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O Jornal da Adufrj mantém uma seção para homenagear professores que foram grandes referências na universidade. Nesta edição, fazemos uma homenagem à vida e obra do professor Fernando Pamplona, ex-docente e ex-diretor da Escola de Belas Artes da UFRJ

Arthur Bomfim
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“Pamplona era um intelectual que acolhia o conhecimento, a pluralidade dos conteúdos, transgridia o tempo”. As palavras de Ronald Teixeira, ex-aluno de Fernando Pamplona, demonstram a grandeza do mestre. Hoje professor de cenografia da Escola de Belas Artes, Teixeira afirma que Pamplona foi responsável por formar gerações de carnavalescos. O docente foi professor e diretor da EBA, é reconhecido por abrir as portas da WEB menorPAMPLONAacademia para a cultura popular. Ele revolucionou o carnaval ao transformar a avenida, em 1960, com o enredo campeão “Quilombo dos Palmares”, do Salgueiro.

A carnavalesca Rosa Magalhães também deve sua formação a Pamplona. “A cultura popular era muito presente em suas aulas e ele nos trazia temas que nos deixavam impressionados”, conta. “Ele tinha muita experiência profissional e passava isso aos alunos. Nos chamava para fazer trabalhos e, assim, ajudou a inserir muita gente no carnaval”.

Nascido no Rio de Janeiro, em 26 de setembro de 1926, Fernando Pamplona precisou refugiar-se, ainda criança, com o pai, no Acre, após o Golpe de 1930. Lá, teve contato com a riqueza folclórica da região. Para Helenise Guimarães, professora da EBA cujas pesquisas de mestrado e doutorado são inspiradas em Pamplona, a infância no Acre foi fundamental para dar ao docente a experiência que transbordava em aula e no carnaval.

“Ele tinha a cultura dos orixás, do negro, do folclore, e levou isso para a escola de samba. Sua formação tem um interesse pela prática da cultura popular, uma bagagem que ele trouxe do Acre”, observa Helenise. “Pai da revolução estética dos desfiles das escolas de samba, ele olhava para os diferentes segmentos sociais como importantes para o carnaval”, analisa. “A figura do profissional carnavalesco está calcada na imagem dele”, completa a professora.

Pamplona passou a vida dividido entre duas escolas: a de Belas Artes, da UFRJ, e a Unidos do Salgueiro, pela qual era apaixonado. Da EBA, tornou-se docente em 1957, quando recebeu da universidade o título de Notório Saber. Entre os anos de 1986 e 1990, foi diretor da unidade.

“Pamplona deixou um legado pela aproximação com o carnaval na Escola. Foi responsável pela formação de uma geração de carnavalescos, além de trazer muitos professores que tinham ligação com o carnaval para vir dar aulas aqui”, conta Madalena Grimaldi, atual diretora da EBA. “Os cursos de cenografia e indumentária formaram a mão de obra direta de carnavalescos e, até hoje, temos muitos professores que trabalham no carnaval”, disse.

Em outubro de 2016, quando o prédio da reitoria foi atingido pelo incêndio, professores da Escola de Belas Artes voltaram a ocupar o “Pamplonão”, um ateliê de arte criado durante a gestão de Pamplona. O incidente reavivou a moticação pela criação do espaço. “Nesta sala, as aulas de indumentária aconteciam em um único ambiente. Cada professor tinha seu grupo de alunos ao redor de uma mesa e não existiam paredes”, relembra Ronald Teixeira. “Era um sentido de fronteira aberta, porque a gente coexistia e podia usufruir das outras aulas. Entendi o desejo de Pamplona de fazer uma escola sem paredes, representada por aquele grande ateliê”.

Fora do mundo da academia, Pamplona trabalhou como cenógrafo, no carnaval, decorando as ruas da cidade do Rio. Em 1959, foi convidado a participar do júri das escolas de samba. Foi quando se encantou pelo Salgueiro.

Como carnavalesco, assinou 13 enredos. Doze deles de sua escola do coração. Foi campeão com quatro, levando o Salgueiro ao hall das grandes agremiações: “Quilombo dos Palmares”, em 1960; “História do Carnaval Carioca”, em 1965; “Bahia de Todos os Deuses”, em 1969; e “Festa para um Rei Negro”, em 1972.

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