas em que trabalha estão estudando formas para retorno das aulas, mas nenhuma sinalizou a volta imediata. “Apenas uma se posicionou sobre o retorno presencial, mas somente em agosto. Outras três ainda não se manifestaram sobre uma data”, disse o professor.
Entre tantas incertezas para as aulas pós-pandemia, ele destaca algumas: “Uma de minhas turmas tem 47 alunos. Como voltar com todos? Ou como fazer um rodízio, como me sugeriram, com três grupos de 16 e 15 estudantes? Como passar conteúdo presencial desta forma e organizar, para os demais, os conteúdos on line? Na prática, trabalharei três vezes mais que agora, que já é muito mais do que antes da pandemia”, afirmou. “Só para montar uma apresentação de 40 minutos, para apenas uma aula, eu gasto em média três horas”.
Os desafios em relação às aulas virtuais e também no trato com estudantes e famílias são muitos. “Mesmo na escola privada eu tenho estudantes que não têm banda larga em casa, não têm computador. Os que têm muitas vezes possuem famílias que acham que nós não estamos trabalhando. Em uma das apresentações de slides que gravei, o meu cachorro latiu e não tinha como refazer. Recebi a ligação de um pai reclamando”, elenca.

 

 

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