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Lucas Abreu e Elisa Monteiro
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Diante da epidemia do novo coronavírus, a UFRJ confirma seu papel de centro de excelência e se apresenta para o desafio. O Hospital Universitário já tem três leitos (que podem chegar a oito) separados para pessoas que sejam daignosticadas no Rio de Janeiro. Além disso, a reitoria articulou um grupo de trabalho multidisciplinar para atuar junto a comunidade científica. Tudo isso sem perder de vista questões que são mais urgentes aos brasileiros, como o ressurgimento do sarampo, doença que havia sido erradicada, mas voltou nos últimos dois anos, e teve quatro casos registrados no HU em 2020.

“O HU, como centro de referência no tratamento de doenças infecciosas, estará à disposição da Secretaria Estadual de Saúde para receber qualquer eventual paciente resistrado no estado”, explicou o professor Alberto Chebabo, diretor médico do hospital. “Eles ficarão isolados e receberão tratamento para os sintomas, que é a única maneira de tratar a nova doença até o momento”.

O grupo de trabalho é composto por nove docentes e coordenado pelo professor Roberto Medronho, epidemiologista e ex-diretor da Medicina. Além de atuar com o SUS na assistência hospitalar, “especialmente nos casos mais graves”, como explicou Medronho, também pode realizar colaboração acadêmica e protocolos de pesquisa. “Estamos criando um grupo de pesquisadores para estudar este novo vírus e soluções relacionadas a novos kits diagnósticos, a eventual novo tratamento antirretroviral. Além de contribuir para a busca de uma nova vacina”, conta.

O cronograma do grupo inclui reuniões semanais, e já há uma demanda da reitora Denise Pires: a criação de uma cartilha informativa para todos os funcionários explicando o que é o coronavírus e como se prevenir.

A contribuição sobre diagnóstico no grupo de trabalho virá do professor Amílcar Tanuri, chefe do Laboratório de Virologia Molecular, do Instituto de Biofísica, onde já estão disponíveis testes para a detecção do novo vírus. Especialista em estudos de genética e virologia, Tanuri atuou na Rede Zika Paulo de Góes, que combateu a epidemia da doença. “A ideia da comissão é municiar a UFRJ, tanto na parte clínica, como também orientando a comunidade acadêmica”.

Nomeado de Covid-19 pela Organização Mundial de Saúde, o novo vírus é da mesma família da Sars. Detectado primeiro na China, o vírus já infectou 75 mil pessoas em 28 países, e matou 2.014. Os dados são divulgados por um mapa digital que atualiza os casos de contaminação, curados e mortos pela doença.

VOLTA DO SARAMPO
O novo vírus não chegou ao Brasil, mas o país enfrenta a volta de uma doença que foi dada como erradicada em 2016. O sarampo ressurgiu com casos registrados a partir de 2018. Naquele ano foram mais de 10 mil diagnósticos positivos, 333 no estado do Rio. A epidemia avança. Apenas no primeiro mês de 2020, já são 154 casos confirmados, com uma morte. A primeira em 20 anos no estado.

Uma das principais explicações para a volta do sarampo é a diminuição do percentual de vacinados. “O sarampo tem uma capacidade de contágio alta”, explica o professor Chebabo. “Com a diminuição da cobertura de vacinação, o vírus encontrou espaço para se espalhar”.

Para ele, uma das razões para o reaparecimento da doença é a aparente sensação de que estava tudo bem. “Depois de 20 anos de registros próximos de zero, é possível que as pessoas tenham se descuidado”.

O professor Medronho também aponta o papel de movimentos antivacina e o desmonte de políticas públicas de imunização. “Há muitos boatos sendo espalhados sobre vacinas pela internet, um desserviço para a saúde pública”, explica o médico. “Mas nos últimos anos nós também vimos um afrouxamento das políticas públicas de prevenção, o que inclui campanhas de vacinação de crianças”.

São elas as principais afetadas pela doença. Em 2019, o Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG) teve 11 crianças com a doença. No HU houve um caso. “O paciente tinha um quadro agudo de sarampo, e foi internado para acompanhamento”, conta a professora Terezinha Marta Castiñeiras, do Serviço de Doenças Infecciosas e Parasitárias (DIP) do hospital. “Veio daí a nossa recomendação de que houvesse um adicional da dose da vacina para os estudantes e profissionais de saúde”, explica.

Para quem quer se imunizar, a UFRJ oferece o serviço no Centro de Vacinação de Adultos, no CCS. O centro funciona em convênio com a prefeitura WEB menorVACINAdo Rio, de onde recebe as vacinas que são distribuídas pelo Governo Federal. O CVA está acompanhando a campanha de vacinação de sarampo promovida pelo Ministério da Saúde.

Desde que começou a campanha, o centro viu aumentar a procura pelas vacinas tríplice e dupla viral, que imunizam contra o sarampo. Seguindo recomendação da reitoria, também foi feita uma ação de vacinação no HU que atendeu 450 pessoas em dois dias.

O atendimento da CVA é aberto ao público. “Não há problema em tomar mais de uma vez a vacina para o sarampo”, explica Maristela Monteiro, cordenadora interina do centro, que também oferece outra vacinas como as da febre amarela e hepatite B. O centro funciona de segunda a sexta, das 8h às 16h.

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